domingo, 9 de setembro de 2007

Alter-Nando Leituras

Boas horas, amigos...


Voltando, um pouco, às origens desse blog e relembrando bons tempos (homenageando uma amiga, também) vai aí um pouco de escrito dos outros. Hoje, temos uma das maiores poetas da língua portuguesa (não gosto de usar "poetisa". Parece-me que cria uma categoria à parte e que, só entre as mulheres, ela seria grande, o que não é, em absoluto, verdade): Florbela Espanca!

A poesia de Florbela é de uma beleza incrível. Como não sou bom para ler poemas, não sou bom para analisá-los. Então, gosto daqueles que me fazem ver coisas bonitas, que me provocam (e que evocam) belas imagens. Florbela me faz isso. Acho que isso é poesia! O que vem aí é um soneto que está na "Antologia de Poetas Alentejanos".

Deleitem-se!

Horas rubras

Horas profundas,lentas e caladas

Feitas de beijos sensuais e ardentes,

De noites de volúpia, noites quentes

Onde há risos de virgens desmaiadas…

Ouço as olaias rindo desgrenhadas…

Tombam astros em fogo, astros dementes.

E do luar os beijos languescentes

São pedaços de prata p’las estradas…

Os meus lábios são brancos como lagos…

Os meus braços são leves como afagos,

Vestiu-os o luar de sedas puras…

Sou chama e neve branca misteriosa…

E sou talvez, na noite voluptuosa,

Ó meu Poeta, o beijo que procuras!