quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Subiu as escadas lentamente e isso não era usual. Uma sensação de que algo não estava bem e a vontade de parar o tempo. Menos de um minuto depois, ele entenderia que o sentimento era exatamente esse: o tempo poderia parar e viveria, indefinidamente, nesse estado de "o que virá depois?". Subiu o último batente e foi até a porta. A chave demorou mais para entrar na fechadura do que era costume. Girou. Duas voltas.

Uma lágrima lhe escorria e banhava a face.

Entrou e estranhou o silêncio que havia. Onde estavam os passos que ouviu, aparentemente, desde sempre? Não há o menor rastro de movimentos tão recentes. Sumiram com os seus discos que não estão mais nas prateleiras.

Na mesinha de centro, uma carta:

"Poderia ter sido você!
Mas não foi.
Paciência.
Da sua"

Encostou as costas na parede e se deixou cair. A lágrima havia se convertido em um choro desesperado.