terça-feira, 20 de fevereiro de 2007

VOCÊ E EU

Por: Pedro Raoni

Se teu olhar puder ver...
meus olhos, alegres, brilharão.
Se tua boca puder sentir..
meus lábios contentes sorrirão.
Se em tua mão puder tocar..
meus dedos nunca a soltarão.

Mas se um dia não puder ver, sentir,
tocar. Meu olhar guardará,
minha boca acalmará, minha mão esperará.
Para que um dia volte a te encontrar,
sem me preocupar no abismo em que vou estar,
sem parar pra pensar,
por onde
os outros vão andar
O que falar? na verdade de olhar,
apenas espera... o mar se acalmar,
as ondas baterem, mas no meio
a tempestade,
não mantive minha promessa de impedí-la,
e deixei que percorrestes meu rosto,
por completo e pouco tempo,
pois logo em seguida,
meus lábios mostraram o branco
de minha boca,
um presente teu que ninguém poderá tirar,
meu oásis,
distante e presente na minha vida,
de modo que acalma qualquer
tempestade sem ao menos perceber,
a magnitude de tua importância
caminhar ao meu lado.
Em teus olhos, um mar noturno,
em que quero mergulhar.
Em tua boca, uma fonte delicada,
de minha curiosidade me leva a ti.
Das tuas mãos, veludo,
suave como uma rosa,
que me tranqüiliza e me faz
dormir,
sonhar e
acordar.
Pétala.

NA AREIA DA PRAIA


domingo, 11 de fevereiro de 2007

ELA

Ela sabia que ele iria embora. E não queria deixar. Lutava com todas as suas forças para que ele não quisesse ir. Mas, era inevitável. Soubera isso desde a primeira vez em que o sentiu dentro dela. Sabia que ele se entregaria violentamente. Que se deixaria abusar, ter as carnes rasgadas cada vez que ela o sentisse entre suas pernas, que seria abusada. Ela sabia tudo isso.

Todas as vezes que estiveram juntos sentiu a urgência com que o seu corpo exigia que o dele estivesse lá. Queria sentir o suor que lhe escorria pingando em seu rosto. E o sabor de seus suores misturados. Guiar sua mão até que tocasse sua alma. Sentí-lo onde achava jamais sentiria. Onde nem sabia que existia prazer. Mas ele sabia. Tocava-a com uma maestria que a fazia, muitas vezes, duvidar se ela conseguiria fazer melhor.

A ponta de seus dedos em seus mamilos e, de lá, deslizando suavemente pela sua barriga e chegando aos seus pêlos. Lá se sentiam à vontade. Como se estivessem em sua terra pátria. Como se apenas assim atingissem seu objetivo último. Moviam-se e acertavam em cheio o que lhe pediria caso conseguisse verbalizar o que quer que fosse. A língua passeava pela sua boca, tocava seus dentes, sua língua, seus lábios; e de lá saía. Rondava-lhe o rosto e provocava arrepios que quase a faziam gritar quando chegava ao seu ouvido. Inundava-a com a sua saliva e com os sons do seu prazer.

Abria os olhos enquanto era beijada. Queria vê-lo. Queria conservar a feição dele enquanto a tomava. Os olhos fechados sempre e um meio sorriso nos lábios. A barba por fazer que sempre arranhava a pele e os cabelos que lhe pendiam da testa enquanto estava sobre ela. E era sempre assim. Essa imagem se repetiu em sua frente todas as noites dos últimos 489 dias. E em outros momentos também. Fechava os olhos e via.

Não. O seu corpo não agüentaria ser abandonado. Suas coxas não se acostumariam à falta dele. Suas unhas precisavam de suas costas. O seu gozo não viria sem o seu dono. E cada vez que ele saía era como o prenúncio da partida final. Não podia deixá-la. Não podia deixá-lo ir. E ele não dizia nada.

O pior é que ele não falava nada. A não ser para reclamar de seu silêncio. Ela gritava o tempo todo. Mas, ele não a ouvia. O relacionamento deles estava condenado à mudez. Os discos dele estavam sempre tocando. Talvez por isso ele não a ouvisse. Ou não prestasse atenção ao que dizia.

E ela quis dizer tanta coisa. Quis falar do desejo. Quis falar do prazer. Quis falar do coador de café que estava ficando cada vez mais imprestável por causa da borra que ele deixava juntar. Quis falar dos frutos que eles poderiam, juntos, colher. Quis falar do filho que, por ele, abrira mão. Simplesmente para continuar sentindo o seu gozo a invadí-la. Simplesmente para que não parasse de tocá-la. Para que não a trocasse por nada.

E ele não lhe deu ouvidos. Ele nunca lhe deu ouvidos. E iria embora.

Juntou os discos que tanto odiou ouvir nos últimos 489 dias. Ela ficaria sem ele. Ele ficaria sem a voz dela que julgava ouvir através dos malditos discos. Queria atirá-los todos pela janela. Resolveu não fazê-lo. Levaria todos. Não lhe deixaria nada. Negaria toda e qualquer lembrança dela que ele quisesse ter, assim como ele lhe negara o direito de amar um homem e de ser amada por ele.

Olhou uma vez mais para o apartamento. Percebeu que ía sem sofrimento. A dor de não tê-lo era incomparavelmente menor que a de ver que os últimos 489 dias foram passados sob um homem que era seu objeto. E que lhe fizera objeto. Demorou até que notasse que não era isso que queria dele. Mas, o que queria, ele não podia lhe dar.

Saiu pisando lentamente como se para evitar que o barulho dos seus passos ainda ecoasse quando ele voltasse. Fechou a porta. Duas voltas com a chave na fechadura.

Estava feito.
Virou-se para a escada e sorriu. Nem em seus pensamentos mais íntimos conseguiria encontrá-lo novamente. Sabia disso. E estava feliz!

ALTERNANDO LEITURAS!

Domingo, dia de ALTERNANDO LEITURAS. O blog tá parado. Crise criativa - hahahaha - mas, eu estou voltando aos poucos. Hoje tem uma pausa nas besteiras que eu gosto para postar um texto que me enviaram e outro que não deixa de ter o espírito do ALTERNANDO.

Primeiro, Raphael Lacerda, um cara que eu conheci no começo do ano passado e tornou-se um grande amigo em pouquíssimo tempo. Compartilhamos conversas, risadas, reclamações, agonias, felicidades, vícios, leituras, filmes, pizza, apostas e, até, trabalhamos juntos.

Pois bem, ele escreveu esse texto e o mandou para mim. Eu, agora, partilho-o com Vossas Senhorias. Volto ainda hoje!

Trágica crônica/Crônica trágica.


“Era uma vez, a vez que não era”, pensou “Ele”, iria ser apenas uma vez (infelizmente desse trágico fato “Ele” ainda não sabia). Os dedos se orientam e buscam metáforas para descrever um fato (fato que Eu, autor, ainda não faço a mínima idéia do que seja). Mentira! Sei que é trágico (isso é o que fala o parêntese anterior. Aliás, que tanto parêntese para escrever um só parágrafo!).
Até o presente momento sei pouca coisa! (que, antecipadamente digo, evitarei enumerar ou classificar, tendo em vista que não é meu objetivo tornar ainda mais enfadonha e cansativa essa leitura, e sem falar na hipótese de que Eu entre em contradição inúmeras vezes por causa desses “benditos” parênteses!).
Trata-se de uma crônica, uma trágica crônica como explica os parágrafos/parênteses anteriores. Tal crônica possui três personagens. São eles: a) Eu (o autor) b) Você (Leitor) e c) “Ele” (até o momento não sei nada sobre “Ele”, mas acho que “Ele” não pode ficar bem. Acho até que isso é fácil de deduzir, pois Você tem indícios fortes sobre isso no título e pelo pouco que me conhece sabe que Eu não estou de brincadeira).
Sobre o fim da crônica (antes de falar sobre fim dessa crônica, que mal tem começo e nem sonha em ter um meio, gostaria de pedir desculpas pelos diversos parênteses que se sucedem e por não conseguir ficar muito tempo sem enumerar ou classificar algo) também não sei muito, mas sei que termina assim: “--Guardem as fábulas para as crianças! Os adultos não sabem o que é bom...”.
Dito isso, acho que posso continuar!Acho que não! (são três da manha do dia quatro de fevereiro de 2007, estou cansado e com sono, não estou dando a mínima importância para o que Você vai achar se Eu parar agora de escrever, e menos ainda, para o que vai acontecer com “Ele”. Nesse caso, na falta de coisa melhor, vou dormi).

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2007

BESTEIRAS QUE EU GOSTO - PARTE II

Drama

(Ou: Da conversa franca, violenta, decisiva, inconclusiva, falsa e floreada que tive comigo mesmo!)

- Não acredito que você falou isso!
- Pois, pode acreditar.
- E qual foi a resposta?
- Nada.
- Jura?
- Por tudo o que é mais sagrado.
- Também, quem manda você fazer essas coisas? Não queria pedir em casamento, logo, não?
- Mas, a intenção nem era essa. Aliás, estava longe de ser. Sim, porque, que eu gosto, eu gosto. Isso já não é mais segredo. Você acha que eu assustei?
- É muito provável. Daqui há pouco você convida para conhecer seus pais - hahahahahahaha
- Claro que não. Não tem nada disso... Tenho certeza que não foi essa a impressão que causei.
- E o programa na TV?
- Eu apenas lembrei. E comentei. Só isso... tão simples.
- E as mensagens que não voltaram?
- Não teve tempo, oras... ou você tá pensando que todo mundo é desocupado como você?
- Falta de tempo... sei...

- Eu não vou mais conversar com você, não. (levanta, vira de costas e sai)

- Pode ir... você não consegue viver sem mim, mesmo (dá uma risadinha cínica)

- Bufa, resmunga... (bate a porta violentamente)

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(Já não é mais uma besteira)

Je Besoin Des Tes Yeux

A verdade é que eu amo.

Que amor é esse?

O que te apresenta a um mundo que você não conhecia.

E que faz querer ser brega e dizer tudo ao mesmo tempo

E em todas as línguas.

Faz o tempo passar mais

len-

to

l

en

t

o

Ou extremamente fast

Faz você dizer que quer.

E querer mesmo!

Você escrever coisas que você não sabe o que são.

Mas, lindas, por isso mesmo!