"abraça o meu abraço e abre aspas e couraça e casaca e roupa até o polpa o nervo a voz antes da boca aonde a mesma brasa ilesa siamesa dorme acesa embaixo dágua abraça o breu do meu abraço e sua o seu no meu suor na nossa massa mancha que absorve engole goma o seio soma o seu no meio meu aberto peito perto alcança o céu no vôo cego que amalgama à nossa sombra a escuridão que orbita em volta cruza a curva de um contorno que devolve ao mesmo a sua carne pele em forma líquida abraçada nesse agora que me abraça e que me abraça e que me abraça e que me abraça..." (Arnaldo Antunes)
Recebo de ti, hoje, um abraço terno. Junto a ele, um lábio que, ao tocar o rosto, exibe o recém-nascido carinho. O fogo baixo permite perceber detalhes do fervente líqüido que antes deixamos passar. Vemos contornos e outras cores. Vemos o claro dos verdes olhos. Passado o abraço que abriu aspas, que extraiu da voz antes da boca aonde a mesma brasa ilesa siamesa dorme, permaneceu o agora que me abraça e que me abraça e que me abraça...
Envolvente e simples abraço que, justamente por isso ser, marca tão gravemente a alma do que o recebeu. E o faz esperar pelo próximo. O próximo abraço. Tento não ousar imaginá-lo. Tento não descrevê-lo em minha mente. Tento não querer que ele seja doce como o último ou vermelho como o anterior. Tento colocá-los na mesma mistura fervente de antes e depois baixar o fogo para tentar enxergá-lo melhor. Mesmo não querendo prever. Vejo.
Mas, quero. Novamente, o abraço se sentirá. Novamente, os braços estarão em volta do meu abraço. E o beijo carinhoso será sentido. Novamente estarei completo, instantaneamente, por causa desse abraço-momento.
Momento? Nada mais que isso.
quarta-feira, 3 de janeiro de 2007
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6 comentários:
Aaa sim, abraços e muitos abraços emocionados...
Eles são eternos segundo alguém, que veio a mencionar em alguma conversa q eu não estava a participar, como sempre, e acabei absorvendo a informação...
Momentos sim, mas isso é relativo! E pode render muita conversa também!
A vida é feita de momentos. Conhece o clichê?
Clichês são válidos, mas, geralmente, embebidos de preconceitos: senso comum, dito popular - nada elaborado filosoficamente... Mas a experiência condensa o verso pleno de paixão e gozo de quem viveu anos e anos de momentos e sabe a riqueza de cada um deles.
Abraços podem despertar amores, podem enterrar paixões, podem mentir muito pouco e trazer à tona milhares de verdades. Abraços revelam, como o beijo, o íntimo "que os olhos não conseguem enxergar".
Penso e passo
"Quando penso que uma palavra
Pode mudar tudo
Não fico mudo
Mudo
Quando penso que um passo
Descobre o mundo
Não paro passo
Passo
E assim que passo e mudo
Um novo mundo nasce
Na palavra que penso."
(ALICE RUIZ)
Fê, q bom poder ler o que esta cabecinha pensa...Tu tem futuro, meninoooo!!! Adorei tudo que li!!
Maaaas... não tá faltando umas fotos, uma corzinha, uns templates...hehehe
Amo-te
Também sou um pseudo-alfabetizado. Mas não um qualquer. Um diplomado, impaciente.Mas não um inofensivo. Um que odeia tudo o que não entende. E esse blog me dedurou. (Ao menos agora sabemos que tem olhos verdes).
Vou escrever aqui, para tentar fazer login... ai, meu saco!
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