sexta-feira, 23 de março de 2007

No Terraço Itália (ou Do Convite Aceito: EPÍLOGO)

(Atenção: Este é o epílogo de uma história em 7 partes. Para um melhor aproveitamento da leitura, recomendo a leitura do seguinte post que traz os links paratodas as partes da história da nossa heroína - Camila)
São, São Paulo meu amor
São, São Paulo quanta dor
São oito milhões de habitantes
De todo canto em ação
Que se agridem cortesmente
Morrendo a todo vapor
E amando com todo ódio
Se odeiam com todo amor
São oito milhões de habitantes
Aglomerada solidão
Por mil chaminés e carros
Caseados à prestação
(São, São Paulo – Tom Zé)

--A noite estava terminando para ele. Já desfrutara a vista e a cozinha do Itália. E estava revigorado. Sempre tinha essa sensação quando ía lá. Era o seu lugar preferido quando estava triste. Sentia-se mais perto do céu. Ou quarenta e quatro andares mais distante dos homens. Não sabia ao certo o que era mais importante naqueles momentos. Mas, sempre funcionava.
--Não conseguia mais suportar a pressão da vida na cidade. Nada a fazia diminuir. Tinha a impressão de ser observado em todas as suas atitudes e em todos os lugares por onde passava. Andando pela Paulista sentia-se acompanhado por cada uma das janelas de cada um dos edifícios. Eram como monstros imensos, com milhares de olhos, dispostos a devorá-lo no primeiro movimento errado. Nunca dizia isso a ninguém. Nem o seu analista conhecia esses delírios com os prédios da Paulista. Era louco e infantil demais. Jamais assumiria.
--Enfrentava esse terror entrando num dos monstros mais aterrorisantes. O mais alto de todos. E com um fetuccine com lagosta como só havia no terraço do Itália.
--Já voltava para o interior do restaurante quando ela quase o derruba com uma pressa desesperada como a que ele nunca vira. Mil desculpas, disse ela, e, sou uma desastrada, nunca consigo ver as pessoas quando ando apressada e acabo provocando acidentes. Viu que ela lutava contra uma lágrima que dava mostras de que venceria a batalha e rolaria a qualquer momento.
--Ela foi até a borda da sacada. De lá olhava para o nada enquanto abandonava a luta contra as lágrimas. Foi até ela.
--Ela sentiu a aproximação dele. Falou algo sobre não ter nada além das desculpas para oferecer-lhe. E ele sentiu a sua fragilidade ainda mais patente. Perto dela, ele era como a torre do Itália. Não se concentrava mais no que ela falava, mas, conseguia enxergar os motivos para que aquele encontro estivesse acontecendo. Ela pediu-lhe um cigarro. Ele parara de fumar anos antes.
--Ela chorava mais, à medida que conversavam. Nem sabia se era conversa. Era muito mais um monólogo. Ela falava e ele colocava, em meio às suas desgraças, um ou outro barulho para indicar-lhe que prestava atenção ao que ouvia. Disse-lhe seu nome: Camila.
--Então ela falou o que ele precisava ouvir. Falou que não conseguia mais viver sem ele. Aquele maldito filho da puta que sempre a deixava prá depois. Que sempre tinha que estar com a mulher e com os filhos. Aquele maldito filho da puta que, agora, tinha que dividir com outro. As mãos e os carinhos do amante eram, agora, divididos com outro.
--O seu cérebro demorou um pouco até entender o que tinha acabado de ouvir. Não era possível. Mas, só podia ser. Tinha que ser. Era ela. Era com ela que sonhara em noites de intenso ciúme. A mulher, os filhos, a outra, o outro. Não. Não tem como ser coincidência. Sonhou com esse encontro desde que o conheceu. E agora, ele acontece. Sem planos. Sem script.
--E ele a amou. Impressionantemente, a amou. Sentia junto a ela o peso de trair. Sentia junto a ela a dor de ser abandonado e de ser trocado. Sentia junto a ela, lembrou-se de Kundera, a insustentável leveza de não ter ninguém para olhar por si.
--Mas, não sabia muito bem o que fazer. Procurou uma desculpa qualquer. Encontrou-a. Proferiu-a e a deixou sozinha no terraço.
--Saiu do edifício atordoado. Não sabia o que fazer. Não sabia como lidar com o que estava sentindo. Não esperava amá-la daquele jeito. Mas, amou-a.
--Não teve mais descanso. Voltou ao Itália todas as noites depois daquela. Passava horas no terraço, olhando para baixo, como se fosse possível identificá-la lá de cima.
Mas, a espera valeu à pena. Ele sabia que ela voltaria.
--Passou correndo por onde ele estava. Não o viu, tinha certeza. Parou bruscamente. Contemplava o infinito como da primeira vez. Ela veio para completar o que deixara incompleto naquela noite. O ar angustiado era demasiado claro em seu rosto.
--Ela o viu. Mais uma vez, sabia o que ela sentia. Sentia a segurança que a sua presença lhe dava. Sentia que percebê-lo a contemplá-la a havia feito bem.
--Levantou-se e caminhou em sua direção. Quanto mais próximo mais o vento aumentava. Era como se alguém quisesse impedí-los. Caminhou decidido. Não podia mais voltar atrás. Viu o sorriso em seu rosto. E empurrou-a. A surpresa não a deixou reagir. Não ouviu os sons da queda.
--Estava em paz. Como há muito não sentia. Como nem tinha certeza se era possível sentir-se. Voltou ao restaurante. Olhou para o fetuccine e não o quis mais. Pediu a carta de vinhos. Escolheu um e pediu ao maître que escolhesse o prato que o acompanharia.
--Foi para casa e deitou. Dormiu o sono mais tranqüilo dos últimos anos. Sem que ela o viesse perturbar em seus sonhos de ciúme.
--Descansou!
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00000000000000Rubros abraços a todos!
000000000(a zeladoria manda beijos e abraços também... rsrsrs...)

quinta-feira, 22 de março de 2007

PROBLEMAS TÉCNICOS?


ESTAMOS CHEGANDO LÁ!

QUASE TUDO RESOLVIDO
E
EM BREVE
EU VOLTO!

AGUARDEM!!!

RUBROS ABRAÇOS!!!

terça-feira, 20 de março de 2007

PROBLEMAS TÉCNICOS


O blog tá me dando problemas que eu não sei como resolver.

Meus textos estão saindo com a formatação que eu não quero e não adianta esforço para consertar, ele não ajuda.

Se algum voluntário quiser me dar um layout novo e me ajudar a resolver essas pendegas, eu gostaria muito.

segunda-feira, 19 de março de 2007

DO CONVITE ACEITO


ATENÇÃO, PESSOAS!
A história "Do Convite Aceito", como já falado mais abaixo, escrita em sete partes e por várias mãos, está chegando aos seus momentos decisivos. Para faclitar a vida dos leitores, queridos, aí vai uma lista com os links para todas as partes da história, ok?
Fiquem atentos aos próximos movimentos surpreendentes que essa trama está tomando!
Abraços!!!

sexta-feira, 16 de março de 2007

B2 - MEMORIZE

- PUTAQUEOPARIU! CADÊ O MEU CARRO?
---
(Três minutos atrás)
---
- Ah, tá ali o segurança. Vou falar com ele.
- Nádia Maria, mantenha a calma. Eu tenho absoluta certeza que sei onde o carro está.
- Mantenha a calma? Mantenha a calma, Caio César? É exatamente isso que você diz desde que a gente pisou nesse estacionamento. Foi só o que você disse.
- Não foi só o que eu disse.
- Ah, não... você também disse: “eu tenho certeza que sei onde o carro está”!
- Pare de gritar, Nádia Maria.
- Eu grito quanto eu quiser, Caio César.
- Pare de me chamar de Caio César.
- Você começou me chamando pelo meu nome duplo. Você sabe que eu detesto o meu nome duplo. E faz isso só prá me provocar.
- E eu detesto quando você duvida de mim. Vivo lhe dizendo isso.
- Mentira.
- Tá vendo, vai começar.
- Eu não tou duvidando de você, Caio César. Eu estou lhe desmentindo.

(Param de andar)

-
Olha, Caio, eu juro que não quero brigar com você.
- Eu também não, Ná. Essa vida corrida... esse monte de gente dentro desse shopping... o clima abafado dentro do estacionamento...

(Se abraçam. Dão as mãos e voltam a andar)

-
Tá, Caio... como é que você sabe que o carro está aqui perto.
- Já duvidar de novo?
- Não, meu fofinho... eu só quero saber como você tem certeza.
- Tá vendo aquele Corcel creme ali?
- Tou
- Quantos Corcéis creme você tem visto andando pelas ruas ultimamente?
- Ah, eu não entendo muito de carr...
- Pelamordedeus, Nádia Maria. A pessoa não precisa entender de carro prá saber que num tem muito Corcel circulando por aí.
- Você sempre me colocando prá baixo, né, Caio César? Eu não tenho obrigação de saber por que raios não tem mais Corcel na rua. Eu nem sei o que raios é um Corcel.
- Pare de gritar, Nádia Maria. Tá todo mundo olhando prá você.
- E o que me importa quem está olhando?
- Nád...
- Não se atreva a me chamar de Nádia Maria de novo. Eu volto prá casa da mamãe, está me ouvindo?
- Deixa de exagero, Nádia Mar...
- Exagero? Deixa eu começar a exagerar, Caio César. Aí você vai ver o que é bom prá tosse. Quer saber? Não dou mais nenhum passo. Vou colocar os presentes do casamento da chata da sua irmã bem aqui no chão (PAH!) e vou me sentar ao lado deles.
- O que é isso, Nádia? Tá querendo aparecer, é?
- Claro que não, benzinho... você não reclamou que eu estava gritando, que eu estava sendo histérica...
- Eu não falei... quem falou em histeria, Nádia?
- Vou ficar por aqui. Só levanto quando você chegar com o carro do meu lado. Acho que vou até aproveitar o clima de relaxamento que está rolando por aqui para praticar o meu yoga.
- Eu tou indo embora, ouviu?

(Alguns instantes depois)

-
PUTAQUEOPARIU, CADÊ O MEU CARRO?
- Caio César, eu tinha jurado que não ia levantar, mas, você tá fazendo escândalo.
- Escândalo é o cacete. Roubaram o meu carro.
- Caio César, o segurança ainda está ali, vamos falar com ele.
- Com licença, senhor. Aconteceu alguma coisa?
- Não... não aconteceu nada. Eu grito assim prá extravasar as energias negativas.
- Caio César... o rapaz só tá sendo gentil, coitado.
- Coitado do dono da empresa de segurança que vai ter que pagar um carro novo prá mim.
- Senhor, o senhor já procurou o seu carro em todos os pisos?
- Ah, isso ele fez. Eu sei, porque eu tenho uma varize aqui na perna, de família, ela... e dói demais quando eu tenho que andar muito...
- Vai ficar mostrando as pernas prá todo mundo, mesmo, querida?
- Caio César, você não me provoca que eu ainda não estou muito bem com você.
- Senhor, eu vou pedir para dar uma busca no seu carro nos outros pisos...
- Mas, é claro que não vai encontrar. O meu carro ficou aqui, ao lado desse Corcel creme aqui... porque eles sempre vão embora e deixam a gente falando sozinho?
- Caio César... a gente foi no primeiro piso?
- Claro que não. Eu tenho certeza que a gente dobrou à direita depois que entrou no estacionamento e subiu uma ladeirinha. Portanto, no primeiro piso, o carro não pode estar.
- Com licença, senhor. O carro do senhor encontra-se no primeiro piso
- Você tem o quê, Caio César?
Depois desse dia, eles fizeram um acordo implícito. Ela sempre encontraria com ele na porta da frente do shopping, depois que ele pegasse o carro no estacionamento. Em troca, ele nunca mais a chamaria de “Nádia Maria” quando estivesse com raiva.

DO CONVITE ACEITO (IV)

Essa história em sete partes começou em São Paulo, com a Lu Longo, fez uma pequena curva por lá mesmo, para ser continuada pela Tita-Tróia. De lá, uma acentuada curva para o sul, deu a Lala Flores a responsabilidade pela terceira parte. Agora, a história viaja 3.148,44 quilômetros (números do Google Earth) e chega a Natal, para que esse humilde escriba a continue. O que você lerá aqui, é a quarta parte dessa história. Para pegar o fio da meada, favor passar antes pelos adoráveis blogs acima.

O táxi parou em frente ao Edifício Itália. Camila tirou o dinheiro da bolsa e o entregou ao taxista. Via nele o olhar cúmplice. Tinha certeza que ele não havia esquecido aquela história de Soninha sei-lá-o-quê. Mas, pouco importava. Afinal, hoje à noite, ela estaria nos noticiários, mesmo.

Não podia subir muito alto. Tinha que ficar ao alcance das câmeras. E tinha que conversar com o povo. Se ela conseguisse a simpatia do povo pela sua causa, pelo seu amor, as coisas ficariam bem mais fáceis. É parece que aquela janela aberta será perfeita. Só tem que convencer o dono da casa a deixá-la usar. Enfim, tinha que subir e tinha que pular. Se não conseguisse naquela janela, tentaria com o vizinho.

Enquanto caminhava para a entrada do prédio pensava nele. Por que tinha que tomar as decisões mais drásticas por causa dele? Ele poderia ter feito o que dizia que faria desde que se conheceram. Mas, as crianças. Sempre as crianças. E os problemas psicológicos da mulher. Se importava muito pouco com os pestinhas ou com a loucura da mulher. Porque, na loucura dela, ninguém pensava.

E se voltasse atrás? Se chegasse lá em cima, fizesse todo o estardalhaço e desistisse? Ficaria completamente desmoralizada em rede nacional. Não. Estava resolvido. Tinha chegado longe demais prá desistir. Agora ela pularia.

Mas, e se não pulasse? É... sempre sobra a possibilidade de assumir a alcunha que o motorista do táxi lhe havia dado. Como era mesmo? Soninha Vulcão. Estava resolvido. Ou pula ou vira puta. Das duas formas faria com que ele se arrependesse de não ter feito o que deveria.

Atenção, leitor. A partir de agora, essa história será continuada por alguém cuja identidade não conheço ainda. Acompanhe os próximos capítulos da história da Soninha Vulcão/Camila nos comentários do blog, até que se defina quem fará a parte 05/07!

Abraços a todos!

quinta-feira, 15 de março de 2007

B2 - MEMORIZE!

Aqui jaz um texto extremamente divertido, protagonizado por Nádia Maria e Caio César, que por falta de miolos do autor, acabou natimorto.

Mas, eu dou a minha palavra de honra.

Estava engraçado.

sexta-feira, 9 de março de 2007

DE ÍNTIMO PECADO OU DA CHAVE DE OURO - Por Luciana Longo

Ele acha que só faz o que quer. Ela pensa que ele faz o que acha querer. Talvez a razão não esteja com nenhum dos dois. E nenhum deles nunca parou para pensar nisso. Ainda acham que um sempre está certo (ele, ele; ela, ela). Mas a razão não tem dono nem parada. É nômade.
000
Ele se decidiu. Cruel, não escolheu data nem hora. Num impulso animal, deu a notícia. Um reflexo medular o fez dizer o veredicto. Tudo decidido, não cabia mais explicação. Perda de tempo seria esmiuçar o inexplicável. E ela que aceitasse. Sofresse se pudesse. Calasse o peito antes que explodisse.
0000
Não havia pressa nas burocracias que se seguiriam. Tudo bem, podia ficar, podia dormir, podia até gritar. Tinha era de deixar claro que estava tudo muito claro. Tinha de aceitar. Não havia pergunta. Havia decisão. Aquilo tudo tinha sido começado por dois. Mas acabava unilateralmente. Ela que entendesse.
00
Os pés cansados dos malditos saltos ficaram mudos; não era momento de incomodarem. Os cabelos brilhantes e penteados não ousavam se arrepiar. As lentes de contato ressecadas puseram-se no seu lugar e se calaram. O vestido balonê da moda parecia um espartilho antigo. Subia-lhe até o pescoço, comprimia-lhe a garganta. Precisava livrar-se daquilo.
00
Aquela camisa de mangas longas e quentes, motivo de reclamação constante, não era sentida. O sapato de couro novo já não lhe apertava o quinto dedo. O cinto que ele odiava usar até parecia frouxo. Liberdade da alma libertava o corpo.
00
Sua mente processava tudo e ela não compreendia nada. A palavra final era aquela. Ponto. Precisava livrar-se daquele vestido. Daquele maldito cabelo repuxado e preso. Daquele salto. Daquelas lentes grudentas. A vela ela guardaria. O porquê exato disso ela não sabia. Mas a dor havia de ser marcada pela cera da vela que um dia ela reacenderia e queimaria até o fim. Reviveria o inesquecível dia do seu aniversário.

UM MOMENTO, DUAS MÚSICAS!

[b]ANORMAL[/b]
Pato Fu

Rádio ligado
Troco estações porque
Não sei o som que você
Pode odiar
No supermercado
Eu tento escolher
O mesmo sabor que você
Deve gostar
Se é que conheço você
Só de te observar
Posso apostar que não vai
Me decepcionar
Mais que anormal
Eu devo ser
Pra ver você
Em todo lugar
Dentro do quarto
Vejo comerciais
Qual vai te convencer
Que ainda estou lá
No supermercado
Tentando escolher
O mesmo sabor que você
Deve gostar
Se é que conheço você
Só de te observar
Posso apostar que não vai
Me decepcionar
Mais que anormal
Eu devo ser
Pra ver você
Em todo lugar
Pra ver você
Em todo lugar
Mais que anormal
Eu devo ser
Pra ver você
Em todo lugar


[b]VIDA DIET[/b]
Pato Fu

A gente se acostuma com tudo
A tudo a gente se habitua
E até não ter um lugar
Dormir na rua
A tudo a gente se habitua
Me habituei ao pão light
À vida sem gás
O meu café tomo sem açúcar
E até ficar sem comer
Sem te ver
A gente custa mas se habitua
Sem giz, sem água
Sem paz, sem nada
Não vai ser diferente
Se eu me for de repente
Se o céu cai sobre o mundo
E o mar se abrir
Em um inferno profundo
Se acostumou sem querer
Ao salto alto
Salário baixo, à vida dura
E até ficar sem tv
É bom pra você
Televisão ninguém mais atura

domingo, 4 de março de 2007

MÁXIMA

"Todo escritor é, por natureza, um mentiroso"
(Ariano Suassuna)