sexta-feira, 16 de março de 2007

B2 - MEMORIZE

- PUTAQUEOPARIU! CADÊ O MEU CARRO?
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(Três minutos atrás)
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- Ah, tá ali o segurança. Vou falar com ele.
- Nádia Maria, mantenha a calma. Eu tenho absoluta certeza que sei onde o carro está.
- Mantenha a calma? Mantenha a calma, Caio César? É exatamente isso que você diz desde que a gente pisou nesse estacionamento. Foi só o que você disse.
- Não foi só o que eu disse.
- Ah, não... você também disse: “eu tenho certeza que sei onde o carro está”!
- Pare de gritar, Nádia Maria.
- Eu grito quanto eu quiser, Caio César.
- Pare de me chamar de Caio César.
- Você começou me chamando pelo meu nome duplo. Você sabe que eu detesto o meu nome duplo. E faz isso só prá me provocar.
- E eu detesto quando você duvida de mim. Vivo lhe dizendo isso.
- Mentira.
- Tá vendo, vai começar.
- Eu não tou duvidando de você, Caio César. Eu estou lhe desmentindo.

(Param de andar)

-
Olha, Caio, eu juro que não quero brigar com você.
- Eu também não, Ná. Essa vida corrida... esse monte de gente dentro desse shopping... o clima abafado dentro do estacionamento...

(Se abraçam. Dão as mãos e voltam a andar)

-
Tá, Caio... como é que você sabe que o carro está aqui perto.
- Já duvidar de novo?
- Não, meu fofinho... eu só quero saber como você tem certeza.
- Tá vendo aquele Corcel creme ali?
- Tou
- Quantos Corcéis creme você tem visto andando pelas ruas ultimamente?
- Ah, eu não entendo muito de carr...
- Pelamordedeus, Nádia Maria. A pessoa não precisa entender de carro prá saber que num tem muito Corcel circulando por aí.
- Você sempre me colocando prá baixo, né, Caio César? Eu não tenho obrigação de saber por que raios não tem mais Corcel na rua. Eu nem sei o que raios é um Corcel.
- Pare de gritar, Nádia Maria. Tá todo mundo olhando prá você.
- E o que me importa quem está olhando?
- Nád...
- Não se atreva a me chamar de Nádia Maria de novo. Eu volto prá casa da mamãe, está me ouvindo?
- Deixa de exagero, Nádia Mar...
- Exagero? Deixa eu começar a exagerar, Caio César. Aí você vai ver o que é bom prá tosse. Quer saber? Não dou mais nenhum passo. Vou colocar os presentes do casamento da chata da sua irmã bem aqui no chão (PAH!) e vou me sentar ao lado deles.
- O que é isso, Nádia? Tá querendo aparecer, é?
- Claro que não, benzinho... você não reclamou que eu estava gritando, que eu estava sendo histérica...
- Eu não falei... quem falou em histeria, Nádia?
- Vou ficar por aqui. Só levanto quando você chegar com o carro do meu lado. Acho que vou até aproveitar o clima de relaxamento que está rolando por aqui para praticar o meu yoga.
- Eu tou indo embora, ouviu?

(Alguns instantes depois)

-
PUTAQUEOPARIU, CADÊ O MEU CARRO?
- Caio César, eu tinha jurado que não ia levantar, mas, você tá fazendo escândalo.
- Escândalo é o cacete. Roubaram o meu carro.
- Caio César, o segurança ainda está ali, vamos falar com ele.
- Com licença, senhor. Aconteceu alguma coisa?
- Não... não aconteceu nada. Eu grito assim prá extravasar as energias negativas.
- Caio César... o rapaz só tá sendo gentil, coitado.
- Coitado do dono da empresa de segurança que vai ter que pagar um carro novo prá mim.
- Senhor, o senhor já procurou o seu carro em todos os pisos?
- Ah, isso ele fez. Eu sei, porque eu tenho uma varize aqui na perna, de família, ela... e dói demais quando eu tenho que andar muito...
- Vai ficar mostrando as pernas prá todo mundo, mesmo, querida?
- Caio César, você não me provoca que eu ainda não estou muito bem com você.
- Senhor, eu vou pedir para dar uma busca no seu carro nos outros pisos...
- Mas, é claro que não vai encontrar. O meu carro ficou aqui, ao lado desse Corcel creme aqui... porque eles sempre vão embora e deixam a gente falando sozinho?
- Caio César... a gente foi no primeiro piso?
- Claro que não. Eu tenho certeza que a gente dobrou à direita depois que entrou no estacionamento e subiu uma ladeirinha. Portanto, no primeiro piso, o carro não pode estar.
- Com licença, senhor. O carro do senhor encontra-se no primeiro piso
- Você tem o quê, Caio César?
Depois desse dia, eles fizeram um acordo implícito. Ela sempre encontraria com ele na porta da frente do shopping, depois que ele pegasse o carro no estacionamento. Em troca, ele nunca mais a chamaria de “Nádia Maria” quando estivesse com raiva.

4 comentários:

Fer-Nando Cabral disse...

Meu blog perdeu audiência... nem um comentariozinho... também... o coitado passou tanto tempo escanteado. Vamos ver se eu consigo regatá-lo do ostracismo.

Regina disse...

Ah! Isso vai ser fácil...
Com tanto talento,quem não vai se render??
É só alimentar bem a poesia e deixar rolar...eu já falei isso uma vez!!

Unknown disse...

Ainda bem que ninguém me chama pelo nome duplo... já pensou, "Clariana Aparecida!!!"??? Eu não mereço!!! hahahaha
Só agora me deu tempo de visitar o blog todo, com calma, to aqui na facul com um tédio enorme e pensando nos meus amigos que tanto me fazem falta...

FerNando Cabral, eu amo vc porra!!! (ai que vontade que eu tava de falar isso... hahahaha)

Unknown disse...

Muuuuuuito Bom, Fe...ha.
beijos!!!