quinta-feira, 26 de abril de 2007

Do Presente Recebido

Essa semana senti minha sobrinha mexer. Que sensação tão linda e estranha. O bebê que eu tanto quero pegar, cujo rostinho eu já vejo cada vez que chego perto da minha irmã. O bebê em quem eu já me reconheço. Um serzinho por quem já me sinto responsável e por quem sinto uma paixão tão avassaladora que só de pensar o nomezinho dela já me emociono.

Ela mexeu!

Mexeu na barriga da minha irmã e mexeu dentro do meu peito. Sentir Maria Luíse mexendo me deu a sensação mais maravilhosa do mundo. Ao mesmo tempo em que me jogou de frente a uma profunda sensação de impotência. Qual é o mundo que vou apresentar à minha sobrinha? O que é que mostrarei a esse bebê tão lindo que virá?

O mundo... ah, o mundo... deveria ser o nosso porto seguro. Deveria ser a continuação do ventre materno. Mas, não é. É um mundo onde uma criança é arrastada presa ao cinto de segurança por quilômetros (alguém tem ouvido falar do caso "João Hélio" por aí? Eu não.). É um mundo que não respeita seus idosos. É um mundo que obriga pais de família a roubarem para sustentar suas casas. É um mundo formado por homens que, apoiados em uma (pretensa) superioridade, destroem milhares de seres vivos. Jogam nitrato nas bacias subterrâneas, matando uns aos outros.

Deus, é esse o mundo que devo mostrar à minha sobrinha? Deus, oh, Deus, onde estás que não respondes?

Chega então à minha casa um embrulho. Eu o abro. Livros. Dois. Eles me fazem tão absurdamente feliz que, como por inspiração divina, percebo que eu tenho a responsabilidade de mostrar à minha Luquinha um outro mundo. O mundo que ainda não acabou porque existem pessoas que não querem que ele acabe. Pessoas que fazem o bem. Simplesmente para ver a (ou saber da) felicidade do outro. Ainda há tantas pessoas que se empenham no bem-estar do outro, que os aceitam assim como eles são. Ainda há tantas (os) Lu Longo, Nádia, Laís Flores, Kezinha, Rozina, Russa, Clariana, Luci, Allysson, Loa, Marizinha... Pessoas que nunca me viram e que me fazem feliz. Pessoas que saíram da internet e entraram na minha vida (e na da minha sobrinha) e que me são tão queridas. Tanto quanto os meus melhores amigos.

Porque é de vocês que eu sinto falta quando estou fora da net. Porque é um sentimento tão angustiante o que sinto quando não tenho notícias. Porque vocês são as pessoas que eu gostaria que estivessem aqui comigo. Porque vocês, tanto quanto os meus amigos-irmãos de perto, me fazem acreditar que tudo ainda vale à pena.
Obrigado, Lu... por essa reflexão, pelos livros, pela ajuda no blog, por me oferecer teto (não pense que eu me esqueço - hehehehe), por você ser.
Obrigado, Nádia... por me mostrar que momentos difíceis, não são tão difíceis assim, quando divididos.
Obrigado, Lala... por aceitar minha proposta de seqüestro sem nem argumentar contra. Pelos e-mails dominicais e sabáticos, as conversas inadjetiváveis que temos no MSN. Porque sou o primeiro e o último.
Obrigado, Kezinha... por ser minha hermanita-amada. A que chora junto comigo e sente quando estou mal e me consola.
Obrigado, Rozina... pelas lições de ética e confiança que sempre tenho de você. O livro, o filme, as dicas de filmes trocadas.
Obrigado, Russinha... por me ensinar que nas diferenças estão as grandes semelhanças. Pela falta que eu sinto de você (a gente não sente falta de muita gente que está longe, não?).
Obrigado, Clari... pelas mensagens no celular, pelas conversas rápidas no MSN, pelas cobranças constantes no blog.
Obrigado, Lucizinha... por saber qual o conselho que eu devo ouvir. Pela insistência de que não devo fechar o coração. Por querer estar mais perto.
Obrigado, Allysson... por ser o primeiro. Por ter sido acordado no dia do seu aniversário. E por falar de novo, esse ano. Pela possibilidade (frustrada) de viagem à Campina Grande. Pelo muito que me ensina.
Obrigado, Loa... por ser o aluno que eu gostaria de encontrar em sala de aula. Pelas tardes de conversas sempre tão profundas e curiosas. Por me ensinar sempre e mais o valor da nossa Mãe-Terra.
Obrigado, Marizinha... por ser a minha menina. Por sentir saudade e por me deixar saber disso.

Amo muito todos vocês. Espero ter arrancado, ao menos, algumas lágrimas de vocês, porque eu, chorei bastante enquanto escrevia.

Em tempo:



NANDITO:
Nunca acredite em alguém que te diga:"VENHA VER O PÔR-DO-SOL" ! Sei disso desde o colégio e nunca me esqueço!!! rsrsrsr!!!!
Pra você, do que você gosta: Lygia!
Besitos, hombre!
Lu
abril/2007


NANDITOQUERIDO:
A vida é feita de pequenas e grandes alegrias. Sua amizade é uma GRANDE alegrias pra mim. Espero que este presentinho seja uma pequena alegria que te faça bem feliz!
Pra você, do que vc PRECISA ler: LINDOS LÁBIOS, de Marçal.
Beijos com muuuito carinho,
Lu
( P.S.: nunca esqueça: EU TARDO MAS NÃO FALHO!! UHUUU!!!)
abril/2007

quarta-feira, 11 de abril de 2007

TROPICÁLIA OU PANIS ET CIRCENSIS

(Para ler, obviamente, ouvindo Tropicália - ou Panis et Circensis)

Hoje é dia de Caetano, pensou desde que acordou. Mas não qualquer Caetano. Não queria ouvir "êta-êta-êta... é a luz de Tieta". Não! Não queria saber de Tieta. Hoje é dia de Lindonéia. Não tinha muita certeza do porquê, mas, Lindonéia sempre o encantou. Achava que tinha relação com a voz da Nara Leão. Sempre achou a voz da Nara Leão atraente demais. Mas, Lindonéia era diferente das outras. É Caetano, pensou.
Pôs o disco para tocar. Poderia pular todas as músicas até chegar na voz da Nara, na letra do Caetano. Mas, não o fez. Queria sentir o prazer da ansiedade (aquele prazer estranho misturado com agonia e aperto no peito enquanto esperamos a chegada da pessoa amada, entende?, dizia ele para si mesmo, como se estivesse em um programa de entrevista. O entrevistador acabara de perguntar por que você, simplesmente, não vai escutar a música que você quer?). Queria saborear cada arranjo do Duprat, cada um dos sons estranhos-deliciosos dos Mutantes. E Lindonéia não fugiria dele.
Talvez seja por isso que Lindonéia tanto o atrai. Ela está ali. Todo o tempo. E de novo. Basta que ele queira. "Miss, linda, feia" e toda dele. Onde estaria aquela estúpida, agora? Ah, o que não daria para saber? Eu estou muito bem, pensou, meus discos, meus livros, o álcool, está tudo aqui. O que mais eu preciso? Nada, concluiu. Mas, ela... onde ela estará? O que estará fazendo? Quem o estaria substituindo no esconde-esconde de todas as manhãs?
Maldita estúpida. Eu não consigo lidar com você e com a pressão que o mundo coloca sobre mim. Maldita egoísta. E a pressão que o mundo coloca sobre mim, não conta? Eu gosto de você, mas, não agora. Eu queria você, mas, não agora. Mentirosa. E Os Mutantes mandando "fazer, de puro aço luminoso, um punhal, para matar o meu amor e matei". E disse isso tudo com uma desfaçatez tão grande que quase me convence que estava errado por estar no lugar certo, mas, na hora errada. Maldita + todos os adjetivos negativos que puder imaginar. Isso é o que ela é.
Ah, mas, não fica assim, fazia questão de repetir para si todas as manhãs. Estranhamente percebeu, como se lesse o que está na página agora, que repetia isso todas as manhãs. E o "todas" lhe soou muito grave. Todas as manhãs. Quantas manhãs já fazia? Pelo menos umas 60, calculou rapidamente. E se assustou com isso. 60 manhãs ouvindo Caetano e se encantando com Lindonéia?
Foi para a frente do espelho e viu as marcas roxas sob os olhos. No avesso do espelho, viu que ela estava feliz. Viajava. Vivia. Encontrava antigos amigos com os quais nunca estivera. E ele ali. Ele e Lindonéia.
Estava decidido. Não mais escutaria Lindonéia. A música estava censurada. Caetano estava liberado. Nara também. Mas, Lindonéia estava vetada. Para todo o sempre. Dirigiu-se para o som. Mas, teve tempo de ouvir Nara dizendo-lhe "sangrando, oh, meu amor, a solidão vai me matar vai me matar vai me matar de dor".
Amanhã. Talvez, amanhã eu a deixe desaparecer da minha vida. Não hoje! Hoje é dia de Lindonéia!
(Créditos da imagem: Lindonéia, a Gioconda dos Subúrbios, de Rubens Gerchman, espelho, scothilite sobre madeira. 1966)

segunda-feira, 9 de abril de 2007

LIVROS!

O Amor e Outros Objetos Pontiagudos - Marçal Aquino
Marçal Aquino foi um achado e tanto na minha vida. Ele é autor do livro de título mais lindo da língua portuguesa: "Eu Receberia as Piores Notícias dos Seus Lindos Lábios". Comecei a procurar por ele só por causa desse título. É justo, concordam comigo? Na minha caça acabei encontrando "O Amor e Outros Objetos Pontiagudos" que foi devidamente devorado em uma tarde. O livro traz alguns contos deliciosos de ser lidos. E me deixou com uma vontade danada de ser diretor/produtor/ator de cinema e filmar, pelo menos, uns três dos contos. Eu destaco "O Matadouro" e "Sete epitáfios para uma dama branca (que, descalça, media 1,65m e, nua, pesava 54 quilos)" - esse último virou longa com direção de Beto Brant, embora eu não saiba se já foi finalizado. O autor ainda é roteirista de cinema, trabalhando com a adaptação de suas próprias obras e em outras, como "O Cheiro do Ralo", minha nova intenção literária e cinematográfica.

Fragmentos - Caio Fernando Abreu
Uma (boa) influência me apresentou ao Caio Fernando Abreu. Não foi propriamente uma apresentação formal, daquelas que você chega e diz: "Ah, então você é o Caio Fernando Abreu?". Foi mais daquelas: "Tá vendo aquele ali? Caio Fernando Abreu". Fato é que eu fiquei com vontade de lê-lo. Até porque, a mesma influência disse que em alguns contos que eu escrevia, eu parecia com ele. Ele sugere músicas para serem ouvidas junto à leitura dos contos. Quem já leu o pouco que escrevi aqui, sabe que eu gosto disso. E consegue escrever em cima temas difíceis - o homossexualismo, por exemplo - de formas tão diversas que pode parecer que os contos não foram escritos pela mesma pessoa. Vide os contos "Sargento Garcia" e "Uma História de Borboletas". Nessa última, ele ainda trata de uma loucura visionária belíssima. Caio Fernando Abreu faleceu em 25 de fevereiro de 1996.

O Amor nos Tempos do Cólera - Gabriel García Márquez
Florentino Ariza que amava Fermina Daza que amou Juvenal Urbino que também a amou e com quem, de alguma forma, foi feliz até o fim dos seus dias. A gente pensa que vai ler a história do amor de Florentino e Fermina, mas, passamos boa parte do livro lendo e amando Juvenal Urbino e Fermina Daza juntos. Gabo Marquez é um gênio. Ele consegue nos fazer sofrer junto com Florentino e Fermina por seu amor proibido - mesmo que a gente não vá muito com a cara do danado do Florentino -, nos faz ficar felizes com o casamento dela com o outro e enlutados quando de sua morte. Enfim... o livro é fantástico e a entrada dele nessa lista é, além de tudo, um tributo a outros livros do Gabo que, sem dúvida, estão entre os meus preferidos, como "Crônica de uma Morte Anunciada" e "Notícias de um Seqüestro".

O Caso dos Dez Negrinhos - Agatha Christie

Agatha Christie é, sem dúvida alguma, a autora que eu mais li na vida. Comecei a lê-la com 13 anos de idade (quando a minha amiga Lala Flores estava se iniciando nos prazeres de García Marquez): "Morte no Nilo" e "Depois do Funeral" foram os primeiros. "O Caso dos Dez Negrinhos" é um dos melhores que eu li. A Rainha do Crime escreveu mais de 80 romances e vendeu um bilhão (é isso mesmo... BILHÃO) de cópias em inglês e mais um bilhão em outros idiomas. Só não se lê mais Agatha Christie que a Bíblia e Shakespeare. Eu desenvolvi um método de leitura de Agatha: eu não tento descobrir o assassino. Eu leio. E espero que Hercule Poirot, Miss Marple ou Tommy e Tuppence Beresford resolvam o crime e me contem como foi. N'O Caso dos Dez Negrinhos não estão presentes nenhum deles. E o livro é absolutamente surpreendente. Não dá prá falar muito sobre o livro, se não, eu entrego o final (e aí, vocês querem? - hahahaha). Mas, se é Agatha, é bom!

Lendo Lolita em Teerã - Azar Nafisi

Revolução Islâmica, mulheres obrigadas a andar de chador por todos os lugares públicos. A autora, professora universitária, demonstra a sua insatisfação com a situação do país e com o fato de ter as suas aulas invadidas por "espiões" do governo e por ter a utilidade de suas aulas questionada. Ela dá aulas de Literatura. Especialmente, literatura em língua inglesa. No momento em que qualquer influência ocidental é vista como influência demoníaca, Azar Nafisi, junto às alunas que convidou para formar um grupo de estudos literários, com o perdão da infâmia, comem o pão que o diabo amassou (tá... foi terrível). Eu diria que o livro é de leitura obrigatória prá quem gosta de Literatura, Oriente Médio, feminismo, ou tudo isso junto. Depois de ler "Lendo Lolita em Teerã", eu fiquei com vontade de ler, também, Salman Rushdie.

O Livro das Perguntas - Pablo Neruda

Não sou um bom leitor de poemas, mas, "O Livro das Perguntas" é interessantíssimo. Neruda me faz viajar em perguntas tão simples e tão profundas. Em um determinado momento, por exemplo, ele pergunta se alguém pode dizer a ele quantas igrejas há no céu. Então... alguém se habilita? Um livro lindo e de uma simplicidade que encanta. Vale à pena.

Muito bem. Listas prontas. Agora, eu quem desafio as minhas companheiras de aventuras bloguísticas. Eu fui o único dos sete autores de "Camila - uma história em sete partes" e demais desafiadas que escreveu até agora, hein?

Abraços a todos e me tragam mais dicas, hein?

quinta-feira, 5 de abril de 2007

Do (Segundo) Convite Aceito

Agora, Lu Longo nos propõe que, devido à proximidade com o super fim-de-semana, produzamos listas. Seis dicas de filmes, seis dicas de músicas e seis dicas de livros. Eu, dificilmente, conseguirei ficar nos seis, mas, ela nos deu liberdade para sermos prolixos. Então, começando pelos filmes, vamos às minhas listas de essenciais.

FILMES

AMADEUS
De Milos Forman. Conheci Amadeus em 1998. Projeto Cinema na Escola. E eu ainda nem era o professor de História. Fomos escolhidos, eu e outros colegas, para apresentar algus filmes para a escola. A mim coube apresenta-lo. Inicialmente, eu fiquei meio chateado. Com tanto filme legal, tinha que ficar prá mim, justamente, o que narra a vida de Mozart? Depois de assistí-lo fiquei extremamente grato porque coube a mim, justamente, O QUE NARRA A VIDA DE MOZART. Mozart e Salieri. Uma belíssima história de genialidade e paixão e inveja e admiração. Destaque para a cena da composição da Missa de Réquiem com Mozart em seu leito de morte e a ajuda do outro. O filme é incrível.
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ATA-ME
De Pedro Almodóvar. Poderia faltar Almodóvar na minha lista de filmes essenciais? ¡Jamás! Como não se encantar das cores de Almodóvar? Olhando o cartaz do filme eu já m sinto completamente preso a ele. Em “Ata-me”, um jovem internado em uma clínica psiquiátrica apaixona-se por uma atriz e consegue alta, por causa do seu amor. Vai ao encontro de sua paixão e a seqüestra para, forçando-a a conviver com ele, fazê-la amar como ele a ama. Destaque para a lindíssima cena onde Victoria Abril (a seqüestrada) pede a Antonio Banderas (o seqüestrador) que a amarre à cama, e para a irresistível “Resistiré”, presente na trilha do filme (sobre “Resistiré” vide comentários sobre minhas músicas essenciais). Recomendo, também, outros filmes de Almodóvar: Kika, Tudo Sobre Minha Mãe, Fale Com Ela, Má Educação (com Gael García Bernal, o melhor latino, na minha opinião) eVolver (com Penélope Cruz, que, aliás, decidiu que tinha que ser atriz depois de assistir Ata-me).


EM BUSCA DA TERRA DO NUNCA
De Marc Forster. Está querendo assistir um filme, mas, não tem nem idéia se irá gostar ou não? Faça, ao funcionário da locadora, a seguinte pergunta: “Johnny Depp está no elenco?”. Se a resposta for positiva, leve sem medo. Nem preciso falar muito sobre Depp. Todo mundo sabe que eu sou do fã-clube incondicional do ator (já pensaram num filme de Almodóvar, com Johnny Depp e Penélope Cruz?). Em “Em Busca da Terra Do Nunca”, temos a história de James M. Barrie, criador do Peter Pan, e sua relação com a família Llewelin-Davies. A partir do contato com Sylvia (Kate Winslet) e seus filhos, Barrie vai criando a história do menino que nunca cresce. Me fez chorar durante, pelo menos, os vinte minutos finais do filme. Além disso, assistí-lo não deixa de ser uma boa ação, já que tudo o que se arrecada em direitos autorais com a história do Peter Pan é doado para um hospital infantil inglês, conforme desejo do autor.


O GRANDE DITADOR

Não dá prá falar de filme sem falar de Chaplin. E não dá prá falar de Chaplin sem falar de Adenoid Hynkel. “O Grande Ditador” é um filme absolutamente genial. Uma comédia ferina onde Chaplin “esculacha” delicadamente – ao contrário do que faz Sacha Baron Cohen, em Borat (que eu também adoro – hahahaha) - o ditador nazista Adolf Hitler. Chaplin e Hitler nasceram na mesma semana. Gênios, ambos usaram a comunicação para levar a cabo seus projetos. O de Chaplin infinitas vezes mais nobre e, felizmente, o mais bem sucedido. Destaque para a clássica cena (a mais clássica da história do cinema, possivelmente) da dança com o globo, para a macarrônica cena de Hynkel com Benzini Napaloni (ditador de “Bacteria”, aliado-rival da “Tomania”, país do Hynkel) nas cadeiras de barbeiro, e para o, indiscutivelmente fabuloso, discurso final.

DE OLHOS BEM FECHADOS
De Stanley Kubrick. Nada como um bom Kubrick para nos fazer pensar. Kubrick é famoso por suas adaptações de livros para o cinema. “A Laranja Mecânica”, “O Iluminado” e “Lolita”, por exemplo, estão entre eles. Em “De Olhos Bem Fechados” Kubrick coloca um casal (Tom Cruise e Nicole Kidman, quando ainda estava casados) em crise na frente das câmeras. Uma seita secreta com mascarados e orgias “temperam” o relacionamento dos dois e os colocam diante de dúvidas em relação ao outro. Adoro as máscaras do filme. Quais as máscaras que você tem usado no dia-a-dia?
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VANILLA SKY
De Cameron Crowe. Mais Tom Cruise. Mais Penélope Cruz. De todos, Vanilla Sky é o que mais se encaixa na categoria “O FILME DA MINHA VIDA”. Poderia, sem exagero algum, dividir a minha vida em antes e depois de Vanilla Sky. Podemos dizer que o filme gira em torno de um questionamento básico: “O que é felicidade prá você?”. A partir desse questionamento, temos as relações entre David (Cruise) e Sofia (Cruz). David e Julie (Cameron Diaz). David e um psicólogo (Kurt Russel), que nos dão os melhores momentos do filme. E a decisão: “felicidade é acordar e encarar a dura realidade de frente ou viver o sonho lúcido?”. Isso sem falar na deliciosa trilha sonora com Paul McCartney, REM, Radiohead... Minha única tristeza em relação a ele é nunca ter visto a versão espanhola (original) do filme: “Abre los ojos”.
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AS HORAS
De Stephen Daldry. Sou suspeitíssimo prá falar desse filme. Nicole Kidman, Meryl Streep e Julianne Moore em atuações fabulosas. Mais que isso, Nicole Kidman interpretando, ninguém mais ninguém menos que Virginia Woolf. Como não amar esse filme? Baseado no livro “As Horas”, o filme traça um paralelo com o principal romance de Virginia Woolf, Mrs. Dallaway. Em sua primeira cena, a personagem da Meryl Streep, Clarissa diz que vai comprar flores. Exatamente como a primeira cena da Mrs. Dallaway de Virginia. O filme conta a história das três mulheres, separadas no tempo, mas, unidas pelo magistral romance da inglesa.
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(Vou parar com os filmes por aqui. Já foram 7 ao invés dos 6 que a Lu pediu. E ainda faltaram tantos. Deixa citar mais alguns só de passagem, certo? A Fantástica Fábrica de Chocolates; Cry Baby; Entrevista com o Vampiro; Amores Brutos; O Crime do Padre Amaro; Corra, Lola, Corra; O Clã das Adagas Voadoras; Os Pássaros; Chocolate; A Última Tentação de Cristo e A Viagem de Chihiro. Cada um melhor que o outro.

MÚSICAS
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Cruel, muito cruel. Vou fazer assim. Vou escolher uma música de Nando Reis (não dá prá não ter, mas, não posso colocar todas dele – hehehehe) e escolher as outras entre as 5 que foram as últimas músicas da minha vida, ok?

O SEGUNDO SOL
É a primeira música de Nando que eu escutei e tive consciência que era Nando Reis. Escutei com a minha ídola, e pensei: “esse cara é bom”. Antes do show de Nando em maio do ano passado (o primeiro que fui em minha existência), eu ouvia o começo de “O Segundo Sol” e meus olhos enchiam de lágrimas. Ela é marcante, prá mim. Muito mesmo. Indispensável na trilha da minha vida.

VIDA DIET
Adoro Pato Fu. Faz tanto tempo que não consigo vê-los por aqui. O cd novo deles é incrível. Muito bom e cheio de experimentalismos que são marca registrada deles. Em “Vida Diet” a gente ouve coisas como: “A gente se acostuma com tudo / a tudo a gente se habitua (...) e até ficar sem comer / sem te ver / a gente custa, mas, se habitua”. As mais puras verdades. A gente custa, mas, se habitua. Claro que, antes de se habituar, a gente fica se sentindo mais que...

ANORMAL
Mais uma dos Pato Fu. Simplesmente porque é terrível se sentir mais que anormal por ver você em todo lugar. Ouvir, então, alguém dizendo que se sente assim, faz com que você não se sinta um louco sozinho no mundo. Tem mais gente que se sente tão anormal quanto você. Quando esse alguém tem a voz da Fernanda Takai, então, as coisas ficam muito mais fáceis.

RESISTIRÉ
El Dúo Dinámico. Conforme prometido mais acima, aqui está “Resistiré”. A música é deliciosa. Uma vontade louca de ouvir no carro e balançando a cabeça como os personagens de “Ata-me”. Bem breguinha, ela tem versos incríveis como “soy como el junco que se dobla pero siempre sigue em pie”. Auto-ajuda total, não? A melhor parte? Descobri, por acaso que ela é, impressionantemente (quando vocês a ouvirem entenderão o por quê do “impressionantemente”), uma versão de I’ll Survive. Muito boa!

BOHEMIAN RHAPSODY
Descobri que sou fã do Queen. Não deixo mais passar nenhum cd da banda que encontre por aí. E uma das grandes culpadas é essa música. Eu nem sei bem o que falar sobre ela. Só sei que ela contagia. Ela faz você querer ouví-la mais e mais. E em diversas versões e momentos diferentes. A parte “operística” é ótima. E a supressão dela na versão ao vivo também. Enfim, uma obra-prima.

PRÁ LÁ
Ouvi com Ceumar, mas, ela é de Dante Ozetti. Virou até o “cabeçalho” do meu blog. “Prá lá do que é mundo tem mais do que um rancho fundo”. Ceumar tem uma voz tão doce que só ouvindo prá entender. Canta umas coisas de Dante e de Zeca Baleiro de uma forma tão gostosa que você fica com vontade de subir no palco e cantar com ela. Também tem uma versão incrível pra “O Seu Olhar” de Paulo Tatit e Arnaldo Antunes.

Ainda faltaram Belle and Sebastian, Madredeus, A Naifa, Chico Buarque, Nação Zumbi, Elis Regina e tanta coisa mais... mas, como essas foram as seis primeiras que eu lembrei, firam.
Mais tarde eu volto com os livros.