segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Uma (muito) curta narrativa.

Já havia caminhado até a metade da ponte. Tinha uns 60 e tantos anos e não aguentava mais viver. Tinha se tornado desinteressante. Parou. De lá, mirava o Brasil à sua direita. A casa que o desprezava. Não queria mais pensar. Se jogou.

Teria ficado muito satisfeito se a curta narrativa de sua morte terminasse aí.
Não terminou. Um navio que pesquisava sei-lá-o-quê no rio passou em baixo da ponte exatamente quando deveria atingir a água. Estava olhando o rio, desequilibrou, algo assim, foi o que disse. Mas não conseguiu conviver com o fracasso olhando para si todo o tempo. Eliminou as chances de dar errado. Pegou um revólver, trouxe até a têmpora esquerda (apesar de destro) e atirou.

Na próxima vez, lhe darei, palavra de escritor, a morte que queria.

6 comentários:

Mariá Romano disse...

muito obrigada, sabia que eu sou bloggeira a pouco tempo, to adorando abrir os horizontes em relação a tudo *-* muito obrigada pela visite e volte sempre que pudeer, volte la agora mesmo, eu acabei de fazer um novo post ;*

Anônimo disse...

Muito criativo...
Da pra sentir um certo humor ácido correndo por traz da trama, seguindo o triste fim do sexagenário, éis um belo titulo: o triste fim do sexagenario.

Poliana Sachertt disse...

muitoo bom!!!

Taty Macoli disse...

você... Você...
queria saber de onde vem a inspiração pra isso... Mas, só pra garantir, fique longe de pontes até que eu possa te ver inteiro de novo, tá?

e vc tinha que me ver, destra e com pouquíssimas habilidades manuais, tentando "reconstituir" a cena "atirar na têmpora esquerda com a mão direita...". kkkkkkkkkkk
Eu no máximo morreria com um tiro na coluna, ou pior, mataria alguém que estivesse passando atrás.
huhuhauhauhauau

foi mal, eu avacalhei, né? :P
=******

aline disse...

adoro histórinhas de morte... aindam ais dessas mortes consentidas!

rest in peace, baby!

Anônimo disse...

Muuuuito bom!!!!!