segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

A tua presença morena

A tua presença
Entra pelos sete buracos da minha cabeça
A tua presença
Pelos olhos, boca, narinas e orelhas
A tua presença
Paralisa meu momento em que tudo começa
A tua presença
Desintegra e atualiza a minha presença
A tua presença
Envolve meu tronco, meus braços e minhas pernas
A tua presença
É branca verde, vermelha azul e amarela
A tua presença
É negra, negra, negra
Negra, negra, negra
Negra, negra, negra
A tua presença
Transborda pelas portas e pelas janelas
A tua presença
Silencia os automóveis e as motocicletas
A tua presença
Se espalha no campo derrubando as cercas
A tua presença
É tudo que se come, tudo que se reza
A tua presença
Coagula o jorro da noite sangrenta
A tua presença é a coisa mais bonita em toda a natureza
A tua presença
Mantém sempre teso o arco da promessa
A tua presença
Morena, morena, morena
Morena, morena, morena
Morena

sábado, 29 de dezembro de 2007

Um Ano de Blog

E, para comemorar, uma seleção de textos retirados dos outros blogs que já tive. Estou nessa vida de blog (com intervalos maiores ou menores) desde 30 de setembro de 2002! Já faz mais de cinco anos que escrevo e posto. Já estou no meu quarto blog (adorei o "quarto" - combina com a minha fase atual - hahahahaha). Três em atividade solo. Uma em dupla (com Rafael). Um fotolog onde escrevi uma das coisas que eu mais gostei de já ter escrito, mas, que sumiu assim que eu parei de postar nele.

É muito bom reler o que se escreveu. Eu lembro das tardes em que escrevi algumas coisas. Lembro de blogs que li para escrever outras (aliás, a maioria dos blogs que lia já não estão mais em atividade, o que é uma pena).

Vou selecionar algumas postagens, ao acaso, não as mais significativas, afinal, teria que reler tudo prá escolher. Mas, quem quiser saber o que pensava essa cabecinha há alguns anos atrás, basta visitar os links aí em baixo.

No fim das contas, dedico esse post a todos os blogueiros que passaram pela minha vida. Os que sumiram e os que permanecem. Os que estão linkados ao lado e os que a minha inaptidão internética não me deixam linkar (viu, Ariana?). Especialmente, a Rafael (que não bloga mais), mas, que me inspirou com o seu primeiro blog a fazer o meu!

Abraços a todos!


PRIMEIRO POST (Análise Virtual - 30.09.02)

Fogos de artifício, por favor... Esse é o meu primeiro momento de divã. A partir de hoje (espero), estarei falando da minha vida por aqui. Curiosos de plantão e colunistas de revistas de fofocas, prestai atenção, porque aqui só terão informações em primeiríssima mão. Aliás, quem vai fazer anãlise aqui sou eu, portanto, os analistas que por (des)ventura aproximar-se, será bem vindo. Quer saber, aqueles que quiserem ser analisados também serão. Muito bem, todos serão muito bem vindo aqui. Espero que aproveitem minha vida "agitada e excitante".

RUGRATS (Análise Virtual - 15.09.03)

Estou virando fã dos desenhos da Nickelodeon. Prá mim, o melhor desenho da atualidade é Bob Esponja. Muito bom! Mas, outros desenhos da Nick são, também, muito bons: Rocket Power, Doug. Mas, hoje, eu quero falar sobre um dos episódios dos Rugrats que eu assisti essa semana. Falava sobre o dinheiro. O melhor é que os bebês fazem coisas que nós mesmos fazemos ou deixam de fazer aquilo que deixamos de fazer. Só que eles tem a inocência para justificar como estão agindo. E o exemplo dos adultos, também. Nesse episódio, os bebês acharam uma moeda de 5 centavos e Angélica os faz cavar por todo o parquinho de areia para achar mais e ficarem ricos. Um deles não queria procurar, porque achava que já eles já tinham tudo o que precisavam. Então, o outro (acho que era Tommy) disse que tinha uma coisa que eles não tinham: "MAIS!!!"

Tiros em Columbine (Análise Virtual 2 - 25.03.05)

Vocês já assistiram esse filme? Caramba, é muito bom. Michael Moore tem um senso crítico impressionante. Já o tinha visto na TV, no The Awfull Truth, e já o achava muito bom. No documentário ele consegue que a rede de supermercados Wal-Mart (espero que isso se escreva assim, mesmo) pare de vender munições para armas de fogo. Dá prá ter uma idéia do que uma câmera consegue fazer pelos direitos humanos? A entrevista que ele faz com o ator Charlton Heston é de um poder de crítica impressionante. Ele esteve presente em reuniões de Associação Nacional de Rifles em duas cidades que tinham acabado de passar por tragédias relacionadas a armas de fogo. E ele estava lá para defender o direito dos americanos de guardarem armas carregadas em casa. Isso em um momento de grande comoção para essas comunidades. Sutileza zero para o senhor Heston, sagacidade dez para Michael Moore, que chega como membro da ANR, questionando a política da Associação. Seres humanos têm o direito à vida. Sempre! Vamos votar contra a legalização do porte de armas no plebiscito que ocorrerá em outubro. Pela vida! Recomendo o documentário. E, a propósito da temática direitos humanos, deêm uma passada em www.fernandopalhano.brasilflog.com.br. Lá está uma imagem que ilustra esse tema.

FESTA (Lonely Hearts Club Blog [Com Rafael] - 23.09.05)

Não, não tem nada a ver com a música, muito menos com Ivete Sangalo. Mas, esse blog está em festa por causa da formatura de boa parte do seguinte blog. Aliás, um dos integrantes dos Les Undergrounds é o meu sócio nesse empreendimento bloguístico: Rafael. Rafael é um cara que eu admiro aos montes. Já rasguei seda e joguei confetes nele diversas vezes nesse e nos meus outros blogs, mas, formatura justifica o elogio repetido. Faço isso prá que todos saibam que eu encontrei um irmão fora da minha casa. Parafraseando o nosso querido presidente: "Nem todo irmão é um bom companheiro, mas, em todo companheiro encontramos um grande irmão". É dessa forma que me sinto em relação a ele. Ele sabe disso. Esse post de hoje, então, é dedicado a você, irmão, que tem estado presente em diversos momentos de minha vida (bons e ruins - importantes, todos), me aconselhando, levantando meu astral, falando besteira, tocando violão, enfim, sendo você (clichê-chê-chê-chê). Mais uma vez, obrigado por estar em minha vida preenchenco um vazio que eu tinha desde muito tempo: o de um verdadeiro AMIGO!

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Revisitando os clássicos (Ou: como transformar belos contos infantis em histórias sórdidas, crueis, baixas e totalmente anti-pedagógicas)

Por: Uma moça genial que é tímida prá cacete e tem medo que o seu ego vá parar nas alturas e não volte nunca mais e, por isso, prefere ser mantida no anonimato.

História 1
Chapeuzinho 5.0

Era uma vez uma menina chamada Chapeuzinho Vermelho... (Horrível! Que idéia de jacú chamar alguém por esse nome! Não seria o apelido dela?) Tudo bem, vamos continuar e arrumar isso.
Era uma vez uma menina chamada Shirlley Sheylla Swellen Swelly (e eu não sei qual dos nomes é o pior) que era conhecida por Chapeuzinho Vermelho, só por causa de uma capa com um gorro idiota que costumava usar e fora presente de sua avó (Se era uma capa com gorro deveria ser "Gorrinho Vermelho", mas vamos abstrair).

Certo dia, a mãe dela (aquela coió, que teve a idéia brilhante de pôr no nome da filha todas as consoantes possíveis e imagináveis) a chamou e disse:
- Querida, vá levar esses doces para sua avó.
- O QUÊ? Você quer que eu leve doce praquela véia gorda e diabética? Vou acabar matando ela!
- Swelly! Não fale assim com a mãe! E vá agora fazer o que mandei.
- Tá, mas... Não dá pra pôr os doces numa cesta, ou algo do tipo? Porque esse saco do Nordestão... Sei não, viu?
- Larga de ser fresca, piveta! ... Você vai se divertir, o bosque é lindo.
- É, e tomara que o lobo me coma logo.
Então Swellen saiu e seguiu pelo lindo bosque cheio de bichinhos e flores. O dato de ela odiar animais e ser alérgica a pólen é apenas um detalhe e deve ser desconsiderado.
De repente, aparece o lobo:
- O que tá fazendo, garota?
- Interessa?
- Passeando pelo bosque?
- Não, imbecil! Plantando melancia!
- Sério? Cadê as sementes? Nesse saco de supermercado?
-... Idiota!
Shirlley berrou mais meia dúzia de xingamentos inapropriados para menores de idade e saiu "pisando duro", e o lobo observou que ela ia em direção a uma placa que indicava "Casa da Vovó" (como se a avó dela fosse a única avó do mundo inteiro...).
O lobo, que estava morrendo de fome e interessado em jantar Swelly (ou seriam as melancias?), pegou um atalho para a casa dA vovó. Chegando lá (e mesmo qualquer um que possua até um teor médio de burrice nota que ele chegou antes de Shirlley) ele bateu à porta:
-Quem é? - Perguntou a Véia.
- Sou eu...
- O que é que você quer?
- Você... (Alguém lembra dessa música? Breeega...)
Voltando ao diálogo normal, não-musicado:
- Quem é?
- O lobo.
- O que você quer?
- Matar você e sua neta.
- Tudo bem, pode entrar.
Como uma criatura bem educada, antes de entrar, trucidar a vovozinha e tomar o lugar dela na cama, o lobo limpou os pés. Alguns minutos depois, Swelly entrou perguntando:
- Vovó? Cadê você?
- Olha dentro do guarda-roupa. – Sugeriu o lobo.
Quando Sheylla abriu a porta do dito armário, deparou-se com sua vovó destripada e pendurada em um cabide (claro que ningué, acredita mais naquela história de que o lobo engole a velha inteira e ela continua viva). Swellen gritou como uma louca, até que o caçador ouviu seus apelos e foi correndo – todo posudo, espingarda na mão – deu um chutão na porta e ao ver o lobo rosnando e a vovó em pedaços, deu um gritinho histérico e desmaiou.
- Fresco! – Disse Swelly indignada antes de partir para cima do lobo distribuindo golpes de todos os tipos, que iam da capoeira ao boxe tailandês, levando, assim, o lobo à morte (com uma grande variedade de hematomas).
A cena findou magnificamente. Todos caídos, exceto Shirlley Sheylla Swellen Swelly, que estava deitada na cama da vovó comendo doces. Depois disso, ela foi feliz para sempre, abriu uma rede de churrascarias, enriqueceu e casou com o Pinóquio. Tudo isso graças ao lobo, que foi o início de sua barraca de espetinhos.


História 2
A Cinderela do Subúrbio


Era uma vez uma menina (Ah, não! A história anterior começa do mesmo jeito!) É o grande problema dos clássicos. (Clássicos estes que você anda "inovando", transformando a Chapeuzinho em Sra. Pinóquio?!) Bem, que seja...
Era outra vez outra menina chamada Cinderela (outro nome feio), que era muito bonita e vivia feliz com sua família. Ou pelo menos era o que ela pensava. O pai dela era um raparigueiro e por isso foi largado pela esposa, que como um bom exemplo de ex-mulher, ficou com o carro, a casa de campo e tudo o mais que pôde. Exceto com Cinderela (claro. A mulher era uma peça ruim que só queria uma oportunidade para fugir com o primeiro gringo que aparecesse. Para quê iria querer a guarda da filha?).
Estando sozinho (e liso), o pai de Cinderela (já repararam que os coadjuvantes de contos-de-fadas nunca têm nome? Só têm profissão, raça ou parente! É O lobo, A madrasta, O pai de Fulana, O caçador, O vendedor de borracha para panela de pressão...). As interrupções estão tão longas que um tal de narrador está perdendo a linha de pensamento (foi mal).
Como eu ia dizendo, o pai de Cinderela casou-se com uma mulher muito rica (uma cafetina) que tinha duas filhas gêmeas (elas rendiam dinheiro a não mais poder... Existe tanta fantasia estranha nesse mundo!). Nadando no dinheiro, ele voltou às farras e morreu de cirrose.
A madrasta ganhou uma grana preta com o seguro de vida do falecido, vendeu o cabaré (ao Pinóquio) e passou a viver de atormentar a pobre Cinderela (que era uma songa-monga, diga-se de passagem). A pobrezinha fazia o que lhe mandassem, sem contestar. A menina passava os dias a cuidar da casa e a escrever cartas ao programa do Netinho na esperança de ganhar "Um Dia de Princesa" (pobre até de espírito).
Certo dia, a oportunidade bateu á sua porta (não, não era o Netinho, era o mensageiro do reino). O rei iria dar uma festa para encontrar uma noiva para o príncipe (já que o cara era um "loser" completo e não pegava ninguém que não tivesse interesses econômicos). A madrasta estabeleceu de imediato que Cinderela só poderia ir ao baile se terminasse todo o serviço de casa e arrumasse roupas decentes e adequadas por conta própria (afinal, shortinhos do "É o Tchan" estavam fora de cogitação...).
As gêmeas passaram a semana inteira revirando a casa para que até o dia do baile Cinderela não tivesse terminado seu trabalho. Suas meia-irmãs (e se são meia-irmãs, as gêmeas juntas são uma irmã inteira?) essa foi péssima! (Meu segundo nome é "Infame"). Bom, as gêmeas sujaram tudo o que havia na casa, exceto as roupas que usariam no baile.
No dia da festa o trio de megeras saiu de casa bem cedo para o salão de beleza (o que não deveria dar muito resultado, já que as donzelas pareciam um rascunho torto de Cérberus, feito com um lápis de ponta quebrada) e Cinderela ficou em casa pinicando. Limpando um velho armário a moça encontrou uma lâmpada suja que, ao ser lustrada, libertou um gênio e (história errada) opa.
Então! Cinderela aproveitou que estava sozinha em casa, acessou o google e digitou "solução de problemas" ("Estou com sorte"). Caiu direto em um site de fadas-madrinhas. (R$59,90 por mês por um login? Cruzes.) Já no Orkut (que é de graça), o nome "Fada Madrinha da Cinderela" correspondia a apenas um perfil. Após 10 minutos de conversa via scrapbook e msn e a fada chegou lá voando (e ainda diz que eu sou infame) e dizendo afoita:
- Já contratei a Branca de Neve e os Sete Anões para limparem a casa por uma quantia módica de moedas de ouro, nada que não valha a pena. Também havia encomendado o seu vestido a uma tal de Aurora, mas parece que desde que parou de usar dedal a criatura dormiu e não acordou mais, então dei uma passadinha na Daslu e trouxe um vestido para você usar com um underbust Madame Sher super bem... (haja grana).
- Tá. Calma. Mas eu vou de pés descalços?
- Droga, eu bem que sabia estar esquecendo alguma coisa! O jeito é improvisar, então vamos seguir a tradição: tem algum enfeite de cristal por aí?
- Não, minhas irmãs quebraram todos na última briga pelo secador de cabelos. Serve porcelana?
- Muito frágil. Tive uma idéia.
A fada entrou na cozinha e, com um lampejo prateado, voltou trazendo um par de sapatos transparentes.
- Aquele pirex não iria servir para nada melhor. Agora temos que pensar em um modo de lhe levar até o castelo. Alguma fruta grande aí? Melancia, melão... serve abóbora.
- Acho que só tenho uma goiaba.
(A cena seguinte foi suprimida em prol dos leitores de estômago mais frágeis que provavelmente não gostariam de ver um verme gigante sair de uma carruagem-goiaba para perseguir nossas personagens).
Recompostas após a fuga, a fada cedeu à Cinderela dois tickets de ônibus com um ar muito sério:
- Lembre-se de voltar antes da meia-noite.
- Oh! É algum encantamento?
- Não, é só que depois disso você terá perdido o último ônibus.
Cinderela cheogu deslumbrante, causando inveja a todas no baile. Dançou com o príncipe a noite toda, encheu a cara de pitu e quase perdeu a hora. Como estava trêbada, perdeu um dos sapatihos na escadaria do palácio, antes de alcançar o último ônibus e vomitar pela janela.
No dia seguinte, correu pelo reino a notícia de que o príncipe casaria com a dona do sapato perdido. Todas as moças tentavam de algum modo provar que eram donas do tal objeto. As irmãs de Cinderela já haviam tentado enganar o príncipe quando descobriram que a maior prova de posse estava em sua casa. Revoltaram-se. Se elas não poderiam converncer o príncipe, não seria Cinderela que iria fazê-lo. Tomaram o sapato da mão da menina e jogaram-no com toda a força contra a parede, com um sorriso maligno. Antes que as gêmeas pudessem cantar vitória, nossa heroína anunciou, com um sorriso de esperteza recém-desenvolvida:
- É Duralex!
Correu até o palácio com o calçado reluzente e impecável e calçou-o na frente do príncipe, que logo se convenceu de que era ela mesma (não por causa do sapato, mas pela cara de ressaca).
Provavelmente não foram felizes para sempre!

domingo, 9 de dezembro de 2007

"Não se preocupe em entender, viver ultrapassa todo o entedimento"

Hoje, dei-me conta de uma questão que, até ontem, jamais passara pela minha cabeça. Nove de dezembro de 2007. Trinta anos da morte de Clarice Lispector. Eu não convivi no mesmo tempo que ela. Na verdade, ela morreu cerca de cinco anos antes que eu nascesse. Gostaria de ter compartilhado os anos com ela.



"Eu escrevo sem esperança de que o que eu escrevo altere qualquer coisa. Não altera em nada... Porque no fundo a gente não está querendo alterar as coisas. A gente está querendo desabrochar de um modo ou de outro..."

Eu também, Clarice... eu também!

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Saiu o resultado do concurso.

Saiu antes da hora.

E eu não ganhei nada.

Infelizmente, porque, eu achei que dava...

terça-feira, 27 de novembro de 2007

O Íntimo Mais Profundo!

Uma hora: Agora! Em que horário uma pessoa notívaga se sente mais à vontade, se não, à noite?Um astro: se corpo celeste: a Lua; se gente: Ronaldo Fenômeno e Rubens Barrichelo (juro que é sério!)
Um móvel: A minha redinha tão gostosa de dormir...
Um líquido: Depois que eu descobri a vida sem coca cola, um bom suco de mangaba!
Uma pedra preciosa: Boa pergunta... vou de Rubi, por causa da cor e da novela mexicana - hahahahahaha
Uma árvore: Jambo - Tem coisa mais linda que a calçada de uma casa que tem um pé de jambo, na época da floração?
Uma flor: Rosa e Cravo (de preferência, que eles não briguem em baixo de uma sacada)
Uma cor: Rojo... Rubro... Vermelho... da cor desse blog... da cor do cabelo do Nando Reis... da cor da camisa do América de Natal!
Um animal: A carpa que tatooarei
Uma música: São tantas... mas, hoje, uma delícia de coco, chamado "Coco Sincopado", de Jacinto Silva. Ouçam Jacinto... o cara é gênio!
Um livro: O Amor nos Tempos do Cólera, do Gabo e Meu Contos Preferidos, de Lygia Fagundes Teles, que eu amo, alucinadamente.
Uma Comida: Salgada... não sou fã de doces...
Um lugar: Dos que eu já conheço? A praia de Ponta Negra. Dos que eu ainda conhecerei? O Edifício Itália!
Um verbo: Pensar
Uma expressão: É justo... (falo isso o tempo todo!)
Um mês: Maio, afinal, só se faz aniversário em um mês do ano.
Um número: 10
Um instrumento musical: violino, rabeca e qualquer um que seja de percursão, já que eu desisti de qualquer instrumento que envolva musicalidade para me concentrar nos que envolvem apenas o ritmo.
Estação do ano: Inverno, embora tenha muita dificuldade com o frio (20º - hahahahaha) que faz em Natal. Sou da noite... não gosto de sol...
Um filme: 2001 - Uma Odisséia no Espaço; Tudo Sobre Minha Mãe; Vanilla Sky.

Então... Lu Longo pediu, tá mandado! Aliás, você que é novo por aqui, já viu a história que escrevemos (eu, Lu Longo, Lala Flores, Débora Jafet, Tita Tróia, Amandita e Lucinéia)? Não? Procure no mês de março... vale à pena. Eu tenho links para todas as partes dela. Cês vão gostar.

Semana muito boa!

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

SOBRE: Religião Não Se Discute

Prá quem já lê esse blog há algum tempo, o título desse post não é estranho. É porque não é prá ser, mesmo, né?

Quando comecei o blog, escrevi três textos que chamei de "A Trilogia das Três Cores": Desejo, Amor e Meet My Blue Melancholy. Então, em um momento de pouca inspiração, acabei postando um texto que já estava escrito, há muito tempo, que se chamava "Futebol Não Se Discute". Daí, pensei que poderia escrever uma trilogia sobre isso, também. Depois do futebol, não se discute religião e política.

Adoro política, mas, escrever um texto cômico sobre o tema é, prá mim, um pouco complicado. Ainda mais com a concorrência que os comediantes têm com o mundo real, né?

Sobrou prá Religião. Religião é um tema tabu. E eu adoro essas coisas. E esse foi um dos meus textos que mais me agradou. Eu sou fã de algumas coisas que escrevo. "Desejo" - lá do começo - é um deles. Mas, acho que esse outro até o supera.

A idéia dele veio junta à idéia do primeiro texto do casal Caio César e Nádia Maria. Mas, demorou muito prá sair. Foi muito melhor, assim.

Não precisa dizer qual o meu personagem preferido, precisa? Acho que acaba sendo o preferido de todo mundo que gosta do conto. Vítor, aliás, sempre quer chamar o conto de "O Diabo Veste Prada" - hahahahahahaha

Mandei esse conto - com algumas adaptações - para o concurso da Cooperativa Cultural Universitária. E, meu plano, agora, é transformá-lo em curta. Tou torcendo prá ganhar o concurso prá investir nisso. Torçam prá mim. Quem sabe, se a gente não consegue assistir "A Peleja do Diabo com o Dono do Céu", né?

O resultado sai no dia 12/12. Acho que os meus contatos que trabalham com roteiro já estão torcendo prá mim!

Hoje eu postei uma infinidade de coisas.

Prá descontar o tempo sem postar nada!

Xeros prá todos!

Sobre: Toda Nudez Será Premiada

Outro texto que já estava escrito há muito tempo. Estava no caderno, só esperando a hora de vir prá cá. Eu gosto dele. Deveria ter sido o terceiro texto da série "Não se discute", mas, acabou que não daria certo se fosse. Então, mudei de idéia e ele acabou saindo esse.

Tem García Marquez, aí.

Audacioso? Quem? Eu?!?!

Mas, tem, sim. A idéia de fazer a trajetória do personagem aparecer de maneira especular é toda dele. Se vocês prestarem atenção, o que ele faz à noite, é a cópia em espelho do que fez pela manhã. Agora, a discussão, mesmo - certo, agora eu me superei, né? - é a questão da nudez. Obviamente, não a nudez física, mas, a nudez daquelas roupas que a gente veste e escondem o que a gente é.

Na história, a nudez é um símbolo do livrar-se de algo que o prende. É ser feliz sem se deixar atrapalhar por outras coisas que não seja essencial à felicidade.

É isso. Felicidade! Sempre!

SOBRE: Terriversos

Eu sou péssimo prá isso, né?

Não sei como é que eu me atrevo a publicar esse tipo de coisa, mas, ao menos, avisei a todos que se tratavam de "Terriversos". Quem leu, leu porque quis, né?

Prá não dizer que eu não gosto de nenhum deles, o soneto me agrada. Simplesmente porque é um soneto.

Isso estava escrito há muito tempo, mas, tava no caderno. E, quando eu escrevo no caderno, fico com uma preguiça tão grande prá colocar no blog. Nesse dia eu tava disposto, aí, digitei aqui. Os Terriversos e o outro texto, sobre o qual falo em seguida.

Bem... é isso. Não tenho muito o que falar sobre ele.

SOBRE: Dos Peixes e Cérebros e Teorias

Adoro Caio César e Nádia Maria. Eu acho que eles funcionam. Eu consigo até ver os dois conversando. Já até disse que eles são meus Rui e Vani - hahahahahaha

Fazia tempo que não escrevia nada aqui, diretamente, como sempre fiz. Ontem, resolvi fazer. Nada mais justo que voltar com meus personagens preferidos. Juro que eu tenho tentado escrever mais, mas, as histórias têm passado muito mais tempo na minha cabeça que o normal.

Mas, vamos falar sobre esse, específico. "Dos peixes e cérebros e teorias" nasceu de uma única frase. Aliás, eu estou coletando frases. Cada vez que uma frase me chama atenção, eu anoto prá usar depois. Normalmente, eu peço licença ao dono dela. Nesse caso, o dono fui eu mesmo. Uma amiga, certo dia, reclamando da vida, disse que queria mais era ser um peixe. E eu disse a ela (ou pensei em dizer, não lembro ao certo): "Nam... eu uso demais o meu cérebro prá me contentar em ser peixe". E achei que essa frase podia ter um efeito cômico legal. O resto da história foi crescendo. E acabou chegando nisso que está aí.

Espero que tenham gostado.

Xeros e até a próxima!

P.S.: Quase esqueço de dizer isso, mas, a Poli (que é um amor) disse que seguindo a lógica da Nádia, as pessoas carecas são mais evoluídas... eu diria que ela - Nádia - tem uma certa tendência (herança de parte materna e paterna) para a calvície!

domingo, 25 de novembro de 2007

Dos peixes e cérebros e teorias.

- Na próxima encarnação, quero voltar como um peixe.
- Cê tá doido, Caio César? Peixe?
- Claro, Nádia. Imagina: passar o dia todo sem ter a menor preocupação com nada. Aliás, a única preocupação que você teria seria essa. O nada. Ah... que maravilha... nadar na imensidão do mar...
- E ser perseguido por um predador. Às vezes eu acho que você poderia voltar como camarão, Caio César. Parece que os dois têm a mesma coisa na cabeça.
- Camarão, Nádia?
- Pois eu me recuso a ser um peixe na próxima encarnação. Eu uso demais o meu cérebro pra me tornar uma criaturinha de cérebro minúsculo.
- Ah, agora tá me chamando de burro.
- Não, meu bem... eu não estou lhe chamando de burro. Estou dizendo que, euzinha, aqui, não quero ser um bicho de cérebro pequeno.
- Macacos têm cérebros grandes.
- Muito peludos.
- Cê ta muito exigente, hein? Eu acho que deve ter alguma lei cármica que puna pessoas exigentes.
- Claro que não. A exigência é uma prova da evolução espiritual. Meu espírito já está tão evoluído que não caberia mais em um peixe. Ou em um bicho cabeludo. Afinal, a evolução do senso estético está junta à evolução espiritual.
- Ah, não... agora você tá sendo preconceituosa prá cacete.
- Claro que não, Caio... é uma teoria séria que eu tou desenvolvendo há muito tempo. E eu posso comprová-la, quer ver?
- Óbvio.
- Pois muito bem. Cê lembra do marido da tia Joana?
- Lembro.
- Cê conhece alguém que seja menos evoluído q ele? Porque eu não conheço! E era peludo demais.
- Tá, é verdade. Deve ser uma das menos evoluídas q eu conheço, também! E uma das mais peludas. Mas, daí a generalizar, né, Nádia... tem uma distância.
- Ah... mas, você tá esquecendo de um detalhe que é importante, benzinho. A tia Joana... casou com ele, começou a conviver, portanto, involuiu, também. Resultado: o buço da mulher parecia buço de dançarina de flamenco.
- Não... não dá prá acreditar que você esteja dizendo isso.
- Como não, Caio. As provas são irrefutáveis.
- E o Tony Ramos? O cara é muito legal.
- Ah, não... você também acredita na cara de bonzinho do Tony Ramos?
- Tá, Nádia... digamos, como muito esforço de minha parte, que você tem dois casos que comprovam sua teoria, porque o Tony Ramos eu não aceito incluir. O que faz você achar que o resto da humanidade segue essa lógica?
- Porque eu tenho mais casos, meu bem: Franciso Aílton, que trabalha comigo... lembra dele, né? Peludaço, o cara. Me mandou um e-mail com dicas de segurança.
- E qual o problema disso?
- Caio César, a dica número três dizia: “Se o bandido estiver armado e você não estiver sob controle dele, SEMPRE CORRA! O bandido só acertará um alvo móvel 4 vezes em 100 tentativas. E, mesmo assim, muito provavelmente NÃO acertará um órgão vital. COOOOOORRRRRRRRRRRRA!”. Dá prá acreditar nisso? Tem que ser muito pouco evoluído prá dar um conselho desses.
- Nádia Maria eu estou em choque.
- Eu sei... sua mulher é um gênio, não é?
- É... um gênio do mal... meu Deus... eu me casei com o Himmler e não sabia...
- Himmler? Você sabe quem foi Himmler, Caio César?
- O ministro do Hitler... o cara que sabia tudo de propaganda...
- Goebbels, Caio César... esse era o Goebbels... o que é isso saindo na gola da sua camisa, Caio César? É pêlo?

- Vamos pra casa da sua mãe... agora mesmo!

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Terriversos

Cava a cova que se enterra
Enterra a terra que é inteira
Inteira a telha que é da casa
Casa o caso que é fato
Fato é o barco que navega
Navega a viga que sustenta
Sustenta é tenta mais um susto
------------------------x------------------------
Quero um poema
Que não me mostre
Que não tenha imagens
Nem símbolos escondidos.
Um poema para ser lido
Enquanto em nada se pensa
E que a canto algum leve
Que não construa nem reconstrua
Um soneto que quero
Por ser um soneto
Sem rima nem métrica
Que não faça sentido
Mas caiba dentro
De duas quadras e dois tercetos
------------------------x------------------------
A fó(ô)rma
A árvore bela e frondosa se mostra acolhedora
A todos aqueles que à sua sombra buscam
E seus frutos desejam comer para a fome matar
Ou, apenas, lá querem estar a nada fazer
Sem esperar a queda da maçã
Para nada descobrir ou estudar
Mas, só estar. A ler
Quem sabe? Esta
Poesia, tal
vez. Que
nada
trará
nada
dirá
nada
acres
cent
ará
Mas
que queira ou não
forma de árvore tem
das folhas às raízes.

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Toda Nudez Será Premiada!

Acordou, como todos os dias. Como todos os dias, também, ajoelhou-se ao lado da cama e fez suas orações matinais. Agradeceu a Deus por estar vivo, pelo café-da-manhã que ainda tomaria, pelo emprego para o qual ainda não se dirigira. Terminada a lista de agradecimentos, leantou e deirigiu-se ao banheiro.
Conferiu o próprio rosto no espelho. As olheiras haviam aumentado consideravelmente desde ontem. Pegou o barbeador elétrico e começou a aparar a barba que cultivava desde os 25 anos de idade. Terminou. Escova e pasta de dentes. Três bochechadas no lado direito. Três no esquerdo.
Foi até a parada do ônibus. Olhou o relógio. Faltavam dois minutos e meio. Preciso. Subiu no ônibus. Nada de lugares para sentar. Ficou em pé, ao lado da senhora com cara (e cabelo) de poodle de madame. E ela não lhe pediu sua pasta.
Puxou a cordinha e atravessou o ônibus, ainda lotado, para descer. Caminhou dois quarteirões até a repartição. Trinta e seis degraus. Os bom-dia de sempre. O birô. Dez horas da mesma coisa.
Os boa-noite de sempre. Trinta e seis degraus. Dois quarteirões até chegar à parada. A senhora com cabelo (e cara) de poodle que não lhe pediu sua pasta. Parou perto de casa. Olhou o relógio. Dois minutos e meio para a padaria fechar. Preciso. Entrou em casa. Jantou e foi ao banheiro. Pasta e escova de dentes. Três bochechadas do lado esquerdo. Três no direito. Ajoelhou-se ao lado da cama. Agradeceu o dia que tivera, o trabalho, a refeição, por estar vivor, enfim. Terminados os agradecimentos, deitou-se.
E dormiu.

Acordou. Levantou-se e foi beber água. Foi ao banheiro e escovou os dentes. Urinou sem levantar a tampa do vaso. Tomou banho e foi esperar o ônibus. Olhou o relógio. Três minutos antes do ônibus passar. As pessoas na parada lhe olharam espantadas. Algumas apontavam e riam, cobrindo a boca, disfarçadamente.
Entrou no ônibus e procurou seu lugar ao lado da mulher-poodle e lá instalou-se. Viu a cara de espanto que a mulher fez quando olhou para ele. O desconforto dela era visível. Não levou um minuto até que ela se levantasse e saísse, praticamente, o atropelando.
Iria para o trabalho sentado. Não entendia o porquê, mas, estava satisfeito, assim mesmo.
Levantou-se quando chegu à sua parada e, supresa, não foi difícil chegar até à porta. Era como se as pessoas que lá estavam abrisse caminho para ele. Lembrou o Mar Vermelho.
Dirigiu-se para a repartição e observava, curioso, o espanto das pessoas que o viam. Não entendia, mas, continuava andando. Os bom-dia de sempre. Sem respostas. Trinta e seis degraus e expediente.
Terminando-o, a volta para casa repetia a manhã. Desceu perto de casa. Olhou o relógio. Um minuto e meio para a padaria fechar. Entrou e pediu. A moça lhe olhou estranho - Algo errado? - não resistiu - tem, por acaso, alguma ferida cheia de pus na minha cara? - levantou a voz.
- Não, senhor - e baixou a vista.
Chegou em casa, deixou o pacote dos pães em cima da mesa e foi diretamente para o quarto. Abriu a porta do guarda-roups e olhou o espelho grande pendurado. Estava completamente nu. Não tinha a menor idéia de como não havia percebido antes.
Caiu na cama atordoado e dormiu.

Acordou e levantou-se. Foi ao banheiro e olhou no espelho. Pegou o barbeador e percebeu que não tinha mais olheiras. Decidiu tirar a barba e assim o fez. Ajeitou o cabelo e saiu.
Estava sem roupa e sabia.
O lugar da poodle estava vago e ele sentou.
Levantou e esperrou que o corredor se abrisse para a sua passagem.
Bom dia, chuchu e como vai, amoreco?, no lugar dos bom-dia e silência.
Fim do expediente e até amanhã, queridas.
Ria alto e contava piadas para ninguém específico, no ônibus.
Beijou no rosto a moça da padaria.
Dormiu feliz.

Três dias de felicidade.
Sobe no ônibus.
Surpresa.
A poodle sentada.
(Não parecia poodle desse ângulo)
Sem roupa.
Senta ao seu lado.
Conversam.
E riem.
E coram.
E choram.
E param.
E beijam.
E calam.

domingo, 9 de setembro de 2007

Alter-Nando Leituras

Boas horas, amigos...


Voltando, um pouco, às origens desse blog e relembrando bons tempos (homenageando uma amiga, também) vai aí um pouco de escrito dos outros. Hoje, temos uma das maiores poetas da língua portuguesa (não gosto de usar "poetisa". Parece-me que cria uma categoria à parte e que, só entre as mulheres, ela seria grande, o que não é, em absoluto, verdade): Florbela Espanca!

A poesia de Florbela é de uma beleza incrível. Como não sou bom para ler poemas, não sou bom para analisá-los. Então, gosto daqueles que me fazem ver coisas bonitas, que me provocam (e que evocam) belas imagens. Florbela me faz isso. Acho que isso é poesia! O que vem aí é um soneto que está na "Antologia de Poetas Alentejanos".

Deleitem-se!

Horas rubras

Horas profundas,lentas e caladas

Feitas de beijos sensuais e ardentes,

De noites de volúpia, noites quentes

Onde há risos de virgens desmaiadas…

Ouço as olaias rindo desgrenhadas…

Tombam astros em fogo, astros dementes.

E do luar os beijos languescentes

São pedaços de prata p’las estradas…

Os meus lábios são brancos como lagos…

Os meus braços são leves como afagos,

Vestiu-os o luar de sedas puras…

Sou chama e neve branca misteriosa…

E sou talvez, na noite voluptuosa,

Ó meu Poeta, o beijo que procuras!

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

A Noite

A noite já se aproxima da metade e você ainda não pregou o olho. São duas e dezesseis da madrugada e tudo o que você quer é uma banda que toque, com você, cover dos Secos e Molhados. Nem precisa se vestir igual ao Ney Matogrosso. Mas, nem cantar você canta. E daí? Você quer cantar. Isso é sintomático, podem dizer de você. É. Pode. Mas, sintoma do quê? Sei lá. Sintoma de que você quer dar vazão a um chamado para a arte que grita no seu inconsciente com força ou, simplesmente, que a hora de dormir já passou, e muito, e tá mais que em tempo de sair da frente do computador e cair nos braços de Morfeu. Acontece que essa última hipótese é tão besta que você a deixa de lado.

Não. É a arte. A arte que pulsa em suas artérias é a que não lhe deixa dormir! E você começa, até, a preparar o set-listing da sua apresentação. Claro que não pode faltar Rosa de Hiroshima. Mas, começaria com ela? Não, não. Melhor seria começar com Flores Astrais afinal, a noite em que você não dorme, é de lua cheia. Estou certo que, nela, há vermes passeando. Depois viria Fala e Mulher Barriguda. Talvez você queira colocar uma ou outra músicas dos Mutantes. E aí você precisaria de um vocal feminino para fazer a voz de Rita Lee em "O Seu Refrigerador Não Funciona"! Mas, ficaria ótimo. Decidido. Procurar um vocal feminino para a sua banda cover.

Não. É o sono. O sono que já entorpece o seu cérebro com os hormônios lançados em sua corrente sangüínea e que, mesmo que você não saiba quais são ele, sente-os agir. Sente que eles fazem suas palpebras ficarem mais pesadas e seu cérebro diminuir a atividade. Muito menos glamouroso (perdoem-me os dicionaristas, mas, eu não consigo que uma palavra que se escreve "glamorosa" esteja por aqui. Escrita dessa forma ela perde todo o glamour), muito mais provável. E, se você não entende nada de hormônios ou de ação deles no cérebro ou de glamour, você não consegue entender por que raios está pensando isso. E conclui que só pode ser o sono, sim!

Muito bem. Chega a hora de se render. Levantar da cadeira, desligar o computador e ir dormir. Amanhã o dia é tão longo e você não gostaria de ter que enfrentá-lo. Gostaria de, simplesmente, ficar em casa. Mas, não pode. Tem que sair e estudar e trabalhar e encontrar amigos e nem tão amigos e uma série de outras obrigações e (até) divertimentos. Você nem entende mais porque ainda está aqui e acredita que só pode ser porque gosta, nem que seja um pouquinho, de quem escreveu. E o ordinário ainda pensa que é alguma coisa - risadas, muitas risadas - você poderia apostar que ele está escrevendo tudo o que vem à mente, sem nenhum critério, sem nenhuma ordem de escolher isso ou aquilo. Ele está jogando. Claro que está.

Se ele fosse você, apostaria que é isso mesmo. Mas, o calhorda desistiu de fazer você esperar que isso chegue em algum lugar, porque, como você mesmo já percebeu, não vai. Então, ele resolve parar por aqui mesmo. E lhe dizer que espera que você volte por aqui mais vezes, mesmo que para se deparar com algo que não vá gostar. Ele manda lhe dizer que é isso mesmo. Que nem sempre encontraremos o que gostamos (ou gostaremos do que encontramos). Enfim, ele está encantado com a sua visita e lhe deseja uma boatraçonoite e que você volte sempre poiserá muito bemtraçovindo!

segunda-feira, 30 de julho de 2007

Religião não se discute!

(Ou: A Peleja do Diabo com o Dono do Céu).

São Pedro usava, agora, um terno, muito elegante. Risca de giz, modelo italiano, com uma gravata vermelha (o símbolo do martírio). Tudo sob medida. Poderia passear entre nós sem chamar atenção. Sem asas, ou auréolas - é a modernidade, é a modernidade, dizia São Paulo, que o convencera a adotar o visual - o único que o denunciaria: o molho de chaves penduradas no cinto. Delas ele não abria mão, afinal, o próprio Senhor as deu, era o que sempre dizia.

Um estouro e o cheiro de enxofre subiu. São Pedro olhou por cima dos óculos e examinou de alto-a-baixo a figura que entrava. Não acha que carregou um pouco na maquiagem, Lúcifer?, perguntou, pelo que me contaram você já foi mais discreto. Águas passadas, meu bem, águas passadas. E essas, não movem moinhos. Lúcifer era a imagem do exagero, nos últimos tempos. Vestia uma calça preta que marcava o contorno das pernas, com uma blusa branca, com um decote tomara-que-caia, exageradamente, justa. Por cima, uma capa preta de fundo vermelho (o símbolo do pecado) que se prendia ao seu pescoço e aos seus pulsos. E o sapato. Um bico finíssimo, assim como o salto, que devia acrescentar uns 15 centímetros à sua altura. As unhas compridas e, também, vermelhas. No rosto, toneladas de cores. Ele orgulhava-se de ter inspirado as primeiras drags, com seu visual, adotado nos anos 60, bons tempos da revolução!

Todo-Poderoso tá aí?, tenho muito tempo prá perder, não! Já estava indo em direção à porta. Ouviu um pigarro. O que foi, criatura? São Pedro balançava as chaves. Ah, não, toda vez que venho aqui é a mesma coisa? Por que você não deixa logo a porta aberta? Já sabe que eu não tenho o menor pudor em mentir e vou passar no seu teste prá abrir a porta, mesmo. Pedro responde: Protocolo, camarada, protocolo. Pedro, quem diria... você virou um burocrata - dizia Lúcifer enquanto gesticulava afetadamente - de pescador, de peixes e de almas, bispo de Roma, homem de ação. Martirizado. Foi de cabeça prá baixo, não foi? E prá que criatura de deus! Prá virar um burocrata. Você nunca achou que os seus talentos estavam sendo desperdiçados por aqui? Não, porque eu tenho uma vaguinha, lá em baixo que... Vade retro, Satanas! Conheço os seus ardis, viu, serpente? Lúcifer batia com a ponta do pé no chão. Raivoso, mas, com cuidado para não quebrar o salto. Vamos ao protocolo? Vamos, concordou, torcendo a boca, o Coisa-Ruim.

Quem é o Senhor do céu e da terra?
A gente precisa passar por isso, mesmo?
Resposta errada! Quem é o Senhor do céu e da terra?
É o altíssimo, era Lúcifer quem dizia, o inominável para os judeus, Javé para os cristãos, Jeová para as suas testemunhas, Alá para os muçulmanos, - ía olhando para cima e fazendo caretas enquanto dizia os nomes e os contava nos dedos - Krishna para os hindus, Ogum-Iemanjá-Oxum-Iansã-e-outros-mais para os umbandistas, nada para os ateus, etc, etc, etc...
Viu, nem doeu nada. É só passar, agora. Ele já está lhe esperando. O réu, também!

Lúcifer - a voz que soava como trovão era muito familiar - belo, como sempre. Minha criação preferida. Nem tente me aliciar, meu bem. Estou ótimo lá em baixo. Só temos negócios em comum. Nada mais. Muito objetivo, também, como sempre. Tem coisas que não mudam nunca. Muito bem, vamos aos negócios, então. Por que você pediu a audiência? Por que eu não quero aquele ali comigo - disse e apontou, com o impressionantemente fino indicador direito para a figura que parecia não presenciar nada do que se passava com ele - o último ditador que morreu, aquele que foi enforcado, já está lá. Você não imagina o inferno que vira a minha vida tendo que lidar com o ego inflado dele. Mais um e eu vou criar um inferninho privado, hein? Aquilo vai virar um pandemônio. Eu trouxe a lista dos condenados e é só fazer uma comparação rápida, no último século, e a balança pende, e muito, para o meu lado. Por falar nas listas, Lúcifer, você achou o cantor das costeletas e topete que não estava na minha lista? Não, não achei. Na minha lista ele também não está. É, parece que ele não morreu.

Mas, voltando ao assunto, você não pode reclamar do último - soou a voz de trovão - foi um sorteio. E você concordou com as regras. Eu não tive escolha. Claro que teve. Minhas criações sempre as têm! Lúcifer suspirou fundo. Ok, ok. Mas, com esse eu não aceito sorteio, não. Muito bem. É um direito que lhe assiste. Tenho uma proposta, então: Vamos fazer um julgamento à moda antiga. Só se eu tiver direito a recurso. Combinado.

Pedro, compareça à sala de julgamentos, era o alto-falante. São Pedro se espantou. Fazia muito tempo que a sala de julgamentos não funcionava. Depois da informatização dos sistemas, no Céu, o defunto recém saía da terra e, antes de esfriar, já sabia quais as punições que iria receber na eternidade. Só podia ser um caso muito especial. Ele ficou tão atordoado que não lembrava mais, ao certo, qual era o procedimento-padrão. Não sabia nem se podia entrar na sala usando o terno, ou se tinha que trocar a roupa. Resolveu usar o visual tradicional, enquanto pegava o livro dos registros com uma mão e as chaves da sala com a outra. Entrou.

Onde está o seu terno-burocrata novo, Pedro? Você ficava muito mais elegante com ele, escarneceu Lúcifer. Sou obrigado a concordar com ele, Pedro, você estava muito melhor no terno. Perdão, senhor, perdão. Não precisa disso tudo. Bem, vamos realizar um julgamento, extraordinário, que fique claro, para decidir o destino daquele cidadão ali - novamente, o longo dedo de Lúcifer apontava para o pobre coitado, dessa vez, acompanhando a voz do Onipotente. Senhor, deve haver algum engano. Eu não tenho o registro dele no livro dos mortos. E eu lá sou de me enganar, Pedro. Quem foi que disse que o nome dele está no livro dos mortos? Procure no dos vivos. Lúcifer está segurando ele vivo para ele não ir lá prá baixo.

Ah, encontrei! - e ajeitando os óculos para leitura na ponta do nariz - Nome: Pavel Pastro. Profissão: Ditador de ilha caribenha. Boas ações: Educação de alto nível, desemprego baixíssimo, saúde pública de qualidade e desportistas bem sucedidos. Pecados: Censurou a imprensa, proibiu opositores, caçou desertores, condenou diversos ao paredón, nega a existência de Deus e, meu Deus, quanto ousadia, amigo e conselheiro de Vázquez, presidente do país vermelho (a cor da Internacional) da América do Sul.

Barbada! Inferno, fácil, fácil, disse São Pedro. Lúcifer, fazendo força para ignorá-lo, se volta para o Santo dos Santos. Não. Pro inferno, não - e se jogava de joelhos na direção em que vinha a voz - Eu apelo para o seu bom senso. Para a sua sabedoria. Não foi ela que você deu a Salomão? Pois bem. É prá ela que eu apelo. Pense bem. Eu já tenho comigo o chileno e o iraquiano. O iraquiano foi sorteio, lembre disso, e o chileno está dentro do rodízio. Eu fiquei com o paraguaio e com o iugoslavo. Mas, eu estou com o médico, o amigo dele, disse baixando a voz, parecia ter medo de acordar o outro. Já pensou se os dois se juntam e resolvem dar um golpe? Eu não daria muito tempo para as idéias dos comedores de criancinhas chegarem aqui em cima.

Pavel - soou a voz de trovão, novamente - Pavel Pastro, acorde, homem. O velho ditador abre os olhos. Estranha o lugar onde está e pisca forte. Percebe que nada vai sumir e coça a barba. Procura o quepe verde-lodo e se coloca na cabeça. ¿Dónde estoy?, falava em espanhol, afinal, falar em qualquer outra língua poderia ferir a soberania nacional. Você está na sala de julgamentos do paraíso, respondeu Pedro. ¿Y quién es usted? São Pedro, secretário-geral do paraíso. ¿Paraíso? No hay paraíso. ¡La religión es el opio del pueblo! - Sempre a mesma história - era Deus - Foi exatamente assim com Marx, Rosa Luxemburgo, Lenin, Stálin... sempre a mesma ladainha. Antes que você pergunte - todos perguntam - eu sou Deus. Não, não diga ¡No hay Deus!, porque existe, sim. E tá bem aqui, na sua frente. E você, Lúcifer, pare de copiar meus gestos - ele tinha a mania de imitar Deus quando ele usava esse tom autoritário.

A questão é simples, Pavel, você está muito doente. Prá falar a verdade, você não morreu ainda, porque a gente ainda não chegou a um acordo para decidir onde você deve ir. Resolvi lhe acordar prá saber a sua opinião. Vamos ver se ela pode ser levada em consideração no seu julgamento. Bueno, si así es... Pedro tomou a palavra. Senhor, como membro do Conselho para Assuntos de Interesse do Paraíso, é meu dever dizer que isso é muito perigoso - olhava Deus por cima dos óculos - Já imaginou o precedente que o Senhor está abrindo? Fica na tua, cafona, Lúcifer voltava a se agitar, deixa o homem falar. Quieto, Lúcifer. Pedro, você tem razão. É perigoso, sim. Ah, não, no meu tempo as coisas não eram assim. Palavra dada não se voltava atrás. Como mudam as coisas, hein, senhor? E eu achando que quem mandava por aqui ainda era o senhor... Por outro lado - a voz grave, novamente - nada como um pouco de perigo para tornar a vida mais animada, não?

Então, hombre, qual destino lhe parece mais adequado para você? Bueno, les decía que... ¡Rechazo ambos! ¡No quiero murir! ¡Muerte a los imperialistas ianques! ¡Muerte a los enemigos del pueblo!

Ah, não. Mais palavra de ordem eu não agüento! Deus e o Diabo em uníssono! Lúcifer olhou para cima. Como nos bons tempos, hein? Pode mandar de volta prá terra. No inferno, ele não entra! Pedro, devolve o homem. Aqui ele também não entra.

Enquanto gritava os seus Muerte, a imagem do ditador foi se desfazendo. Teve tempo de ver, ainda, Lúcifer girando sobre os saltos-altos para ir embora. E teve a certeza que reconhecia aquele gosto extravagante para maquiagem. Teria sido alguma noite da juventude em Habana?

Sí, sí... Aquella noche...

sexta-feira, 20 de julho de 2007

Aos grandes amigos que encontrei (ou que me encontraram)!

Falar sobre amizade e sobre amigos é muito complicado. Eu, particularmente, sempre fico em apuros quando resolvo escrever sobre ou para alguém que gosto. Simplesmente porque as palavras que você puder escolher ainda lhe parecerão insuficientes. Pior. Elas podem parecer lugar-comum... podem parecer bregas, piegas.

Ah, as palavras. Essas imperfeitas palavras que, dentro das nossas imperfeitas línguas não conseguem, por maior que sejam os nossos esforços, traduzir o que sentimos. O que queríamos que as pessoas que nos são caras soubessem e sentisem.

Quer saber? Estão hoje, liberadas todas as belas palavras. Todas aquelas que queiram dizer "amigo, eu te amo", "amiga, a minha vida não seria a mesma sem você", "amigos, queridos, todos, tanto os quero que não tenho como expressar isso". Vale tudo. Das mais refinadas às mais simples. Das mais elegantes às mais "bregas". As melhores amizades serão aquelas que receberem as suas bregas palavras e as acharem lindas!

Grande será o amigo que, com as palavras que lhe dirigir, fizer com que as suas se percam. E quando você tentar encontrar outras, só encontrará a dos outros. Em especial, aquelas que dizem algo como: "Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse Amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine. E ainda que tivesse o dom da profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse Amor, nada seria. E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, se não tivesse Amor, nada disso me aproveitaria".

O AMOR que sinto por vocês e que sinto DE vocês, me faz ser mais. Nenhuma das palavras que eu aqui coloquei são suficientes. Nenhuma delas dá conta do AMOR que nos une e que nos faz querer estar sempre mais próximos!

Então, não posso ir embora sem dizer que tudo o que aqui está, está graças a: Luiz, Nise, Duda, Isabel e Maria Luíse (as graças que Deus me deu dentro de minha casa); Juliana, Rafael, João Victor, Débora, Raoni, Pablo, Hugo e Vítor (a família que encontrei fora de casa), Jeh Cabral, Myla, Jéssica, Cacau e Ivett (que eu amo tanto); Loa (que me faz sentir amigo sempre), Allysson (que me faz perder as palavras), Lu Longo (que provocou esse texto todo), Laís (que agora é universitária), Clari (que eu amo com toda a força), Mari (a minha menina), Luci (que me dá bronca e notícias sempre que necessário - e me ama e me apóia, também, claro - hehehe). Aqui, um abraço especial aos amigos da comunidade "EU ASSITO À TV SENADO". Hoje, estamos celebrando nossa amizade com uma troca de presentes reais. Como eu não pude tirar todos, aqui está o meu presente coletivo: Morana, Nádia, Rozina, Kika, Carla, Arcely, Eduardo Rise e Tony. Com vocês me divirto tanto, conversando sobre as Excelências. Aprendo tanto. Minha gratidão, meu tributo, minha homenagem, meu presente a todos vocês, viu? Acrescento aqui, Russa e Edu, que, apesar de não estarem na brincadeira, também são do coração.

De todos os amigos mais que especiais, uma eu preferi falar separado do grupo: Ké, minha hermanita amada, não há um só dia que eu passe sem lembrar de você, viu? Não sei se você vai ler isso aqui, não sei quando vou conseguir falar com você, mas, preciso deixar registrado, para todos verem, como é grande o meu amor por você, viu? Amo com toda a alma, como você mesma diz!

Enfim, abraços e beijos a todos!
Um grande dia do AMIGO!

quarta-feira, 4 de julho de 2007

BATISTIANA

"O que é isso, meu amor?
Será que eu vou morrer de dor
O que é isso, meu amor?
Será que eu vou virar bolor?"
(Arnaldo Batista)

Bolor!
Hein?
Mofo.
Eu sei que bolor é mofo.
Então?
Então, o quê?
Por que você disse "hein" quando eu falei que era bolor?
Porque eu queria saber porque é que tem mofo na minha unha.
Realmente. É uma boa pergunta. Não tinha pensado nela.
Não?!
Só um minuto - volta com uma escovinha - Pronto. Limpinha. Eu lhe aconselharia a limpar os pés todos os dias.
O senhor tá dizendo que eu não tomo banho?
Bom dia, senhor. Qualquer coisa, pode ligar e falar com a minha secretária.

São duas unhas, agora, doutor. DUAS!
Limpe com uma escovinha. E tome um banho, né, meu senhor?

Doutor, eu tou mofando...
Não está, não!
Doutor, os dois pés tão cobertos de mofo.
Hein?
É... Bolor
Eu sei.
Então?
Deixa prá lá.
Doutor, o que eu faço?
Como é a sua relação com os bens materiais?
Como é?
Isso... a sua relação com os bens materiais.
O senhor está brincando comigo.
Não, falo sério. O senhor conhece Arnaldo Batista?
tu-tu-tu
Alô... Alô...

Então, doutora, as minhas duas pernas estão cheias de mofo e o médico perguntou se eu conhecia Arnaldo Batista.
Ele perguntou isso?
Perguntou, doutora.
Esse é o meu ex-marido.
A senhora conhece ele?
Eu era casada com ele.
Pois é, doutora, com todo o respeito, eu acho que ele é doido.
Claro que é. Foi por isso que eu me separei dele. Se, ao menos, a música fosse da Rita Lee, mas, ele insiste que o Arnaldo é melhor que a Rita...
tu-tu-tu
Alô...

Pois é, a casa é uma maravilha.
Ah, é verdade, estou gostando muito. Muito ampla, ventilada.
Sim, sim. O antigo dono gostava muito dela.
E por que ele não está mais aqui?
Ele enlouqueceu, coitado. A família quer se desfazer da casa... sabe como é... briga por herança, essas coisas...
É uma pena. Bom... desgraça de uns, felicidade de outros, não?
Claro que sim.
Bom, acho que a gente pode fechar o negócio.
Só tem uma ressalva que eu queria fazer. Talvez eu perca o negócio por causa disso, mas, eu tenho que dizer.
Tem que ser algo bem sério, hein? Prá me fazer desistir, agora.
É o quarto lá de cima.
O que tem ele?
A parede oposta a janela.
Sim.
Amanhece o dia coberta de bolor?
Hein?
Mofo.

segunda-feira, 2 de julho de 2007

O macho comunicador

(Para alguns amigos que discutiam o falo, outro dia. Garotas, cuidado com o que ouvem de bocas masculinas. Muito disso são falácias do/a falo/a)


Eu falO

Tu falO

Ele falO

Nós falO

Vós falO

Eles falO


Nesse poema fálico

Escrever

O monólogo possível

O discurso invisível

Entreter

O destino fático.


(Você está me entendendo?)



quinta-feira, 28 de junho de 2007

Titina e Val (Continuação)

- Ok, Titina Lisboa. Depois a gente conversa sobre isso. Agora, a senhora vai mudar de roupa e nós vamos para a noite...

- Não, Val... nem pense nisso... tenho que escrever mais um conto prá entregar prá editora amanhã. Sem condições de sair hoje.
- Titina, você não pode ficar enfurnada dentro de casa. Quanto tempo faz que a gente não sai juntas?
- Ah... não sei...
- Não... você não sabe. Porque faz muito tempo.
- Mas, eu tenho que trabalhar, né? Como é que você acha que eu pago o aluguel desse apartamento?
- Eu não saio daqui sem você, hoje. Juro que não saio.
- Cê vai passar a noite aí, hein?
- Você não teria coragem de estragar a minha noite, assim, querida. Eu lhe conheço.
- Olha, o que eu posso fazer por você, é o seguinte: Você fica aí no sofá, enquanto eu tento escrever meu conto. Assim que eu terminar, se tiver disposição, eu saio com você.
- Se tiver disposição, não, meu bem. Você vai sair.
- Tem certeza que você não prefere ser entrevistada pela Gabi?
- Essa noite, não. Vamos... comece logo!
- Ok... vamos ver se sai algo... eu nunca consigo escrever com gente por perto, mas...

Colocou o papel na máquina. Valentina torceu o nariz e jogou os olhos prá cima, quase tendo um espasmo quando viu a amiga voltando à maquina de escrever. Tinha horror a tudo o que era antigo. Já tinha, até, escondido a máquina de Titina, mas, ela dizia que não conseguia escrever sem ela.

"Sílvio bateu à porta e ficou esperando que Júlio viesse atender. André a abriu. Mandou-o passar, mas e o Júlio, onde está?, ele disse que você estaria fora, hoje. É verdade, não deveria, estar, mesmo, mas, estou. Ele teve que trocar o turno no hospital e eu não precisei ir traballhar. Sentou-se. André sentou-se no sofá ao lado. E porque ele não me avisou que ía trabalhar?, ele sabia que eu ía ficar em casa. E não teve tempo de lhe ligar. Eu disse que podia ir tranqüilo, que eu ligava prá você. E não ligou. Não.
"Levantou-se e foi à geladeira. Voltou com duas cervejas. Sílvio quis recusar, mas André insistiu. Eu não tinha nada prá fazer, hoje. Pensei que você pudesse me fazer companhia. Já ía ficar aqui com o Júlio, mesmo. Ficar aqui com o Júlio é um coisa. Ficar aqui, com você, é outra. Por que? Por que... essa é uma ótima pergunta. E eu tenho certeza que você me daria diversas respostas para ela. Queria as suas. Eu não mordo, tenho certeza. Você continua péssimo de sarcasmo, André. É isso que eu acho mais chato em você, sabia? Você é previsível. Previsível, mas, você não resiste a mim, fala a verdade. Deu uma risada e foi acompanhado pelo outro.
"O André? Não faz nada sem segundas inteções. Pode anotar o que eu tou lhe dizendo, Sílvio. Aguarde só mais um pouco e você vai me dar razão. Era a voz de um amigo em comum soando nos ouvidos de Sílvio. Posso ir ao banheiro? Claro, Sílvio, cê tá em casa, rapaz. Saiu. A cabeça estava fervendo. Não esperava encontrar André no lugar de Júlio. E queria ir embora, mas, não queria deixar claro que estava abalado. Saiu do banheiro e encontrou o outro na porta do quarto. Sem camisa e com as latas de cerveja nas mãos. O corpo modelado virou alvo das atenções de Sílvio. Não que fosse preciso muito para isso.
"Vamos assistir um filme? Separei um aqui. 'Quem tem medo de Virginia Woolf', você gosta dela, né? Ela é daquelas feministas, né? Eu não gosto muito delas. Na verdade, o filme não tem muito a ver com Virginia Woolf, mas, ok. Por que estava aceitando o convite? Seria tão mais simples dizer que ía embora. Mas, sentir-se desejado, ainda mais por André, era excitante demais para Sílvio querer resistir agora. Foram para o quarto de deitaram-se, lado-a-lado, na cama depois que o filme começou a rodar.
"Menos de cinco minutos de filme foram necessários para que o calção de André começasse a ser retirado. Sílvio não precisou olhar de lado para perceber isso. Menos tempo, ainda, foi necessário para sentir o corpo do outro sobre o seu. E beijava-lhe a boca da forma mais invasiva que já havia sentido. Sentia a língua lhe explorando a boca na mesma medida em que as mãos misturavam-se ao seu corpo. A respiração faltava e ele achava que não agüentaria. Reuniu forças, deus, de onde tirou tantas?, e colocou-se por cima. Beijava com mais calma, prolongando o momento. Afastava a boca e voltava a juntá-las. Em um instante, estava sussurando-lhe: Deixa eu lhe dizer uma coisa? Sem condições de lhe negar nada, André assentiu com a cabeça, enquanto continuava, com as mãos, a acariciar o corpo tão próximo. Você tá longe de ser irresistível.
"Levantou e deixou o outro sem ação. Foi à cozinha e pegou outra cerveja. Avisa ao Júlio que eu não pude ficar prá esperar com ele, mas, que me diverti muito com você, aqui, tá? Beijo prá você também.
"Bateu a porta sem se importar com o cenário que tinha deixado para trás. Tinha a impressão que, possivelmente, iria se arrepender do que tinha acabado de fazer, mas, estava feito."
Titina Lisboa

Já havia mais de uma hora desde que Titina começou a escrever. No sofá, Valentina estava dormindo e isso alegrou Titina. Uma noite de sono era tudo o que ela precisava, agora. Amanhã, o encontro com a editora e, depois, a entrevista da famosíssima estilista Valentina Dietrich com a Marília Gabriela e estava tudo acertado.
Agora, sono. Nem mais, nem menos.

quarta-feira, 20 de junho de 2007

Edição Especial de Nascimento!

Milhares de vivas para Maria Luíse Cabral Aguiar!

Eu tou chorando, aqui... não consigo escrever nada!

As Coisas Tão Mais Lindas
Entre as coisas mais lindas que eu conheci
Só reconheci suas cores belas quando eu te vi
Entre as coisas bem - vindas que já recebi
Eu reconheci minhas cores nela, então eu me vi
Está em cima com o céu e o luar
Hora dos dias, semanas, meses, anos, décadas
E séculos, milênios que vão passar
Água- marinha põe estrelas no mar
Praias, baías, braços, cabos, mares, golfos
E penínsulas e oceanos que não vão secar
E as coisas lindas são mais lindas
Quando você está
Hoje você está
Onde você está
As coisas são mais lindas
Por que você está
Onde você está
Hoje você está
Nas coisas tão mais lindas

Agora eu entendo porque essa música sempre foi a minha! Era, desde sempre a música da Luquinha linda do tio!

Beijos e abraços a todos que torceram por nós. A todos que apoiaram e vibraram com essa gravidez e com esse nascimento.
Hoje eu vou dormir o homem mais feliz do mundo!
Tenho a família mais maravilhosa que alguém poderia querer!
Tenho os amigos-irmãos (os de perto e os de longe) mais perfeitos que alguém poderia querer!
Tenho a sobrinha que esperei nos últimos 8 meses (ela se apressou um pouquinho - hehehehe)!

Um boa noite mais que especial do homem mais feliz desse mundo!

terça-feira, 12 de junho de 2007

Dia dos Namorados

E não é porque eu não tenho que vou brigar com quem tem, né?

Felicidades para todos e celebremos com Drummond:


As sem Razões do Amor
As sem-razões do amor
Eu te amo porque te amo.
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.
Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários e a regulamentos vários.
Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.
Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.


P.S.: Acho que, ainda hoje, Titina Lisboa volta a dar as caras por aqui.

sexta-feira, 8 de junho de 2007

SEM NOME II

"Eram duas horas da madrugada e ela levantou-se. Bebeu um copo d'água, dirigiu-se à varanda e, de lá, observava os poucos carros que passavam. Tentava descobrir de onde eles vinham e para onde eles iriam. Por que essas pessoas estariam acordadas e fora de casa, agora? Bom, eu também estou acordada, pensou, mas, é diferente..."
Quem escreveria algo tão ruim, reclamou Titina, enquanto amassava a folha que tirara da máquina de escrever. Nunca tive uma crise desse tamanho... o que é isso? Desde o começo desse ano eu sempre escrevi sobre tudo o que quis. Todas as manhãs. E agora não sai nada? Não é possível. Só pode ser coisa daquele filho da mãe. Urucubaca das grandes. Ela elogiava tanto o que eu escrevia. Agora não quer mais que eu escreva. Só pode.
Enquanto pensava, Titina levantou da cadeira para procurar algo para comer. Os pés doeram quando pisou o chão frio. Abriu a geladeira e desistiu de comer. Foi ao escorredor de louça, pegou uma xícara e preparou um café ("bem forte, para não dormir antes de escrever algo"). Foi ao quarto e deixou a água no fogo. Calçou meias e pegou o telefone.
- Val, Titina...
- Oi, meu amor. Estava precisando mesmo falar com você. Meu bem... encontrei com aquele bofe que você ficou uns dois anos atrás, meu bem...
- Dois anos atrás? Você não espera que eu lembre dele, né?
- Menina, aquele que eu vivia dizendo a você que era super sem graça. Claro que você lembra.
- O Vinícius? Deve ser o Vinícius. Acho que foi o único dos meus namorados que você não disse que invejava...
- Menina, é ele mesmo. Querida, o bofe está um escândalo. Procura o caderninho de telefone. Urgente ligar pro bofe, meu bem!
- Ah, não, Val. Não tou com clima prá ligar prá ninguém, não. Ainda mais prá um cara que eu não falo há dois anos. Cê tá maluca?
- Clima? Meu bem, deixe o clima para quem entende de clima. Estou indo aí lhe aprontar prá sair comigo.
- Não, Val... não vem não. Eu não vou sair. Já tou avisando, hein?
- Você o que? Claro que você vai sair, querida. Ou eu não me chamo Valentina Dietrich.
- Val...
- Oi?
- Você não se chama Valentina Dietrich.
- Não adianta querer jogar essas coisas na cara, meu bem. Chego aí em meia hora, ok?

Valentina era assim. Impulsiva. Se ela resolveu que Titina iria encontrar Vinícius, não sossegaria até conseguir. Por que raios eu liguei prá ela, mesmo?, ela nem me deixou falar. Ah, mas, eu não vou sair. E dirigiu-se à máquina de escrever, novamente. Olhava para o papel enquanto esperava que algo surgisse. Bem que eu poderia ser médium. Psicografar deve ser bem mais fácil que escrever. E você ainda pode jogar a culpa em cima dos outros. Um sorrisinho escapou.

"A porta do banheiro abriu de repente e ela borrou o batom. Não entendia o motivo do susto. Já o esperava. E não parecia estar disposto a perder tempo. A abraçou por trás e, com a mão por baixo da saia começou a tirar a calcinha. Não queria que fosse assim. Queria querer resistir. Ao contrário, o ajudava. Tentou virar de frente para ele, mas, foi detida. Foi hábil com as mãos e lhe abriu o cinto e o botão da calça praticamente juntos. Queria tirar a cueca, junto. Ele lhe fastou a mão e colou o seu quadril de encontro ao dela. Ele comandava. Ela sabia. Espremida entre a pia do banheiro do aeroporto e o corpo dele, tinha poucas opções. Deixava-se comandar.
"A mão esquerda dele a pegou pelos cabelos, na altura da nuca. Inicialmente aquilo parecia ser um carinho. Depois ficou mais vigoroso e, por pouco, não começou a doer. Quis reclamar, mas, a mão direita chegou em sua boca naquele momento. A ânsia de falar permutou-se, imediatamente, numa vontade louca de chupar-lhe os dedos. Lambia cada centímetro dos dedos que ele lhe oferecia. Sentia todas as falanges em sua boca com um prazer indescritível. Quanto mais a puxava pelos cabelos com mais vontade lhe lambia os dedos.
"Tentou, uma vez mais, virar-se. Ele a apertou contra a pia. Segurou sua mão e colocou sobre a coxa. Ela enfiou-lhe as unhas. Sentiu que a mão em seu cabelo puxava com mais força. Agora, percebia que praticamente a obrigava a olhar para o espelho. E começou a olhar. Ele a olhava, através do espelho, impassível. Como se nada lhe estivesse acontecendo. Ela com o gozo no olhar. Começou a passar a mão sobre a coxa que ele lhe ofereceu. Subia e descia e alcançava-lhe a bunda. Agora ele não lhe oferecia resistência. A expressão continuava inalterada.
"Sentiu que a mão livre dele lhe acariciava os seios. Era firme. Mas, o menos agressivo de todos os 'carinhos' que recebeu até o momento. Estava quase explodindo de prazer. E o sentia ainda mais cada vez que sentia o quadril dele a forçando contra a pia e quando olhava para o seu rosto, pelo espelho. A expressão em seu rosto implorava para que ele a tomasse. Com urgência. E a levasse embora dali. E se sentia levada.
"Quando o sentiu dentro de si, agarrou-o com as duas mãos, pela bunda, e o trouxe mais para perto de si. E outra vez mais.
"Ele a soltou. Consummatum est, gritava o banheiro. A pia, a torneira, as privadas, todas em côro. Consummatum est.
"Vestiu-se, rapidamente. Saiu sem olhar para trás.
"Ela o acompanhou até o fim. Lágrimas caíram, manchando seu rosto de preto. O batom estava, agora, ainda mais borrado. Não tinha mais forças. Deixou-se cair."
Titina Lisboa

- Meu bem, com quem é que você anda trepando, hein?
Valentina. Tinha acabado de colocar a assinatura no conto quando ela chegou e falou sem preocupar-se em não assustar a outra.
- Val... você quer me matar? Como foi que você entrou?
- Ora, a porta lá embaixo estava aberta. A daqui de cima, também. Você concentrada, escrevendo. Preferi ficar aqui, caladinha, até você terminar. Mas, não mude de assunto. Com quem você anda trepando?
- Eu não ando "trepando" com ninguém, tá?
- Sei... me engana, Titina... me engana.

Titina conhecia Val desde que ela se chamava Arthur. Elas não tinham segredos. Era lógico que, se estivesse com alguém, Val seria a primeira pessoa a saber.

- Ok, Titina Lisboa. Depois a gente conversa sobre isso. Agora, a senhora vai mudar de roupa e nós vamos para a noite
(Continua...)

segunda-feira, 21 de maio de 2007

Como é seu o meu aniversário!

21 de Maio de 1982
21 de Maio de 2007

E já se vão 25. Quantos mais virão? Muitos, assim espero. E quando eu digo muitos, é exatamente isso que quero dizer. Não me satisfaço com mais um ou dois anos. Não! Temos muito a viver. Tenho muito a ver-saber-sentir-sofrer-gozar-amar-desamar-aprender-desaprender-etcétera-ad-nauseam...

Não se deixa uma data especial passar em branco. Eu não sei o que escrever, porque, no fim das contas, não se comemora um Jubileu de Prata todos os anos.

Mas, não sei exatamente o que quero escrever. Por isso um texto pessoal. Por isso não estou escrevendo um conto, como de costume.

Fato é que olhei-me no espelho, hoje, pela manhã. E o que eu vi me espantou. Eu vi a mim mesmo. E não me estranhei. Ao contrário. Reconheci-me, perfeitamente, no avesso do espelho. Olhei, e o Fernando que estava olhando prá mim hoje é mesmo que olha no espelho, todas as manhãs, nos últimos 25 anos! Onde está a Lindonéia no avesso do espelho? Onde está a sensação de "no espelho, essa cara já não é minha"? Nada disso... e eu me sentindo estranho.

Mas, me sinto feliz. Uma felicidade estranha. Um misto de alívio e melancolia e angústia e uma pitada de amor próprio que, estranhamente, dá uma felicidade de resultado. E é isso. Olho pro horizonte e vejo o céu avermelhado do crepúsculo (ou seria aurora?), mesmo que não seja tarde/madrugada. E isso só pode ser um bom sinal. Sinal que a vida está continuando. E que, encerrado o ciclo dos 24, inicia-se o ciclo dos 25. E ao encerrar-se, ele dará lugar a um novo.

Fazendo um balanço do último ano, percebo que fiquei no lucro. Passei um monte de coisa ruim, especialmente, nos últimos meses. Mas, os meses antes dos últimos foram incríveis. Magistrais. Os meses que eu merecia ter tido há muito tempo. Dos que mereço ter muitos mais. Dos que terei! E felicidade, prá dar e vender, será o meu lema!

Enfim... minha vida está repleta de pessoas preciosas... pessoas que me acalentam quando choro. Que me apóiam quando caio. Que riem quando eu imito Irmã Selma - hahahahahahaha - Ju e Debrinha, essa foi prá vocês! - Que se alegram quando estou feliz e que me procuram para fazermos nada juntos. Isso me faz ser mais... e melhor.

No fim das contas, esse dia é todo, inteiro, dedicado à minha mãe! Como já diria a Madonna, "who taught me how to pray!"

domingo, 20 de maio de 2007

Inferno Astral

"O mês anterior ao seu aniversário é o seu inferno astral", disse-me, certa vez, uma amiga. Muito bem!

O meu tá acabando hoje! Hoje é o último dia do meu inferno astral! E eu espero que ele acabe logo. Antes que eu possa notar.

Só falta descobrir quando é que começa o meu paraíso astral!

Xeros prá quem souber quando é isso!

sábado, 19 de maio de 2007

Farewell e los Sollozos (Trecho) - Pablo Neruda

Ya no se encantarán mis ojos en tus ojos,
ya no se endulzará junto a ti mi dolor.

Pero hacia donde vaya llevaré tu mirada
y hacia donde camines llevarás mi dolor.

Fui tuyo, fuiste mía. Qué más? Juntos hicimos
un recodo en la ruta donde el amor pasó.

Fui tuyo, fuiste mía. Tu serás del que te ame,
del que corte en tu huerto lo que he sembrado yo.

Yo me voy. Estoy triste: pero siempre estoy triste.
Vengo desde tus brazos. No sé hacia dónde voy....

Desde tu corazón me dice adiós un niño.
Y yo le digo adiós.

sexta-feira, 18 de maio de 2007

quinta-feira, 26 de abril de 2007

Do Presente Recebido

Essa semana senti minha sobrinha mexer. Que sensação tão linda e estranha. O bebê que eu tanto quero pegar, cujo rostinho eu já vejo cada vez que chego perto da minha irmã. O bebê em quem eu já me reconheço. Um serzinho por quem já me sinto responsável e por quem sinto uma paixão tão avassaladora que só de pensar o nomezinho dela já me emociono.

Ela mexeu!

Mexeu na barriga da minha irmã e mexeu dentro do meu peito. Sentir Maria Luíse mexendo me deu a sensação mais maravilhosa do mundo. Ao mesmo tempo em que me jogou de frente a uma profunda sensação de impotência. Qual é o mundo que vou apresentar à minha sobrinha? O que é que mostrarei a esse bebê tão lindo que virá?

O mundo... ah, o mundo... deveria ser o nosso porto seguro. Deveria ser a continuação do ventre materno. Mas, não é. É um mundo onde uma criança é arrastada presa ao cinto de segurança por quilômetros (alguém tem ouvido falar do caso "João Hélio" por aí? Eu não.). É um mundo que não respeita seus idosos. É um mundo que obriga pais de família a roubarem para sustentar suas casas. É um mundo formado por homens que, apoiados em uma (pretensa) superioridade, destroem milhares de seres vivos. Jogam nitrato nas bacias subterrâneas, matando uns aos outros.

Deus, é esse o mundo que devo mostrar à minha sobrinha? Deus, oh, Deus, onde estás que não respondes?

Chega então à minha casa um embrulho. Eu o abro. Livros. Dois. Eles me fazem tão absurdamente feliz que, como por inspiração divina, percebo que eu tenho a responsabilidade de mostrar à minha Luquinha um outro mundo. O mundo que ainda não acabou porque existem pessoas que não querem que ele acabe. Pessoas que fazem o bem. Simplesmente para ver a (ou saber da) felicidade do outro. Ainda há tantas pessoas que se empenham no bem-estar do outro, que os aceitam assim como eles são. Ainda há tantas (os) Lu Longo, Nádia, Laís Flores, Kezinha, Rozina, Russa, Clariana, Luci, Allysson, Loa, Marizinha... Pessoas que nunca me viram e que me fazem feliz. Pessoas que saíram da internet e entraram na minha vida (e na da minha sobrinha) e que me são tão queridas. Tanto quanto os meus melhores amigos.

Porque é de vocês que eu sinto falta quando estou fora da net. Porque é um sentimento tão angustiante o que sinto quando não tenho notícias. Porque vocês são as pessoas que eu gostaria que estivessem aqui comigo. Porque vocês, tanto quanto os meus amigos-irmãos de perto, me fazem acreditar que tudo ainda vale à pena.
Obrigado, Lu... por essa reflexão, pelos livros, pela ajuda no blog, por me oferecer teto (não pense que eu me esqueço - hehehehe), por você ser.
Obrigado, Nádia... por me mostrar que momentos difíceis, não são tão difíceis assim, quando divididos.
Obrigado, Lala... por aceitar minha proposta de seqüestro sem nem argumentar contra. Pelos e-mails dominicais e sabáticos, as conversas inadjetiváveis que temos no MSN. Porque sou o primeiro e o último.
Obrigado, Kezinha... por ser minha hermanita-amada. A que chora junto comigo e sente quando estou mal e me consola.
Obrigado, Rozina... pelas lições de ética e confiança que sempre tenho de você. O livro, o filme, as dicas de filmes trocadas.
Obrigado, Russinha... por me ensinar que nas diferenças estão as grandes semelhanças. Pela falta que eu sinto de você (a gente não sente falta de muita gente que está longe, não?).
Obrigado, Clari... pelas mensagens no celular, pelas conversas rápidas no MSN, pelas cobranças constantes no blog.
Obrigado, Lucizinha... por saber qual o conselho que eu devo ouvir. Pela insistência de que não devo fechar o coração. Por querer estar mais perto.
Obrigado, Allysson... por ser o primeiro. Por ter sido acordado no dia do seu aniversário. E por falar de novo, esse ano. Pela possibilidade (frustrada) de viagem à Campina Grande. Pelo muito que me ensina.
Obrigado, Loa... por ser o aluno que eu gostaria de encontrar em sala de aula. Pelas tardes de conversas sempre tão profundas e curiosas. Por me ensinar sempre e mais o valor da nossa Mãe-Terra.
Obrigado, Marizinha... por ser a minha menina. Por sentir saudade e por me deixar saber disso.

Amo muito todos vocês. Espero ter arrancado, ao menos, algumas lágrimas de vocês, porque eu, chorei bastante enquanto escrevia.

Em tempo:



NANDITO:
Nunca acredite em alguém que te diga:"VENHA VER O PÔR-DO-SOL" ! Sei disso desde o colégio e nunca me esqueço!!! rsrsrsr!!!!
Pra você, do que você gosta: Lygia!
Besitos, hombre!
Lu
abril/2007


NANDITOQUERIDO:
A vida é feita de pequenas e grandes alegrias. Sua amizade é uma GRANDE alegrias pra mim. Espero que este presentinho seja uma pequena alegria que te faça bem feliz!
Pra você, do que vc PRECISA ler: LINDOS LÁBIOS, de Marçal.
Beijos com muuuito carinho,
Lu
( P.S.: nunca esqueça: EU TARDO MAS NÃO FALHO!! UHUUU!!!)
abril/2007

quarta-feira, 11 de abril de 2007

TROPICÁLIA OU PANIS ET CIRCENSIS

(Para ler, obviamente, ouvindo Tropicália - ou Panis et Circensis)

Hoje é dia de Caetano, pensou desde que acordou. Mas não qualquer Caetano. Não queria ouvir "êta-êta-êta... é a luz de Tieta". Não! Não queria saber de Tieta. Hoje é dia de Lindonéia. Não tinha muita certeza do porquê, mas, Lindonéia sempre o encantou. Achava que tinha relação com a voz da Nara Leão. Sempre achou a voz da Nara Leão atraente demais. Mas, Lindonéia era diferente das outras. É Caetano, pensou.
Pôs o disco para tocar. Poderia pular todas as músicas até chegar na voz da Nara, na letra do Caetano. Mas, não o fez. Queria sentir o prazer da ansiedade (aquele prazer estranho misturado com agonia e aperto no peito enquanto esperamos a chegada da pessoa amada, entende?, dizia ele para si mesmo, como se estivesse em um programa de entrevista. O entrevistador acabara de perguntar por que você, simplesmente, não vai escutar a música que você quer?). Queria saborear cada arranjo do Duprat, cada um dos sons estranhos-deliciosos dos Mutantes. E Lindonéia não fugiria dele.
Talvez seja por isso que Lindonéia tanto o atrai. Ela está ali. Todo o tempo. E de novo. Basta que ele queira. "Miss, linda, feia" e toda dele. Onde estaria aquela estúpida, agora? Ah, o que não daria para saber? Eu estou muito bem, pensou, meus discos, meus livros, o álcool, está tudo aqui. O que mais eu preciso? Nada, concluiu. Mas, ela... onde ela estará? O que estará fazendo? Quem o estaria substituindo no esconde-esconde de todas as manhãs?
Maldita estúpida. Eu não consigo lidar com você e com a pressão que o mundo coloca sobre mim. Maldita egoísta. E a pressão que o mundo coloca sobre mim, não conta? Eu gosto de você, mas, não agora. Eu queria você, mas, não agora. Mentirosa. E Os Mutantes mandando "fazer, de puro aço luminoso, um punhal, para matar o meu amor e matei". E disse isso tudo com uma desfaçatez tão grande que quase me convence que estava errado por estar no lugar certo, mas, na hora errada. Maldita + todos os adjetivos negativos que puder imaginar. Isso é o que ela é.
Ah, mas, não fica assim, fazia questão de repetir para si todas as manhãs. Estranhamente percebeu, como se lesse o que está na página agora, que repetia isso todas as manhãs. E o "todas" lhe soou muito grave. Todas as manhãs. Quantas manhãs já fazia? Pelo menos umas 60, calculou rapidamente. E se assustou com isso. 60 manhãs ouvindo Caetano e se encantando com Lindonéia?
Foi para a frente do espelho e viu as marcas roxas sob os olhos. No avesso do espelho, viu que ela estava feliz. Viajava. Vivia. Encontrava antigos amigos com os quais nunca estivera. E ele ali. Ele e Lindonéia.
Estava decidido. Não mais escutaria Lindonéia. A música estava censurada. Caetano estava liberado. Nara também. Mas, Lindonéia estava vetada. Para todo o sempre. Dirigiu-se para o som. Mas, teve tempo de ouvir Nara dizendo-lhe "sangrando, oh, meu amor, a solidão vai me matar vai me matar vai me matar de dor".
Amanhã. Talvez, amanhã eu a deixe desaparecer da minha vida. Não hoje! Hoje é dia de Lindonéia!
(Créditos da imagem: Lindonéia, a Gioconda dos Subúrbios, de Rubens Gerchman, espelho, scothilite sobre madeira. 1966)

segunda-feira, 9 de abril de 2007

LIVROS!

O Amor e Outros Objetos Pontiagudos - Marçal Aquino
Marçal Aquino foi um achado e tanto na minha vida. Ele é autor do livro de título mais lindo da língua portuguesa: "Eu Receberia as Piores Notícias dos Seus Lindos Lábios". Comecei a procurar por ele só por causa desse título. É justo, concordam comigo? Na minha caça acabei encontrando "O Amor e Outros Objetos Pontiagudos" que foi devidamente devorado em uma tarde. O livro traz alguns contos deliciosos de ser lidos. E me deixou com uma vontade danada de ser diretor/produtor/ator de cinema e filmar, pelo menos, uns três dos contos. Eu destaco "O Matadouro" e "Sete epitáfios para uma dama branca (que, descalça, media 1,65m e, nua, pesava 54 quilos)" - esse último virou longa com direção de Beto Brant, embora eu não saiba se já foi finalizado. O autor ainda é roteirista de cinema, trabalhando com a adaptação de suas próprias obras e em outras, como "O Cheiro do Ralo", minha nova intenção literária e cinematográfica.

Fragmentos - Caio Fernando Abreu
Uma (boa) influência me apresentou ao Caio Fernando Abreu. Não foi propriamente uma apresentação formal, daquelas que você chega e diz: "Ah, então você é o Caio Fernando Abreu?". Foi mais daquelas: "Tá vendo aquele ali? Caio Fernando Abreu". Fato é que eu fiquei com vontade de lê-lo. Até porque, a mesma influência disse que em alguns contos que eu escrevia, eu parecia com ele. Ele sugere músicas para serem ouvidas junto à leitura dos contos. Quem já leu o pouco que escrevi aqui, sabe que eu gosto disso. E consegue escrever em cima temas difíceis - o homossexualismo, por exemplo - de formas tão diversas que pode parecer que os contos não foram escritos pela mesma pessoa. Vide os contos "Sargento Garcia" e "Uma História de Borboletas". Nessa última, ele ainda trata de uma loucura visionária belíssima. Caio Fernando Abreu faleceu em 25 de fevereiro de 1996.

O Amor nos Tempos do Cólera - Gabriel García Márquez
Florentino Ariza que amava Fermina Daza que amou Juvenal Urbino que também a amou e com quem, de alguma forma, foi feliz até o fim dos seus dias. A gente pensa que vai ler a história do amor de Florentino e Fermina, mas, passamos boa parte do livro lendo e amando Juvenal Urbino e Fermina Daza juntos. Gabo Marquez é um gênio. Ele consegue nos fazer sofrer junto com Florentino e Fermina por seu amor proibido - mesmo que a gente não vá muito com a cara do danado do Florentino -, nos faz ficar felizes com o casamento dela com o outro e enlutados quando de sua morte. Enfim... o livro é fantástico e a entrada dele nessa lista é, além de tudo, um tributo a outros livros do Gabo que, sem dúvida, estão entre os meus preferidos, como "Crônica de uma Morte Anunciada" e "Notícias de um Seqüestro".

O Caso dos Dez Negrinhos - Agatha Christie

Agatha Christie é, sem dúvida alguma, a autora que eu mais li na vida. Comecei a lê-la com 13 anos de idade (quando a minha amiga Lala Flores estava se iniciando nos prazeres de García Marquez): "Morte no Nilo" e "Depois do Funeral" foram os primeiros. "O Caso dos Dez Negrinhos" é um dos melhores que eu li. A Rainha do Crime escreveu mais de 80 romances e vendeu um bilhão (é isso mesmo... BILHÃO) de cópias em inglês e mais um bilhão em outros idiomas. Só não se lê mais Agatha Christie que a Bíblia e Shakespeare. Eu desenvolvi um método de leitura de Agatha: eu não tento descobrir o assassino. Eu leio. E espero que Hercule Poirot, Miss Marple ou Tommy e Tuppence Beresford resolvam o crime e me contem como foi. N'O Caso dos Dez Negrinhos não estão presentes nenhum deles. E o livro é absolutamente surpreendente. Não dá prá falar muito sobre o livro, se não, eu entrego o final (e aí, vocês querem? - hahahaha). Mas, se é Agatha, é bom!

Lendo Lolita em Teerã - Azar Nafisi

Revolução Islâmica, mulheres obrigadas a andar de chador por todos os lugares públicos. A autora, professora universitária, demonstra a sua insatisfação com a situação do país e com o fato de ter as suas aulas invadidas por "espiões" do governo e por ter a utilidade de suas aulas questionada. Ela dá aulas de Literatura. Especialmente, literatura em língua inglesa. No momento em que qualquer influência ocidental é vista como influência demoníaca, Azar Nafisi, junto às alunas que convidou para formar um grupo de estudos literários, com o perdão da infâmia, comem o pão que o diabo amassou (tá... foi terrível). Eu diria que o livro é de leitura obrigatória prá quem gosta de Literatura, Oriente Médio, feminismo, ou tudo isso junto. Depois de ler "Lendo Lolita em Teerã", eu fiquei com vontade de ler, também, Salman Rushdie.

O Livro das Perguntas - Pablo Neruda

Não sou um bom leitor de poemas, mas, "O Livro das Perguntas" é interessantíssimo. Neruda me faz viajar em perguntas tão simples e tão profundas. Em um determinado momento, por exemplo, ele pergunta se alguém pode dizer a ele quantas igrejas há no céu. Então... alguém se habilita? Um livro lindo e de uma simplicidade que encanta. Vale à pena.

Muito bem. Listas prontas. Agora, eu quem desafio as minhas companheiras de aventuras bloguísticas. Eu fui o único dos sete autores de "Camila - uma história em sete partes" e demais desafiadas que escreveu até agora, hein?

Abraços a todos e me tragam mais dicas, hein?

quinta-feira, 5 de abril de 2007

Do (Segundo) Convite Aceito

Agora, Lu Longo nos propõe que, devido à proximidade com o super fim-de-semana, produzamos listas. Seis dicas de filmes, seis dicas de músicas e seis dicas de livros. Eu, dificilmente, conseguirei ficar nos seis, mas, ela nos deu liberdade para sermos prolixos. Então, começando pelos filmes, vamos às minhas listas de essenciais.

FILMES

AMADEUS
De Milos Forman. Conheci Amadeus em 1998. Projeto Cinema na Escola. E eu ainda nem era o professor de História. Fomos escolhidos, eu e outros colegas, para apresentar algus filmes para a escola. A mim coube apresenta-lo. Inicialmente, eu fiquei meio chateado. Com tanto filme legal, tinha que ficar prá mim, justamente, o que narra a vida de Mozart? Depois de assistí-lo fiquei extremamente grato porque coube a mim, justamente, O QUE NARRA A VIDA DE MOZART. Mozart e Salieri. Uma belíssima história de genialidade e paixão e inveja e admiração. Destaque para a cena da composição da Missa de Réquiem com Mozart em seu leito de morte e a ajuda do outro. O filme é incrível.
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ATA-ME
De Pedro Almodóvar. Poderia faltar Almodóvar na minha lista de filmes essenciais? ¡Jamás! Como não se encantar das cores de Almodóvar? Olhando o cartaz do filme eu já m sinto completamente preso a ele. Em “Ata-me”, um jovem internado em uma clínica psiquiátrica apaixona-se por uma atriz e consegue alta, por causa do seu amor. Vai ao encontro de sua paixão e a seqüestra para, forçando-a a conviver com ele, fazê-la amar como ele a ama. Destaque para a lindíssima cena onde Victoria Abril (a seqüestrada) pede a Antonio Banderas (o seqüestrador) que a amarre à cama, e para a irresistível “Resistiré”, presente na trilha do filme (sobre “Resistiré” vide comentários sobre minhas músicas essenciais). Recomendo, também, outros filmes de Almodóvar: Kika, Tudo Sobre Minha Mãe, Fale Com Ela, Má Educação (com Gael García Bernal, o melhor latino, na minha opinião) eVolver (com Penélope Cruz, que, aliás, decidiu que tinha que ser atriz depois de assistir Ata-me).


EM BUSCA DA TERRA DO NUNCA
De Marc Forster. Está querendo assistir um filme, mas, não tem nem idéia se irá gostar ou não? Faça, ao funcionário da locadora, a seguinte pergunta: “Johnny Depp está no elenco?”. Se a resposta for positiva, leve sem medo. Nem preciso falar muito sobre Depp. Todo mundo sabe que eu sou do fã-clube incondicional do ator (já pensaram num filme de Almodóvar, com Johnny Depp e Penélope Cruz?). Em “Em Busca da Terra Do Nunca”, temos a história de James M. Barrie, criador do Peter Pan, e sua relação com a família Llewelin-Davies. A partir do contato com Sylvia (Kate Winslet) e seus filhos, Barrie vai criando a história do menino que nunca cresce. Me fez chorar durante, pelo menos, os vinte minutos finais do filme. Além disso, assistí-lo não deixa de ser uma boa ação, já que tudo o que se arrecada em direitos autorais com a história do Peter Pan é doado para um hospital infantil inglês, conforme desejo do autor.


O GRANDE DITADOR

Não dá prá falar de filme sem falar de Chaplin. E não dá prá falar de Chaplin sem falar de Adenoid Hynkel. “O Grande Ditador” é um filme absolutamente genial. Uma comédia ferina onde Chaplin “esculacha” delicadamente – ao contrário do que faz Sacha Baron Cohen, em Borat (que eu também adoro – hahahaha) - o ditador nazista Adolf Hitler. Chaplin e Hitler nasceram na mesma semana. Gênios, ambos usaram a comunicação para levar a cabo seus projetos. O de Chaplin infinitas vezes mais nobre e, felizmente, o mais bem sucedido. Destaque para a clássica cena (a mais clássica da história do cinema, possivelmente) da dança com o globo, para a macarrônica cena de Hynkel com Benzini Napaloni (ditador de “Bacteria”, aliado-rival da “Tomania”, país do Hynkel) nas cadeiras de barbeiro, e para o, indiscutivelmente fabuloso, discurso final.

DE OLHOS BEM FECHADOS
De Stanley Kubrick. Nada como um bom Kubrick para nos fazer pensar. Kubrick é famoso por suas adaptações de livros para o cinema. “A Laranja Mecânica”, “O Iluminado” e “Lolita”, por exemplo, estão entre eles. Em “De Olhos Bem Fechados” Kubrick coloca um casal (Tom Cruise e Nicole Kidman, quando ainda estava casados) em crise na frente das câmeras. Uma seita secreta com mascarados e orgias “temperam” o relacionamento dos dois e os colocam diante de dúvidas em relação ao outro. Adoro as máscaras do filme. Quais as máscaras que você tem usado no dia-a-dia?
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VANILLA SKY
De Cameron Crowe. Mais Tom Cruise. Mais Penélope Cruz. De todos, Vanilla Sky é o que mais se encaixa na categoria “O FILME DA MINHA VIDA”. Poderia, sem exagero algum, dividir a minha vida em antes e depois de Vanilla Sky. Podemos dizer que o filme gira em torno de um questionamento básico: “O que é felicidade prá você?”. A partir desse questionamento, temos as relações entre David (Cruise) e Sofia (Cruz). David e Julie (Cameron Diaz). David e um psicólogo (Kurt Russel), que nos dão os melhores momentos do filme. E a decisão: “felicidade é acordar e encarar a dura realidade de frente ou viver o sonho lúcido?”. Isso sem falar na deliciosa trilha sonora com Paul McCartney, REM, Radiohead... Minha única tristeza em relação a ele é nunca ter visto a versão espanhola (original) do filme: “Abre los ojos”.
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AS HORAS
De Stephen Daldry. Sou suspeitíssimo prá falar desse filme. Nicole Kidman, Meryl Streep e Julianne Moore em atuações fabulosas. Mais que isso, Nicole Kidman interpretando, ninguém mais ninguém menos que Virginia Woolf. Como não amar esse filme? Baseado no livro “As Horas”, o filme traça um paralelo com o principal romance de Virginia Woolf, Mrs. Dallaway. Em sua primeira cena, a personagem da Meryl Streep, Clarissa diz que vai comprar flores. Exatamente como a primeira cena da Mrs. Dallaway de Virginia. O filme conta a história das três mulheres, separadas no tempo, mas, unidas pelo magistral romance da inglesa.
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(Vou parar com os filmes por aqui. Já foram 7 ao invés dos 6 que a Lu pediu. E ainda faltaram tantos. Deixa citar mais alguns só de passagem, certo? A Fantástica Fábrica de Chocolates; Cry Baby; Entrevista com o Vampiro; Amores Brutos; O Crime do Padre Amaro; Corra, Lola, Corra; O Clã das Adagas Voadoras; Os Pássaros; Chocolate; A Última Tentação de Cristo e A Viagem de Chihiro. Cada um melhor que o outro.

MÚSICAS
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Cruel, muito cruel. Vou fazer assim. Vou escolher uma música de Nando Reis (não dá prá não ter, mas, não posso colocar todas dele – hehehehe) e escolher as outras entre as 5 que foram as últimas músicas da minha vida, ok?

O SEGUNDO SOL
É a primeira música de Nando que eu escutei e tive consciência que era Nando Reis. Escutei com a minha ídola, e pensei: “esse cara é bom”. Antes do show de Nando em maio do ano passado (o primeiro que fui em minha existência), eu ouvia o começo de “O Segundo Sol” e meus olhos enchiam de lágrimas. Ela é marcante, prá mim. Muito mesmo. Indispensável na trilha da minha vida.

VIDA DIET
Adoro Pato Fu. Faz tanto tempo que não consigo vê-los por aqui. O cd novo deles é incrível. Muito bom e cheio de experimentalismos que são marca registrada deles. Em “Vida Diet” a gente ouve coisas como: “A gente se acostuma com tudo / a tudo a gente se habitua (...) e até ficar sem comer / sem te ver / a gente custa, mas, se habitua”. As mais puras verdades. A gente custa, mas, se habitua. Claro que, antes de se habituar, a gente fica se sentindo mais que...

ANORMAL
Mais uma dos Pato Fu. Simplesmente porque é terrível se sentir mais que anormal por ver você em todo lugar. Ouvir, então, alguém dizendo que se sente assim, faz com que você não se sinta um louco sozinho no mundo. Tem mais gente que se sente tão anormal quanto você. Quando esse alguém tem a voz da Fernanda Takai, então, as coisas ficam muito mais fáceis.

RESISTIRÉ
El Dúo Dinámico. Conforme prometido mais acima, aqui está “Resistiré”. A música é deliciosa. Uma vontade louca de ouvir no carro e balançando a cabeça como os personagens de “Ata-me”. Bem breguinha, ela tem versos incríveis como “soy como el junco que se dobla pero siempre sigue em pie”. Auto-ajuda total, não? A melhor parte? Descobri, por acaso que ela é, impressionantemente (quando vocês a ouvirem entenderão o por quê do “impressionantemente”), uma versão de I’ll Survive. Muito boa!

BOHEMIAN RHAPSODY
Descobri que sou fã do Queen. Não deixo mais passar nenhum cd da banda que encontre por aí. E uma das grandes culpadas é essa música. Eu nem sei bem o que falar sobre ela. Só sei que ela contagia. Ela faz você querer ouví-la mais e mais. E em diversas versões e momentos diferentes. A parte “operística” é ótima. E a supressão dela na versão ao vivo também. Enfim, uma obra-prima.

PRÁ LÁ
Ouvi com Ceumar, mas, ela é de Dante Ozetti. Virou até o “cabeçalho” do meu blog. “Prá lá do que é mundo tem mais do que um rancho fundo”. Ceumar tem uma voz tão doce que só ouvindo prá entender. Canta umas coisas de Dante e de Zeca Baleiro de uma forma tão gostosa que você fica com vontade de subir no palco e cantar com ela. Também tem uma versão incrível pra “O Seu Olhar” de Paulo Tatit e Arnaldo Antunes.

Ainda faltaram Belle and Sebastian, Madredeus, A Naifa, Chico Buarque, Nação Zumbi, Elis Regina e tanta coisa mais... mas, como essas foram as seis primeiras que eu lembrei, firam.
Mais tarde eu volto com os livros.