A poesia de Florbela é de uma beleza incrível. Como não sou bom para ler poemas, não sou bom para analisá-los. Então, gosto daqueles que me fazem ver coisas bonitas, que me provocam (e que evocam) belas imagens. Florbela me faz isso. Acho que isso é poesia! O que vem aí é um soneto que está na "Antologia de Poetas Alentejanos".
Deleitem-se!
Horas rubras
Horas profundas,lentas e caladas
Feitas de beijos sensuais e ardentes,
De noites de volúpia, noites quentes
Onde há risos de virgens desmaiadas…
Ouço as olaias rindo desgrenhadas…
Tombam astros em fogo, astros dementes.
E do luar os beijos languescentes
São pedaços de prata p’las estradas…
Os meus lábios são brancos como lagos…
Os meus braços são leves como afagos,
Vestiu-os o luar de sedas puras…
Sou chama e neve branca misteriosa…
E sou talvez, na noite voluptuosa,
Ó meu Poeta, o beijo que procuras!