quarta-feira, 12 de agosto de 2009

What's up, doc?


Como você está? Mal, respondo sem olhar para o médico. Então, sua médica sugeriu uma licença de quinze dias. Como você começou a se sentir assim? Não sei, ainda sem o olhar. Veja bem, as doenças do psiquismo se manifestam por algumas razões. Ninguém está bom em um momento e, no outro, passa para o outro lado. Levanto a vista pela primeira vez. Mordisco a cenoura que seguro na mão direita e com a esquerda acaricio a orelha de coelho de pelúcia que prendi à testa. O que o senhor espera que eu diga? "What's up, doc?". Salto sobre a mesa e me aproximo da cara sebenta. Coloco meus olhos bem próximos às lentes engorduradas dos seus óculos. De perto, doc, ninguém é normal. Se levarmos em conta que eu não saí do meu lugar, quando o senhor passou para o outro lado, doc? Caminho lentamente de volta até à cadeira onde estava sentado. Novo salto e estou onde, aparentemente, sempre estive. Ofereço-lhe um pedaço da minha cenoura. Ele não quer. Perde o respeito que eu ainda lhe nutria.

Está aqui a sua licença. Coloque o seu sono em dia.

Colocarei, doc... colocarei.

3 comentários:

Taty Macoli disse...

ah, minha criança da África do Sul... isso me lembrou coisas...
eehhehe

depois escrevo melhor. :)

:****

Regina disse...

Tô achando que quanto menos normal você se sentir, melhor você escreve.

Ficando louco ou não, eu não saio do seu pé... pode saber !

Bons sonhos !

Rafael Almeida Teixeira disse...

isso aqui virou um poço de cultura boa. Cultura nutritiva.

Abraços.

Desculpe o sumiço. =D