C'est pour Toi qui sais le Français: La nuit de mon amour - Elis Regina)
sexta-feira, 26 de janeiro de 2007
BESTEIRAS QUE EU GOSTO - PARTE 1
C'est pour Toi qui sais le Français: La nuit de mon amour - Elis Regina)
terça-feira, 23 de janeiro de 2007
ERRATA
Impossível!
"Depois do Funeral" é o nome do segundo livro da Rainha do crime, Agatha Christie, que eu li. Li os dois mais ou menos pela mesma época e acabei confundindo... faz mais de 10 anos, tá? O conto da LFT chama-se "Venha ver o Pôr do sol" e estava reunido em um livro de contos chamado "Venha Ver o Pôr do Sol e Outros Contos". Uma das poucas coisas ionteressantes que a minha professora de português dessa série fez.
Correção feita, a promoção continua valendo. Quem me conseguir esse livro, recebe imensa gratidão!
domingo, 21 de janeiro de 2007
ALTER-NANDO LEITURAS
O blog tá com um déficit de dois textos. Vou tentar compensá-lo na semana que vem. Laís Flores, minha companheira de aventuras virtuais e de empreendimentos escuso-espiritualistas (O Inferninho Astral e Virtual do Pai Fer-Nando de Ogum e da Mãe Lalaiá de Oxum), me propôs o desafio de escrever sobre 5 besteiras que eu gosto. E eu topei. O problema é definir quais são elas. Mas, a semana será movimentada por aqui.
Mas, não é por causa do meu atraso que eu deixaria essa casa sem a leitura diferente de pessoas que eu gosto. Hoje, deveríamos ter um poema de um amigo que havia me prometido, há quinze dias atrás, que escreveria. Mas, ele está apaixonado e "morando" no condomínio que a namorada dele está veraneando, então... nada feito...
Felizmente, a autora desse texto que vai abaixo, me enviou um e-mail essa semana. Um e-mail que me deixou extremamente grato, porque poderia ter sido mandado para outras pessoas, mas, veio prá mim. E depois, voltou. E ela disse que era responsabilidade minha, o que faria com ele. E eu assumo. Porque gostei bastante.
Ela não tem blog, mas, bem que poderia ter um.
Com a palavra, Débora:
Queria fugir sem deixar de estar aqui
Queria ficar, mas meus pés me levam a outro lugar
Um lugar onde eu não sei se quero chegar
Ou me perder pra sempre na estrada
Quem sabe achar um atalho que me leve ao ponto de partida, porque agora eu não quero ficar.
Quero voltar. Recuperar o tempo perdido, o tempo vivido, o tempo absorvido.
Quero acordar desse sono anestésico. Onde tudo era possível. Onde eu gritava: “eu posso voar”, “eu posso fugir”, “eu posso ser fraca”, “posso ser eu”.
Quero achar uma razão para a corrida. Não quero as medalhas, quero as manchas de asfalto no meu sapato velho.
Quero o beijo do amado ao final, quando a faixa estiver no chão e o trio vitorioso estiver com as mãos erguidas e pescoços baixos.
Quero estar de cabeça erguida. Levantando a vista para um horizonte que não me deixa ficar.
Não me deixa voltar, Só me deixa querer!
sexta-feira, 19 de janeiro de 2007
Sobre: FUTEBOL NÃO SE DISCUTE
Gosto tanto de futebol que quase choro, hoje, com o Editorial de um jornal aqui da província, falando sobre a possibilidade de diálogo entre os dirigentes dos dois maiores rivais do futebol estadual (América e ABC) para que um use o estádio do outro, enquanto o estádio público está passando por reformas.
Infelizmente (ou felizmente, não sei), as discussões acabaram não evoluindo, e o meu América vai mandar jogos em Mossoró, cerca de 400 km de Natal. E eu não verei nenhum dos jogos. Esse ano eu queria participar de tudo. Mas, não vou nem prá Mossoró nem prá João Pessoa ver o América jogando.
De toda forma, acho futebol lindo. E paixão também. Torcedor apaixonado é uma das coisas mais lindas que a cultura nacional produz. É claro que, quando falo em torcedor apaixonado, não estou me referindo aos vândalos que usam cores de times de futebol para se digladiarem. Esses são criminosos. Esses, pelo mal que causam a tantas famílias (a deles, inclusive) deveriam ser tratados como tal.
A paixão pelo futebol é o que move o texto anterior. É claro que trata-se de uma paixão irreal e exagerada. O texto foi escrito durante a Copa passada e, nessas épocas, tudo o que se fala sobre futebol nesse país tem que ser hiperbólico. E é meio que um conto de humor negro. Ele acaba me lembrando um conto maravilhoso que li quando tinha 13 anos de idade e nunca mais o vi (se alguém o encontrar e me der de presente, ganhará muita gratidão). Chama-se "Depois do Funeral", de Lygia Fagundes Teles. Pelo que eu me lembro, "Depois..." nem é humor negro, mas, ainda assim, me lembrou. Hoje, enquanto tirava o cochilo revigorador da tarde, acabei sonhando (é... eu tenho cochilos produtivos) com uma piada de humor negro. E lembro claramente de ter pensado em utilizá-la em um texto. Miseravelmente, é a última lembrança que tenho da bendita piada. Não consigo, de maneira alguma, lembrar qual era ela. Ficaremos com a cruel dúvida.
Contei com as sugestões de dois amigos. Primeiro, Vítor, a quem eu pedi uma cara nova para o blog e que, possivelmente, nunca passou por aqui. Ele o leu e me devolveu com algumas sugestões de mudanças. Aceitei muitas delas e discordei de outras tantas. Foi aí que entrou a Laís. Ela também leu e disse que concordava comigo. Então, mudei algumas coisas e mantive outras.
Enquanto escrevia, pensava em duas pessoas. Duas pessoas que eu gostaria que o lessem: Soninha (aliás, uma das personagens nomeadas no conto levam o nome dela, de próposito) e Nando Reis. A Laís me disse que o Nando gostaria do texto se o lesse. Já foi suficiente.
Bom, se você é a Soninha ou o Nando Reis, por favor, diga o que você achou do conto. Se não é, diga assim mesmo. Já adorei o que escreveram sobre ele.
Abraços e até o próximo!
quarta-feira, 17 de janeiro de 2007
FUTEBOL NÃO SE DISCUTE!
Estavam falando sobre futebol. Claro, sobre o que mais? Em pleno período de Copa do Mundo, não parece haver outro assunto possível. Concordavam em quase tudo. Nem sabiam mais quantas já tinham bebido e o álcool não os deixava mais discordar um do outro. Mas, naquele momento, a conversa ficou tensa.
Um disse que o pior momento da sua vida tinha sido o gol do Caniggia na Copa de 90. E o outro discordou! O bar já estava em silêncio há algum tempo. Ninguém poderia perceber a tensão que foi gerada. Também não tinha ninguém no bar. Mas, quando o outro retrucou, o ar, de tão denso, poderia ter sido cortado, se houvesse uma faca na mesa. Felizmente, não havia. Houvesse uma faca, caro leitor, e a discussão poderia ter sido brusca e tragicamente terminada naquele momento.
- Não - disse o primeiro.
- Sim. Aquele gol matou o time do Zagallo.
- Sim.
- Peraí, sim ou não? Você tem que se decidir!
- Sim! Quer dizer, não! Você está querendo me confundir. O gol matou o time do Zagallo, mas, o gol do Caniggia foi muito pior. Não pode ter nada pior do que perder para a Argentina.
- Claro que existe. Sonhar que está beijando a sogra!
- Mas, a gente não tava falando de futebol?
- Ah, então sogra não ta valendo?
- Claro que não. A gente tá falando de Brasil e Argentina.
- Não. A gente tá falando do gol do Zidane.
E o clima esquentou mais ainda, daquela forma que só é possível num encontro entre os presidentes dos Estados Unidos e do Irã (e olhem que eu nem sei se no Irã tem presidente), ou entre o presidente de Israel e o líder da autoridade Palestina, ou entre um torcedor do América e do ABC.
- Pois eu poderia apostar que o gol do Caniggia foi pior.
- Feito. O que está em jogo?
- Isso é um problema. Dinheiro eu não tenho mais.
- Cerveja?
- A gente já pagou a conta!
- E o garçom nem percebeu que a gente não tinha o dinheiro todo.
Uma estrondosa risada cúmplice rompeu, momentaneamente, o clima gelado que havia se criado. Por pouco tempo.
- Eu poderia apostar a minha vida na sua como o gol do Zidane foi pior.
- Claro que não. Só um idiota apostaria sua própria vida por causa disso.
- Não se você tem tanta certeza que vai ganhar. Eu estou disposto. Mas, se você está com medo, tudo bem...
- Não – e relutou, mas, enfim, concordou - Eu topo.
- Muito bem. Aposta fechada.
Apertaram as mãos. Precisavam, agora, achar alguém que servisse de árbitro para a disputa.
- Eliomar – esse era o garçom – você pode vir aqui um instante?
- A gente vai fechar. Acabou a cerveja!
- Num é cerveja, não, Eliomar. Vem cá.
- O que que vocês querem?
- Eliomar, você tá assistindo a Copa?
- Tô sim – respondeu rápido, o garçom, sem deixar os bêbados falarem muito.
- Me diga uma coisa – começou o fã do Caniggia – qual foi o pior gol que o Brasil levou numa Copa: o do Caniggia em 90 ou o terceiro do Zidane em 98?
- O do Zidane, lógico!
- Ahá! – vibrou o fã do Zidane – Eu sabia. Muito bem. Vamos pagar a sua dívida.
Resignado, como só um bêbado pode ser, dada a falta de seriedade do assunto - quer dizer, a seriedade que faltava ao assunto quando ele começou. No fim das contas o problema, agora, era sério – levantou-se para cumprir a aposta.
Saíram do bar, discutindo como seria a melhor forma de pagar a aposta. Chegaram à conclusão de que a única forma possível seria dirigirem-se à ponte da cidade. De lá, o perdedor saltaria para encontrar o seu destino.
- E se a gente encontrasse alguma coisa errada na aposta? Algo que a tornasse inválida!
- Como o quê?
- Não sei. Mas, se a gente encontrasse?
- Bom, acho que, se a gente encontrasse, você não teria perdido a aposta, porque, nesse caso, ela não estaria valendo. Mas, a gente não vai encontrar. Eu nem vou ajudar a procurar.
- Por que não? Nós somos amigos ou não?
- Somos. Mas, você acha que eu esqueci aquele beijo que você deu na Silvinha no dia do gol do Zidane?
Silvinha havia se casado com ele. Mas, antes disso, tivera um rolo com o outro.
- Mas, vocês nem se conheciam – disse assustado o traidor.
- Não importa. Mulher de amigo tem que ser sagrada.
- Ela não era sua mulher!
A argumentação não pôde ser concluída. Eles chegaram à ponte. Desceram do carro. O fã do Caniggia foi caminhando em direção à borda.
- Espera – disse o outro.
Ele surpreendeu-se. Deve ter pensado que o outro o teria anistiado de sua derrota.
- Pega – e estendeu a mão – o escudo da camisa que você deu pra Silvinha. Eu carregava sempre, afinal, nunca se sabe quando vai ser necessário.
- Ah, obrigado – falou desconsolado. Apertaram as mãos – você é um grande cara – e as lágrimas quase rolavam-lhe pelo rosto.
- E você é um bom perdedor.
E não acrescentou mais nada.
O outro pensou em contestar novamente, mas, o álcool ainda não o deixava raciocinar direito. Voltou a andar em direção ao fim. Esperava ouvir a voz do amigo chamando-o de volta. Não ouviu. Ía pular quando lembrou de algo. Deu meia volta, mas desequilibrou-se. Não deu tempo de dizer.
O beijo tinha sido na Soninha. A irmã gêmea da Silvinha.
E, o terceiro gol do Zidane, como ele pensava, não poderia ter sido pior que o do Caniggia. Quem marcou o terceiro gol da França não foi o Zidane. Não deu tempo. Ainda assim, ele gritou. Gritou como quem comemora um gol. E morreu. Mas, morreu satisfeito. Não tinha apostado em vão. Morreu em vão, ainda assim.
Quase no carro, o outro ouviu um grito:
- Petiiiiiiiiiiiittttttttttttttttt!!!!!!!!
E lembrou. O gol tinha sido do Petit e não do Zidane. O Remorso ainda pensou em bater, mas lembrou:- Não... ele beijou a Silvinha. Ou teria sido a Soninha?
Sobre: ANTUNISÍACA
Bom... o nome da poesia mudou. Era "CICLO". Depois, virou "ANTUNISÍACA" numa clara referência à poesia de Arnaldo Antunes. Definitivamente, um dos meus preferidos.
Há muito tempo que quero experimentar algo assim e essa, ao contrário de outras caligrafias que estou fazendo, me veio tão naturalmente. Foi tão fácil fazê-la e eu gostei tanto do resultado, que não poderia deixar de publicá-la.
O melhor é ver as reações dos que comentaram. Na verdade, dessa vez, eu nem esperava reação nenhuma. Mas tive. Gente que, conforme prometeu, escreveu apenas "vi", só para eu saber que tinha lido. E gente que perguntou quem fez o desenho. Em tempo, quem o fez fui eu, mesmo - hahahahaha
Prá quem não sabia o que escrever, já escrevi demais!
Ainda hoje coloco texto novo por aqui!
Abraços.
segunda-feira, 15 de janeiro de 2007
domingo, 14 de janeiro de 2007
ALTER-NANDO LEITURAS
Já chega de suspense.
Com a palavra, Juliana:
SIM E NÃO
Eu pedi que parasse! Porque aquele era o limiar entre ser e ser distinto. Porque o corpo fala mais do que o verbo, porque ele teria o poder de transmutar as formas e os conteúdos de tudo que havia sido construído até então.
Eu pedi que falasse a verdade e me dissesse se era justo que meu corpo fosse assim violado pelo seu desejo, que esta alma fosse ferida e violentada pelos arroubos de sua paixão momentânea, porque toda sua lógica ultrapassava minha capacidade de permanecer sã.
Eu pedi que parasse, que soltasse os braços do enlaço que me envolvia que largasse minha boca silenciosa presa entre seus dentes e lábios e língua, expiração, inspiração ofegante, o nó fazendo-se ao redor de nós.
Eu pedia, enquanto suas mãos me suspendiam as coxas molhadas, que as secasse e não com sua saliva, não com seus dedos firmes, não com as marcas que deixava quando me forçava contra a parede e me explorava os contornos.
Eu implorava... que não penetrasse meu corpo porque era a fronteira exata entre a razão e o não-temer e que nada mais se escutaria a partir dali e nada mais faria sentido além do seu corpo que se tornava meu e que eu dizia não querer mais.
Eu chorava e gemia e cantava todas as canções de Chico: mulher bandida, vendida pelo amor mais barato, entregue ao desejo mais raso, relutante com força alguma, fraca de juízo, fraca de si mesma, distante de ser aceita.
Puta, vendida, vagabunda! Como eu implorava para perder-me ali e não mais voltar! Porque sua língua dava voltas em minha boca e sua saliva tomava o gosto do corpo inteiro que sua boca percorrera. Eu descobria meu gosto que sua boca sorvia e me entregava. Eu bebia do meu corpo, meu suor, meu gozo, meu desejo, meu cheiro, seu cheiro, sua água, sua certeza, seu instinto, sua vontade, seu sal, sua insanidade e eu me esquecia quem era eu quem era aquele corpo quem era minhasua vida que conseqüências que medos que anseios que putaquepariu é assim que eu quero!
E então a respiração se acalma... Eu olhava seus olhos com os meus olhos fechados e lhe dizia de lábios cerrados que esse desejo não se explica e que ir tão longe não é correto mas que meu deus por que tanto desejo e as marcas vermelhas em sua pele e seus pêlos espalhados em meu corpo e todo aquele calor que fazia às cinco da tarde... nada daquilo era normal...
E eu sentia pelo peito que arfava e elevava minha mão lenta e pesadamente que o dia terminava com gosto confuso na boca e com o corpo cansado e dolorido de amar assim, por alguns minutos, uma pessoa inteira, em cada detalhe e cada curva como se a vida fosse acabar ali mesmo e, não: tudo deveria estar no lugar errado.
E eu perguntava como eu me permitira ser tão de outrem, como eu deixara que me furtassem de mim mesma, me assaltassem, arma em punho, espada, lança, arma branca, pele branca, brancos olhos que guardavam aquela cor que me olhava mais profundamente do que me penetrava e me tivesse levado toda a razão que eu levara anos para construir.
Eu pedi que parasse e me beijasse novamente a boca e me abraçasse com calma, que eu dormisse no sonho e não mais voltasse, porque acordar só faria sentido se pudesse voltar à mesma viagem.
sábado, 13 de janeiro de 2007
Sobre: MEET MY BLUE MELANCHOLY
Escrevi "DESEJO" e, por coincidência, o chamei "rouge". Depois, "AMOR" e disse que ele era branco.
Por uma nova coincidência, encontrei o filme "A Igualdade é Branca". Nos filmes (Trois Couleurs: Blanc - Rouge - Bleu) cada cor é ligada a um dos ideais da Revolução Francesa. Eu nunca fui bom de Revolução Francesa, mas, sempre gostei da idéia dos filmes. Comprei e pensei que eu poderia completar a trilogia, assim como eles. Já tinha escrito o vermelho e o branco. Faltava o azul.
E ele me veio ouvindo Queen. Aliás, "MEET MY BLUE MELANCHOLY" foi escrito para a Nádia que, como eu, gosta da banda. A música é "My Melancholy Blues". Fiquei em dúvida se deveria colocar a letra ou não porque não encontrei uma tradução boa prá ela. Além disso, queria que o texto se bastasse. Creio que ele se basta, sim. Mas, a música era essencial.O personagem ouve a música e faz referência a ela. Ela precisava estar aí.
O melhor é que o azul que me faltava só me veio algum tempo depois. Passei a noite de ontem pensando sobre o texto. Já tinha decidido que a "melancolia" seria azul. Mas, ainda me faltava como eu iria ligar tudo. Do nada me vem a ligação "Blues - Blue". Uma simples inversão da ordem das palavras e pronto. Consegui a minha "Melancolia Azul".
O título também é uma citação da música. Os dois últimos versos da música dizem (quase) a mesma coisa.
Ainda tem Aristóteles e a "bílis negra". Não sei se deveria dizer isso, mas, a medicina antiga creditava a melancolia à liberação da bílis negra no organismo. Isso fazia o sujeito se sentir afundado em seus próprios pensamentos. Eu gostei disso. A Luci disse que eu "mato o morto", que a palavra final é sempre dele. Eu não tinha notado isso. Mas, gostei também!
Abraços a todos e preparem-se para amanhã (não... não dá prá ser ontem). Embora eu quisesse que ele estivesse aqui desde segunda passada. Mas, se colocasse, iria romper a estrutura que comecei a dar para o blog. Mas, vai valer à pena. Você hão de concordar comigo.
P.S.: MEET MY BLUE MELANCHOLY passa a ser o meu texto preferido desde ABRAÇO!
MEET MY BLUE MELANCHOLY
(Queen)
Another party's over
And I'm left cold sober
My baby left me for somebody new
I don't wanna talk about it
Want to forget about it
Wanna be intoxicated with that special brew
So come and get me
Let me
Get in that sinking feeling
That says my heart is on an all time low - So
Don't expect me
To behave perfectly
And wear that sunny smile
My guess is I'm in for a cloudy and overcast
Don't try and stop me
'Cos I'm heading for that stormy weather soon
I'm causing a mild sensationWith this new occupation
I'm permanently glued
To this extraordinary mood so now move over
Let me take over
With my melancholy blues
I'm causing a mild sensation
With this new occupation
I'm in the news
I'm just getting used to my new exposure
So come into my enclosure
And meet my
Melancholy blues
Afundado em meus próprios pensamentos lembro você. Finjo que não vejo nada ao meu redor e assim deve ser mais fácil me convencer que nada mais importa. Que tudo passou e que foi um erro pensar que não.
Afundo no sofá. Mais uma dose de gim. Você sempre me volta à cabeça. Você e o desgraçado com quem você se foi. Preciso beber mais. Preciso que o álcool substitua de uma vez por todas os meus pensamentos. Mas, não é tão simples. Beber é só o que eu faço desde o maldito dia em que tudo escureceu.
Já estou sentindo o estômago revirando. Uma nova dose da bílis negra é injetada em meu sistema digestório. Nenhum ser humano no mundo agüentaria tanto. Por que eu agüento? Por que eu não apago, simplesmente, e volto a acordar em um mundo onde você não exista. Onde não existam a lembrança de seus beijos rubros e de nossos passeios em dias claros? Onde não exista a azul lembrança da hora em que você me deu as costas.
Ligo o som. A voz do Mercury soa alto lembrando a cor da minha melancolia. Não há como fugir. Será que o Mercury era melancólico? Eu apostaria que sim. Aristóteles já se perguntou porque são melancólicos todos aqueles que se destacam na filosofia, na política, na poesia ou nas artes. E eu não sou nenhuma dessas drogas e estou aqui, prestes a me afundar na merda. Se, ao menos, fosse deixar um legado para a humanidade. Algo que faça o mundo lembrar de mim e de minha miserável existência. De onde foi que eu tirei essa citação de Aristóteles?
Preciso parar de beber nesse instante.
Quer saber? Você não vale à pena. Não vale tanto chorar. Não vale tanto penar. Não vale tanta escuridão.
Você já me deixou. Agora é minha vez. Eu vou te deixar.
Assim que acabar a garrafa e o disco do Queen.
Assim que esse dark blue deixar de turvar minha vista.
Enquanto isso, fica comigo e me dá prazer. Nem que seja só por uma noite. Nem que seja só na minha mente.
sexta-feira, 12 de janeiro de 2007
Sobre: SEM NOME
O momento inicial é marcado pela angústia. Qualquer angústia, quisera. Não a minha, nem a de ninguém em especial. Enquanto escrevia, era ela que me maltratava, sim. E a Regina está se saindo muito bem em mim - hahahaha - não sei se eu entendo tão bem sobre devastar a própria vida, embora, por vezes, tenha a certeza de que estou conseguindo.
Em seguida (sobe) os benditos. O mal-entendido desfeito e o perceber que se fez tempestade em copo d'água. Como escrevia mais acima, não sei se sou tão bom em devastar a minha vida. Mas, sou bom em me fazer sentir bem com coisas simples. Ju lembrou extremamente bem. As conversas no MSN, onde eu sempre rio. A minha felicidade não vem em cápsulas. Não estou no fundo do poço nem quando escrevo "malditos". Aliás, estou longe disso. A consciência de que tem muitos piores que eu, acaba me fazendo acreditar em minha felicidade. E faz a gangorra subir.
Ciclos. Insuportáveis ciclos que me fazem não saber o que pensar quando estou prá baixo.
Acabei devendo uma resposta a Rafael. O texto anterior tem como nome a frase que o vírus deixou no meu MSN por um motivo simples: o texto estava pronto, mas, não tinha título. Então, quando eu estava me preparando para postar, alguém falou comigo no Messenger e a mensagem acabou indo parar no texto do post. Tirei-a de lá e coloquei no título. Só isso. Aliás, eu fico constrangido quando Rafael escrve que o blog o denuncia. Primeiro, porque ele é extremamente inteligente. Depois, porque não há o que ser entendido. A não ser o que você quiser. Leia sem procurar. Não há, necessariamente, o que encontrar. Quando os mistérios deixam de existir, prá mim, a menos, as leituras tornam-se mais agradáveis. Mesmo quando eu não as entendo. Eu quase nunca entendo, de primeira, o que Hugo escreve, por exemplo. Ainda assim, acho ótimo lê-lo. Ele me faz pensar.
Atrasei mais cheguei.
Talvez o próximo texto seja de improviso, pois, ainda não tinha nada preparado para o blog, mas, se for, colocarei um que gosto muito, embora não tenha a menor relação com nada que está sendo escrito aqui ultimamente.
Abraço!
quarta-feira, 10 de janeiro de 2007
SEM NOME
Maldita seja a culpa que eu prometi a mim mesmo que jamais voltaria a sentiria. Maldito seja esse vazio angustiado que oprime meu peito por causa das coisas que disse. Maldita sensação de que, mesmo que me digam que está tudo bem, está tudo errado. E que a culpa é só minha!
Independente do que faça-fale as coisas sempre darão errado. E o responsável por isso sou sempre eu. Já fui chamado de Senhor Desastre... se quem me chamou soubesse como eu consigo devastar a minha própria vida com esses desastres, talvez tivesse repensado o apelido.
O que fazer quando você se sente tão miseravelmente capaz de afastar de você aqueles a quem você gosta, aqueles a quem você começa a gostar e aqueles que começam a gostar de você? Tudo parece tão bem. Tudo ia tão bem. Agora eu não sei mais. Eu ouço que está tudo bem. Mas, não consigo acreditar. Não consigo acreditar que meus ouvidos estão ouvindo certo.
A vida vivida sem culpa é muito melhor. Mas, como fazê-lo? Como conseguir essa utopia de vida dourada? Lerei todos os autores de auto-ajuda em busca da fórmula. Eu preciso encontrar o meu BLUNT OF JUDAH! Preciso, desesperadamente, do lugar onde eu possa encontrar a natureza, alegria e felicidade com certeza, andar despreocupado sem saber a hora de voltar. Gozar a liberdade de uma vida sem frescura.
Benditos aqueles que anunciam que tudo não passa de um mal entendido. Aqueles que trazem um pouco mais de tranqüilidade a este Vale de Lágrimas. E não é necessário estar em prantos para habitar o medonho Vale.
Benditos os que fazem crer que a vida não é ruim. Que, mesmo depois de feita a maior merda da sua vida (ainda que nem tenha sido), ainda é legal manter contato com as pessoas ao invés do isolamento em uma caverna, longe de tudo e de todos.
Benditos os que estão aqui em todos os momentos ruins. Os que percebem que, em determinados momentos, você parece meio deprê, meio “Renato Russo” (mesmo que você discorde visceralmente disso e não ouça “Vento no Litoral” sem achar idiota desde que tinha 16 anos de idade).
Benditos os que riem das piadas sem graça. Benditos os que dizem que casarão com você, quando vocês chegarem aos 45 ou daqui há 30. Benditos os que te pedem o que você não pode fazer só prá lhe contar alguma coisa. E acabam contando mesmo assim. E se surpreendem e guardam segredos depois, em defesa de seu próprio orgulho.
Se vocês vêm comigo, tudo isso tem valor. Pois o paraíso só vale com amor!
terça-feira, 9 de janeiro de 2007
Sobre: OLHA A COMUNIDADE QUE CRIARAO P VC ---->
Adorei! Primeiro porque eu queria ser poeta. Depois, porque eu não acho que consiga.
A primeira, pela Regina Silveira. Eu não a conheço e, impressionantemente, ela foi ao fundo da questão. Aqui está o que ela disse: "Esse poeta está inquieto... Acalma a alma,que as certezas baterão na tua porta.". Acalmar a alma. Esse é o problema. Mas, acho que consigo, na maioria das vezes. Ruim é quando ela resolve se inquietar de novo. Estou inquieto e, em parte, isso é bom. Tenho conseguido escrever como nunca. Tenho idéias como nunca. Mas, não saber nem se gosto do que escrevo, acaba me inquietando cada vez mais. Espero que você volte por aqui mais vezes. Já gostei de você!
A segunda, pela Clari. A Clari é uma daquelas pessoas em quem batemos o olho e nos apaixonamos. Mesmo que meus olhos nunca tenham caído nos dela. É um doce de pessoa. Por isso, acabo achando que ela me chamou de "poeta mais querido" por causa disso. Ela é suspeita. Mas, a sinceridade dela quando diz que sente minha inquietação é tão verdadeira que me faz sentir junto com ela. Sentimos os sentimentos um do outro. Quem é mais sentimental que eu?
Hugo, "a manhã"... eu gosto do jogo de palavras (com "amanhã"). Arnaldo Antunes faz muito isso. E eu estou numa fase de minha vida em que, se eu pudesse-conseguisse, tudo que eu faria seria ouvir-ler-escrever Arnaldo Antunes. A "novidade" perdura sem perdurar, e eu adoro quando você dá essas interpretações codificadas para as coisas que eu escrevo. Me faz pensar mais nelas que quando eu escrevo. É o filósofo dos meus escritos. Na próxima, deixe o link do seu blog prá gente poder visitar, porque eu não consegui pelo seu perfil.
Ju, se eu quero um abraço bem grandão? Definitivamente. Se bem, que, agora, eu já esteja bem mais tranqüilo que ontem. Mas, abraços não se desperdiçam. Quando são desses, bem grandões, muito menos. Eu não seio o que plantei. Em conseqüência, não sei o que colherei. Mas, deixa eu tentar ser feliz um dia de cada vez, né? Deixa eu me preocupar com a colheita na hora de colher.
Aliás, esperem novidades de tremer nas cadeiras para domingo. O segundo "Alter-Nando Leituras" vem com uma delícia com que fui regalado!
Luci, não paro porque sou teimoso e porque você está sempre aqui me mandando ir. Você notou que as citações do Reis foram feitas prá você? Enquanto você estiver viciada e passar por aqui, comentando, junto com os outros, eu continuo. Isso me faz mais perto de vocês.
Primeira vez que faço isso. Comentei todos os comentários do meu blog. Creio que essa é a melhor forma de fazer. Não estou escrevendo diário. Estou em uma débil tentativa de fazer literatura. Literatura é diálogo, de alguém que escreve com alguém que lê e pensa sobre o que lê. A possibilidade de ouvir o que pensam comigo, quando me lêem, me encanta no blog. Não tenho pretensão alguma. Mas, dialogar com quem me lê, completa um ciclo de leituras.
Obrigado por passarem por aqui. Por lerem e por comentarem.
Como já disse (hora do "marquetingue"), esperem por domingo!
segunda-feira, 8 de janeiro de 2007
OLHA A COMUNIDADE QUE CRIARAO P VC ----->
O sol, com seus raios que navega impune por todo o sistema denuncia que está amanhecendo. Que é hora de ir embora. Por que está amanhecendo, outro Nando já se perguntou. E ele mesmo deu a resposta: Não tem explicação.
Chegada a hora, não há como voltá-la. Mesmo que a ansiedade te mate-maltrate e a sensação de que nunca mais estarão juntos novamente faça crescer uma tua alma uma ferida tão dolorosa que poderia te prender a uma cama pelo resto dos teus dias. Acabou. É hora de ir. E eu só beijei seus lábios quando você se foi.
A falta do peso em minha boca faz a vida parecer menos colorida.
A conversa em qualquer momento e a lua encoberta no céu lembram que não é nada disso.
A cumplicidade, as mensagens no celular, a troca de confidências fazem nossa vida tão uma e tão nossa. Sentir a sua vida na minha e querer que sinta a minha vida na sua está de bom tamanho. A urgência do querer, em uma gangorra, sobe-e-desce-e-sobe... e o melhor: ela não maltrata. Ela gosta. E ri da tua cara quando parece que tá tudo bem. Um deslize e as palavras escritas parecem te dizer que "nunca mais", para depois te dizer "tudo bem". E não tá tudo bem porra nenhuma.
Estranhamente, não está. Mesmo querendo que esteja, mesmo sabendo que tem que estar. A novidade passou e, nesse momento, é o que menos importa. O que importa é estar bem. E me deixa agoniado é não saber. Não saber se estou bem. Me machuca saber que desagradei, mesmo querendo fazer uma brincadeira. Saber que perdi uma ótima oportunidade prá ficar com a boca fechada e que vou me lembrar para o resto da vida que não fiquei.
Não sei por que ainda estou escrevendo...
Acho que está na hora de parar!
domingo, 7 de janeiro de 2007
Alter-Nando Leituras
(Pablo Neruda)
Morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito, repetindo todos os dias os mesmos trajetos, quem não muda de marca, não se arrisca a vestir uma nova cor ou não conversa com quem não conhece.
Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru.
Morre lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o negro sobre o branco e os pontos sobre os “is” em detrimento de um redemoinho de emoções, justamente as que resgatam o brilho dos olhos, sorrisos dos bocejos, corações aos tropeços e sentimentos.
Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz com o seu trabalho, quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho, quem não se permite pelo menos uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos.
Morre lentamente quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música, quem não encontra graça em si mesmo.
Morre lentamente quem destrói o seu amor-próprio, quem não se deixa ajudar.
Morre lentamente, quem passa os dias queixando-se da sua má sorte ou da chuva incessante.
Morre lentamente, quem abandona um projeto antes de iniciá-lo, não pergunta sobre um assunto que desconhece ou não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe.
Evitemos a morte em doses suaves, recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior que o simples facto de respirar.
Somente a perseverança fará com que conquistemos um estágio esplêndido de felicidade.
P.S.: Para aqueles que se arriscam a ler no original (que é sempre mais interessante), aqui está!
sábado, 6 de janeiro de 2007
Sobre: AMOR
Foi o mais difícil de todos, porque não podia ser de qualquer forma.
Bom, preciso acrescentar uma coisa a ele:
"O AMOR é BRANCO!"
Sobre: ABRAÇO
(Isso me lembra, aliás, que tenho uma outra coisa, baseado em Arnaldo para colocar aqui. Mas, essa, eu preciso escanear)
ABRAÇO é o momento pós-DESEJO. Está colocado no lugar dele. DESEJO, pensar sobre o DESEJO e abraçar. Essa é a lógica e a ordem das coisas. É a hora da calmaria, da tranqüilidade. Mas, é a hora boa de perceber que há vida inteligente fora da Terra... ops... quer dizer, depois do desespero. É a hora mais doce. Vocês se olham nos olhos e, com um carinho que não existia, se abraçam. E é o ponto de partida para a amizade.
Escrever ABRAÇO foi um momento chave: escrever, nem sempre (prá não dizer "nunca") é fácil. Eu leio algumas coisas e algumas pessoas (por exemplo, essa aqui) que parecem escrever de olhos fechados. E tudo que sai é absolutamente maravilhoso. Prá mim, não. Eu escrevo por teimosia. Porque, é difícil. Acho que, se eu não tivesse escrito "ABRAÇO", e depois "AMOR", eu teria parado e não estaria escrevendo agora.
Agora, que eu passei dessa fase crítica, já tenho até a estrutura que eu quero dar ao meu blog. Quero escrever 3 textos por semana, outros 3 comentando esses textos e 1 para a parte que eu mais vou gostar de fazer: "Alternando Leituras". Vou trazer para compartilhar com os queridos que passam por aqui coisas que eu gosto de ler. Mas, o projeto mais ambicioso para essa parte, é que eu tentarei convencer certas pessoas a reescrever alguns dos textos que eu me mato prá escrever.
Ainda bem que eu tenho muitos amigos que passam por aqui e comentam meus escritos.
sexta-feira, 5 de janeiro de 2007
AMOR
(Claudinho e Buchecha)
“Avião sem asa
Fogueira sem brasa
Sou eu assim sem você
Futebol sem bola
Piu-piu sem Frajola
Sou eu assim sem você
Porque que é que tem que ser assim?
Se o meu desejo não tem fim
Eu te quero a todo instante
Nem mil auto-falantes
Vão poder falar por mim
Amor sem beijinho
Buchecha sem Claudinho
Sou eu assim sem você
Circo sem palhaço
Namoro sem amasso
Sou eu assim sem você
Tô louca pra te ver chegar
Tô louca pra te ter nas mãos
Deitar no teu abraço
Retomar o pedaço
Que falta no meu coração
Eu não existo longe de você
E a solidão é o meu pior castigo
Eu conto as horas pra poder te ver
Mas o relógio tá de mal comigo
Por quê? Por quê?
Neném sem chupeta
Romeu sem Julieta
Sou eu assim sem você
Carro sem estrada
Queijo sem goiabada
Sou eu assim sem você
Porque que é que tem que ser assim?
Se o meu desejo não tem fim
Eu te quero a todo instante
Nem mil auto-falantes
Vão poder falar por mim
Eu não existo longe de você
E a solidão é o meu pior castigo
Eu conto as horas pra poder te ver
Mas o relógio tá de mal comigo”
Desse amor que não se entende e que nasce sabe-se lá quando. Nasce ontem, nasce hoje, nasce amanhã. Sempre nascido e sempre vivido. Ele está sempre lá. Ausente do convívio, sobrevive com a força que só tem o mais verdadeiro amor.
O lanche juntos depois de tanto tempo. O mar. A luz da lua. A estrelinha caída do céu que nos faz rir. Tudo é tão especial. Contamos tudo. Ouvimos tudo. Dividimos sensações e percepções e pretensões. Estávamos lá. E os anos que não conversávamos pareciam nada.
A cumplicidade de sempre estava lá. Entendíamos exatamente o que queríamos saber. Sabíamos exatamente o que precisávamos contar. Contávamos exatamente o que completaria aqueles momentos.
Nessa hora, a chuva pode cair apenas para pausar o trânsito das palavras, um “mas” pode nos levar para outro destino, o mundo pode acabar. Nessa hora, o amor que nos prende é maior que qualquer coisa. É maior que a hora de voltar, que o compromisso do outro dia. É maior que o esquecimento da chave em casa ou que as chamadas preocupadas que atendemos.
Queria ter você como hoje. E queria sempre. Como foi. Estar nos quintais de casas queridas e, como crianças, brincar.
Não. Melhor não. Momentos bons não precisam ser diários ou cotidianos para serem únicos. Aliás, melhor que eles não sejam!
quarta-feira, 3 de janeiro de 2007
ABRAÇO
Recebo de ti, hoje, um abraço terno. Junto a ele, um lábio que, ao tocar o rosto, exibe o recém-nascido carinho. O fogo baixo permite perceber detalhes do fervente líqüido que antes deixamos passar. Vemos contornos e outras cores. Vemos o claro dos verdes olhos. Passado o abraço que abriu aspas, que extraiu da voz antes da boca aonde a mesma brasa ilesa siamesa dorme, permaneceu o agora que me abraça e que me abraça e que me abraça...
Envolvente e simples abraço que, justamente por isso ser, marca tão gravemente a alma do que o recebeu. E o faz esperar pelo próximo. O próximo abraço. Tento não ousar imaginá-lo. Tento não descrevê-lo em minha mente. Tento não querer que ele seja doce como o último ou vermelho como o anterior. Tento colocá-los na mesma mistura fervente de antes e depois baixar o fogo para tentar enxergá-lo melhor. Mesmo não querendo prever. Vejo.
Mas, quero. Novamente, o abraço se sentirá. Novamente, os braços estarão em volta do meu abraço. E o beijo carinhoso será sentido. Novamente estarei completo, instantaneamente, por causa desse abraço-momento.
Momento? Nada mais que isso.
terça-feira, 2 de janeiro de 2007
Sobre: DESEJO
O Rubro Blog nasceu da vontade de escrever coisas. Coisas de todas as naturezas, sem que houvesse, necessariamente, um elo entre elas. Até agora, com poucos textos, eu venho conseguindo. Um texto do Péricles Cavalcante, um sobre a execução de Saddam, outro sobre o ETA e DESEJO.
DESEJO é a resposta-síntese-análise de uma entrega total a um total impulso. Impulso "planejado", mas, ainda, impulso. Conversando e discutindo sobre o tema com Débora (minha amiga-Revelação 2005 e amiga secreta 2006 e namorada de Rafael), falamos sobre cores e sentimentos. A frase final do texto traz a expressão: "le désir est rouge". Originalmente, deveria ser: "la passion est rouge". Preferi trocar, para não gerar confusão entre "paixão" e "desejo", embora, para mim, as duas palavras tivessem quase que o mesmo significado.
Para Débora, o "desejo" é mais vermelho que a paixão. Para mim, dava no mesmo.
No fim, abaixo da expressão em francês, viria: "Para você!". E, inicialmente, assim o era. Até que eu percebi que não. DESEJO é para mim! Única e exclusivamente para mim. É a minha tradução do "você", mas, é para mim. E é bom que assim seja. O DESEJO não prende. Ele vem e ele vai. E acaba. E volta. E, se "você" estiver de novo!
No mais, me inspiraria saber que alguma pessoa que leu o texto gostou de algo, desgostou de outro tanto, concorda com minhas cores ou se descoloriria tudo.
Que sentimentos-sentidos-coisas com que cores? Cores de Frida Kahlo, cores de Almodovar. Nossas cores.
2007 feliz!
segunda-feira, 1 de janeiro de 2007
DESEJO
Dois que pouco se viram, tornam-se um. Não que sejam um. Mas, no momento, apenas um é o que importa. É ele que, ao sentir-se tentado sai de onde está, foge de onde não deveria e vai. Vai em busca do que precisa. Pouco importam os motivos. Ele quer. E ele vai. Assim que toca o telefone. O que é mesmo que ele quer? Nem ele sabe. Mas, assim mesmo busca.
Dois que tornam-se um em meio a “como é que eu faço” e “se não for rápido eu não consigo”. E é um. Um beijo que durou sabe deus quanto tempo. E ao fim daqueles intermináveis séculos de duração: “obrigado”. Que poderiam ser traduzidos por: “era justamente o que eu precisava”; “você acaba de me abrir os olhos para os meus desejos”; “estou acordado e todos dormem!”. Um beijo onde o desejo faiscava de um lado para o outro. Ainda que não saibamos se as faíscas voltavam. Mas, apenas um importava.
Duas bocas que apenas uma vez se encontraram. E, mais uma se acham. E mais se buscam. Línguas que deliciosa e vigorosamente deslizam uma sobre a outra. E se atacam. E saboreiam o gosto das salivas que se misturam e que, “normalmente, comumente, fatalmente, felizmente, displicentemente”, não mais se distinguem. Línguas que parecem conhecer a outra de cor e salteado. E se acariciam. Exatamente como deve ser. Como se elas tivessem nascido com o único objetivo de saciar os desejos de seus donos. Deslizam pelos lábios como que a tentar cicatrizar o pedaço deles que, deliciosamente foi arrancado pelos dentes.
Duas mãos que exploram o outro corpo. E o puxam para perto e mais perto. E o trazem para que sejam um. Exploram cada centímetro da alva pele. Querem conhecer cada mínimo pêlo. Nádegas, barriga, peito, axila, rosto, cabelo, o tempo. Ele é curto. Não dá. E puxam mais uma vez. Tentam, desesperadamente, provocar a impossível fusão. Não é possível que precise parar.
Mas, precisava. E parou. Ao som de: “se não fosse hoje não seria nunca mais” e “que bom que foi hoje” e de risadinhas ao pé do ouvido tão gostosas de se ouvir quanto as respirações mais apressadas do beijo. O peso dos lábios, que tão fortemente se queriam, permanecem. E permanecerão, possivelmente, até que, novamente os lábios se encontrem e as línguas se busquem e os dentes mordam os lábios e as mãos se descontrolem...Talvez não se encontrem novamente. Continuará o desejo? Talvez sim. Talvez não. O que é certo, caro leitor, é que, enquanto persistir, será colorido.
Porque, como diriam os franceses “le désir est rouge”!