segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

A tua presença morena

A tua presença
Entra pelos sete buracos da minha cabeça
A tua presença
Pelos olhos, boca, narinas e orelhas
A tua presença
Paralisa meu momento em que tudo começa
A tua presença
Desintegra e atualiza a minha presença
A tua presença
Envolve meu tronco, meus braços e minhas pernas
A tua presença
É branca verde, vermelha azul e amarela
A tua presença
É negra, negra, negra
Negra, negra, negra
Negra, negra, negra
A tua presença
Transborda pelas portas e pelas janelas
A tua presença
Silencia os automóveis e as motocicletas
A tua presença
Se espalha no campo derrubando as cercas
A tua presença
É tudo que se come, tudo que se reza
A tua presença
Coagula o jorro da noite sangrenta
A tua presença é a coisa mais bonita em toda a natureza
A tua presença
Mantém sempre teso o arco da promessa
A tua presença
Morena, morena, morena
Morena, morena, morena
Morena

sábado, 29 de dezembro de 2007

Um Ano de Blog

E, para comemorar, uma seleção de textos retirados dos outros blogs que já tive. Estou nessa vida de blog (com intervalos maiores ou menores) desde 30 de setembro de 2002! Já faz mais de cinco anos que escrevo e posto. Já estou no meu quarto blog (adorei o "quarto" - combina com a minha fase atual - hahahahaha). Três em atividade solo. Uma em dupla (com Rafael). Um fotolog onde escrevi uma das coisas que eu mais gostei de já ter escrito, mas, que sumiu assim que eu parei de postar nele.

É muito bom reler o que se escreveu. Eu lembro das tardes em que escrevi algumas coisas. Lembro de blogs que li para escrever outras (aliás, a maioria dos blogs que lia já não estão mais em atividade, o que é uma pena).

Vou selecionar algumas postagens, ao acaso, não as mais significativas, afinal, teria que reler tudo prá escolher. Mas, quem quiser saber o que pensava essa cabecinha há alguns anos atrás, basta visitar os links aí em baixo.

No fim das contas, dedico esse post a todos os blogueiros que passaram pela minha vida. Os que sumiram e os que permanecem. Os que estão linkados ao lado e os que a minha inaptidão internética não me deixam linkar (viu, Ariana?). Especialmente, a Rafael (que não bloga mais), mas, que me inspirou com o seu primeiro blog a fazer o meu!

Abraços a todos!


PRIMEIRO POST (Análise Virtual - 30.09.02)

Fogos de artifício, por favor... Esse é o meu primeiro momento de divã. A partir de hoje (espero), estarei falando da minha vida por aqui. Curiosos de plantão e colunistas de revistas de fofocas, prestai atenção, porque aqui só terão informações em primeiríssima mão. Aliás, quem vai fazer anãlise aqui sou eu, portanto, os analistas que por (des)ventura aproximar-se, será bem vindo. Quer saber, aqueles que quiserem ser analisados também serão. Muito bem, todos serão muito bem vindo aqui. Espero que aproveitem minha vida "agitada e excitante".

RUGRATS (Análise Virtual - 15.09.03)

Estou virando fã dos desenhos da Nickelodeon. Prá mim, o melhor desenho da atualidade é Bob Esponja. Muito bom! Mas, outros desenhos da Nick são, também, muito bons: Rocket Power, Doug. Mas, hoje, eu quero falar sobre um dos episódios dos Rugrats que eu assisti essa semana. Falava sobre o dinheiro. O melhor é que os bebês fazem coisas que nós mesmos fazemos ou deixam de fazer aquilo que deixamos de fazer. Só que eles tem a inocência para justificar como estão agindo. E o exemplo dos adultos, também. Nesse episódio, os bebês acharam uma moeda de 5 centavos e Angélica os faz cavar por todo o parquinho de areia para achar mais e ficarem ricos. Um deles não queria procurar, porque achava que já eles já tinham tudo o que precisavam. Então, o outro (acho que era Tommy) disse que tinha uma coisa que eles não tinham: "MAIS!!!"

Tiros em Columbine (Análise Virtual 2 - 25.03.05)

Vocês já assistiram esse filme? Caramba, é muito bom. Michael Moore tem um senso crítico impressionante. Já o tinha visto na TV, no The Awfull Truth, e já o achava muito bom. No documentário ele consegue que a rede de supermercados Wal-Mart (espero que isso se escreva assim, mesmo) pare de vender munições para armas de fogo. Dá prá ter uma idéia do que uma câmera consegue fazer pelos direitos humanos? A entrevista que ele faz com o ator Charlton Heston é de um poder de crítica impressionante. Ele esteve presente em reuniões de Associação Nacional de Rifles em duas cidades que tinham acabado de passar por tragédias relacionadas a armas de fogo. E ele estava lá para defender o direito dos americanos de guardarem armas carregadas em casa. Isso em um momento de grande comoção para essas comunidades. Sutileza zero para o senhor Heston, sagacidade dez para Michael Moore, que chega como membro da ANR, questionando a política da Associação. Seres humanos têm o direito à vida. Sempre! Vamos votar contra a legalização do porte de armas no plebiscito que ocorrerá em outubro. Pela vida! Recomendo o documentário. E, a propósito da temática direitos humanos, deêm uma passada em www.fernandopalhano.brasilflog.com.br. Lá está uma imagem que ilustra esse tema.

FESTA (Lonely Hearts Club Blog [Com Rafael] - 23.09.05)

Não, não tem nada a ver com a música, muito menos com Ivete Sangalo. Mas, esse blog está em festa por causa da formatura de boa parte do seguinte blog. Aliás, um dos integrantes dos Les Undergrounds é o meu sócio nesse empreendimento bloguístico: Rafael. Rafael é um cara que eu admiro aos montes. Já rasguei seda e joguei confetes nele diversas vezes nesse e nos meus outros blogs, mas, formatura justifica o elogio repetido. Faço isso prá que todos saibam que eu encontrei um irmão fora da minha casa. Parafraseando o nosso querido presidente: "Nem todo irmão é um bom companheiro, mas, em todo companheiro encontramos um grande irmão". É dessa forma que me sinto em relação a ele. Ele sabe disso. Esse post de hoje, então, é dedicado a você, irmão, que tem estado presente em diversos momentos de minha vida (bons e ruins - importantes, todos), me aconselhando, levantando meu astral, falando besteira, tocando violão, enfim, sendo você (clichê-chê-chê-chê). Mais uma vez, obrigado por estar em minha vida preenchenco um vazio que eu tinha desde muito tempo: o de um verdadeiro AMIGO!

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Revisitando os clássicos (Ou: como transformar belos contos infantis em histórias sórdidas, crueis, baixas e totalmente anti-pedagógicas)

Por: Uma moça genial que é tímida prá cacete e tem medo que o seu ego vá parar nas alturas e não volte nunca mais e, por isso, prefere ser mantida no anonimato.

História 1
Chapeuzinho 5.0

Era uma vez uma menina chamada Chapeuzinho Vermelho... (Horrível! Que idéia de jacú chamar alguém por esse nome! Não seria o apelido dela?) Tudo bem, vamos continuar e arrumar isso.
Era uma vez uma menina chamada Shirlley Sheylla Swellen Swelly (e eu não sei qual dos nomes é o pior) que era conhecida por Chapeuzinho Vermelho, só por causa de uma capa com um gorro idiota que costumava usar e fora presente de sua avó (Se era uma capa com gorro deveria ser "Gorrinho Vermelho", mas vamos abstrair).

Certo dia, a mãe dela (aquela coió, que teve a idéia brilhante de pôr no nome da filha todas as consoantes possíveis e imagináveis) a chamou e disse:
- Querida, vá levar esses doces para sua avó.
- O QUÊ? Você quer que eu leve doce praquela véia gorda e diabética? Vou acabar matando ela!
- Swelly! Não fale assim com a mãe! E vá agora fazer o que mandei.
- Tá, mas... Não dá pra pôr os doces numa cesta, ou algo do tipo? Porque esse saco do Nordestão... Sei não, viu?
- Larga de ser fresca, piveta! ... Você vai se divertir, o bosque é lindo.
- É, e tomara que o lobo me coma logo.
Então Swellen saiu e seguiu pelo lindo bosque cheio de bichinhos e flores. O dato de ela odiar animais e ser alérgica a pólen é apenas um detalhe e deve ser desconsiderado.
De repente, aparece o lobo:
- O que tá fazendo, garota?
- Interessa?
- Passeando pelo bosque?
- Não, imbecil! Plantando melancia!
- Sério? Cadê as sementes? Nesse saco de supermercado?
-... Idiota!
Shirlley berrou mais meia dúzia de xingamentos inapropriados para menores de idade e saiu "pisando duro", e o lobo observou que ela ia em direção a uma placa que indicava "Casa da Vovó" (como se a avó dela fosse a única avó do mundo inteiro...).
O lobo, que estava morrendo de fome e interessado em jantar Swelly (ou seriam as melancias?), pegou um atalho para a casa dA vovó. Chegando lá (e mesmo qualquer um que possua até um teor médio de burrice nota que ele chegou antes de Shirlley) ele bateu à porta:
-Quem é? - Perguntou a Véia.
- Sou eu...
- O que é que você quer?
- Você... (Alguém lembra dessa música? Breeega...)
Voltando ao diálogo normal, não-musicado:
- Quem é?
- O lobo.
- O que você quer?
- Matar você e sua neta.
- Tudo bem, pode entrar.
Como uma criatura bem educada, antes de entrar, trucidar a vovozinha e tomar o lugar dela na cama, o lobo limpou os pés. Alguns minutos depois, Swelly entrou perguntando:
- Vovó? Cadê você?
- Olha dentro do guarda-roupa. – Sugeriu o lobo.
Quando Sheylla abriu a porta do dito armário, deparou-se com sua vovó destripada e pendurada em um cabide (claro que ningué, acredita mais naquela história de que o lobo engole a velha inteira e ela continua viva). Swellen gritou como uma louca, até que o caçador ouviu seus apelos e foi correndo – todo posudo, espingarda na mão – deu um chutão na porta e ao ver o lobo rosnando e a vovó em pedaços, deu um gritinho histérico e desmaiou.
- Fresco! – Disse Swelly indignada antes de partir para cima do lobo distribuindo golpes de todos os tipos, que iam da capoeira ao boxe tailandês, levando, assim, o lobo à morte (com uma grande variedade de hematomas).
A cena findou magnificamente. Todos caídos, exceto Shirlley Sheylla Swellen Swelly, que estava deitada na cama da vovó comendo doces. Depois disso, ela foi feliz para sempre, abriu uma rede de churrascarias, enriqueceu e casou com o Pinóquio. Tudo isso graças ao lobo, que foi o início de sua barraca de espetinhos.


História 2
A Cinderela do Subúrbio


Era uma vez uma menina (Ah, não! A história anterior começa do mesmo jeito!) É o grande problema dos clássicos. (Clássicos estes que você anda "inovando", transformando a Chapeuzinho em Sra. Pinóquio?!) Bem, que seja...
Era outra vez outra menina chamada Cinderela (outro nome feio), que era muito bonita e vivia feliz com sua família. Ou pelo menos era o que ela pensava. O pai dela era um raparigueiro e por isso foi largado pela esposa, que como um bom exemplo de ex-mulher, ficou com o carro, a casa de campo e tudo o mais que pôde. Exceto com Cinderela (claro. A mulher era uma peça ruim que só queria uma oportunidade para fugir com o primeiro gringo que aparecesse. Para quê iria querer a guarda da filha?).
Estando sozinho (e liso), o pai de Cinderela (já repararam que os coadjuvantes de contos-de-fadas nunca têm nome? Só têm profissão, raça ou parente! É O lobo, A madrasta, O pai de Fulana, O caçador, O vendedor de borracha para panela de pressão...). As interrupções estão tão longas que um tal de narrador está perdendo a linha de pensamento (foi mal).
Como eu ia dizendo, o pai de Cinderela casou-se com uma mulher muito rica (uma cafetina) que tinha duas filhas gêmeas (elas rendiam dinheiro a não mais poder... Existe tanta fantasia estranha nesse mundo!). Nadando no dinheiro, ele voltou às farras e morreu de cirrose.
A madrasta ganhou uma grana preta com o seguro de vida do falecido, vendeu o cabaré (ao Pinóquio) e passou a viver de atormentar a pobre Cinderela (que era uma songa-monga, diga-se de passagem). A pobrezinha fazia o que lhe mandassem, sem contestar. A menina passava os dias a cuidar da casa e a escrever cartas ao programa do Netinho na esperança de ganhar "Um Dia de Princesa" (pobre até de espírito).
Certo dia, a oportunidade bateu á sua porta (não, não era o Netinho, era o mensageiro do reino). O rei iria dar uma festa para encontrar uma noiva para o príncipe (já que o cara era um "loser" completo e não pegava ninguém que não tivesse interesses econômicos). A madrasta estabeleceu de imediato que Cinderela só poderia ir ao baile se terminasse todo o serviço de casa e arrumasse roupas decentes e adequadas por conta própria (afinal, shortinhos do "É o Tchan" estavam fora de cogitação...).
As gêmeas passaram a semana inteira revirando a casa para que até o dia do baile Cinderela não tivesse terminado seu trabalho. Suas meia-irmãs (e se são meia-irmãs, as gêmeas juntas são uma irmã inteira?) essa foi péssima! (Meu segundo nome é "Infame"). Bom, as gêmeas sujaram tudo o que havia na casa, exceto as roupas que usariam no baile.
No dia da festa o trio de megeras saiu de casa bem cedo para o salão de beleza (o que não deveria dar muito resultado, já que as donzelas pareciam um rascunho torto de Cérberus, feito com um lápis de ponta quebrada) e Cinderela ficou em casa pinicando. Limpando um velho armário a moça encontrou uma lâmpada suja que, ao ser lustrada, libertou um gênio e (história errada) opa.
Então! Cinderela aproveitou que estava sozinha em casa, acessou o google e digitou "solução de problemas" ("Estou com sorte"). Caiu direto em um site de fadas-madrinhas. (R$59,90 por mês por um login? Cruzes.) Já no Orkut (que é de graça), o nome "Fada Madrinha da Cinderela" correspondia a apenas um perfil. Após 10 minutos de conversa via scrapbook e msn e a fada chegou lá voando (e ainda diz que eu sou infame) e dizendo afoita:
- Já contratei a Branca de Neve e os Sete Anões para limparem a casa por uma quantia módica de moedas de ouro, nada que não valha a pena. Também havia encomendado o seu vestido a uma tal de Aurora, mas parece que desde que parou de usar dedal a criatura dormiu e não acordou mais, então dei uma passadinha na Daslu e trouxe um vestido para você usar com um underbust Madame Sher super bem... (haja grana).
- Tá. Calma. Mas eu vou de pés descalços?
- Droga, eu bem que sabia estar esquecendo alguma coisa! O jeito é improvisar, então vamos seguir a tradição: tem algum enfeite de cristal por aí?
- Não, minhas irmãs quebraram todos na última briga pelo secador de cabelos. Serve porcelana?
- Muito frágil. Tive uma idéia.
A fada entrou na cozinha e, com um lampejo prateado, voltou trazendo um par de sapatos transparentes.
- Aquele pirex não iria servir para nada melhor. Agora temos que pensar em um modo de lhe levar até o castelo. Alguma fruta grande aí? Melancia, melão... serve abóbora.
- Acho que só tenho uma goiaba.
(A cena seguinte foi suprimida em prol dos leitores de estômago mais frágeis que provavelmente não gostariam de ver um verme gigante sair de uma carruagem-goiaba para perseguir nossas personagens).
Recompostas após a fuga, a fada cedeu à Cinderela dois tickets de ônibus com um ar muito sério:
- Lembre-se de voltar antes da meia-noite.
- Oh! É algum encantamento?
- Não, é só que depois disso você terá perdido o último ônibus.
Cinderela cheogu deslumbrante, causando inveja a todas no baile. Dançou com o príncipe a noite toda, encheu a cara de pitu e quase perdeu a hora. Como estava trêbada, perdeu um dos sapatihos na escadaria do palácio, antes de alcançar o último ônibus e vomitar pela janela.
No dia seguinte, correu pelo reino a notícia de que o príncipe casaria com a dona do sapato perdido. Todas as moças tentavam de algum modo provar que eram donas do tal objeto. As irmãs de Cinderela já haviam tentado enganar o príncipe quando descobriram que a maior prova de posse estava em sua casa. Revoltaram-se. Se elas não poderiam converncer o príncipe, não seria Cinderela que iria fazê-lo. Tomaram o sapato da mão da menina e jogaram-no com toda a força contra a parede, com um sorriso maligno. Antes que as gêmeas pudessem cantar vitória, nossa heroína anunciou, com um sorriso de esperteza recém-desenvolvida:
- É Duralex!
Correu até o palácio com o calçado reluzente e impecável e calçou-o na frente do príncipe, que logo se convenceu de que era ela mesma (não por causa do sapato, mas pela cara de ressaca).
Provavelmente não foram felizes para sempre!

domingo, 9 de dezembro de 2007

"Não se preocupe em entender, viver ultrapassa todo o entedimento"

Hoje, dei-me conta de uma questão que, até ontem, jamais passara pela minha cabeça. Nove de dezembro de 2007. Trinta anos da morte de Clarice Lispector. Eu não convivi no mesmo tempo que ela. Na verdade, ela morreu cerca de cinco anos antes que eu nascesse. Gostaria de ter compartilhado os anos com ela.



"Eu escrevo sem esperança de que o que eu escrevo altere qualquer coisa. Não altera em nada... Porque no fundo a gente não está querendo alterar as coisas. A gente está querendo desabrochar de um modo ou de outro..."

Eu também, Clarice... eu também!

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Saiu o resultado do concurso.

Saiu antes da hora.

E eu não ganhei nada.

Infelizmente, porque, eu achei que dava...